Era bolsonarista pode terminar antes de começar
- Opinión
Escândalos, incompetências e riscos ao país são motivos que alimentam as conjecturas sobre o encurtamento do prazo de validade do Bolsonaro.
O escândalo do assessor Fabrício Queiroz removeu o véu da falsa moralidade e colocou Bolsonaro diante de uma crise cuja complexidade supera extraordinariamente a capacidade cognitiva, política e mental dele se desempenhar de modo lógico e convincente.
Os membros do clã bolsonarista, costumeiramente loquazes e agressivos nas mídias sociais, pronunciam-se acerca do caso com rara parcimônia e economia de palavras. Ao invés de esclarecerem o escândalo, adicionam mais contradições.
Enquanto o filho Flávio dizia estar com a “consciência tranquila”, e que “cabe ao meu ex-assessor prestar os esclarecimentos”, o irmão Eduardo antecipou-se às explicações de Queiroz, que nunca chegam, para sustentar que “amizade e política se misturam”. Ele reforçou o que já se sabia: a política é o grande negócio do clã, que amealhou riqueza e patrimônio milionário por meio de mandatos parlamentares.
Já o pai dos “garotos” e chefe do clã anunciou que Queiroz “vai dar as explicações”. Ao se pronunciar em nome do Queiroz, assumiu-se no papel de porta-voz do assessor do filho. O MP, PF e judiciário, em vista disso, deveriam averiguar se está havendo montagem de versão e obstrução das investigações, o que seria motivo para a prisão dos autores.
Com a versão do suposto empréstimo não documentado e não declarado no imposto de renda, Bolsonaro foi tragado para o epicentro do escândalo; passou recibo do protagonismo no esquema.
Enquanto só os Bolsonaro se manifestam, Queiroz, filhas & esposa andam sumidos e imunes ao escrutínio da imprensa e dos órgãos de investigação. No Xadrez do COAF, Luis Nassif aporta informações relevantes para o bom entendimento da falcatrua a respeito da qual Sérgio Moro permanece em cúmplice silêncio.
O envolvimento também de Onyx Lorenzoni e Paulo Guedes em outras investigações agrava as dificuldades políticas do presidente eleito [Onyx poderá cair antes do governo começar].
As Forças Armadas não estão indiferentes a essa realidade. Sabem que a legitimidade dos militares perante a sociedade está atada ao desempenho e à imagem do Bolsonaro.
Sempre que pode, o vice Mourão marca diferença com Moro e Bolsonaro. O general enquadrou o capitão nos 2 escândalos. Quanto a Onyx, ele entende que “uma vez que seja comprovado que houve a ilicitude, é óbvio que ele [Onyx] terá que se retirar do governo” – vale lembrar que o próprio Onyx confessou a prática ilícita.
A respeito de Fabrício Queiroz, Mourão foi enfático: “ele precisa explicar a origem do R$ 1,2 milhão que movimentou entre 2016 e 2017”.
Por ora, ainda é difícil saber se [e desde quando] os militares planejaram e articularam ocupar espaços de poder, ou se se sentem obrigados a fazê-lo para compensar as falências e idiossincrasias do Bolsonaro.
A “era bolsonarista” poderá acabar antes de iniciar. O general Mourão já admitiu que “na hipótese de anarquia, pode haver ‘autogolpe’ do presidente com apoio das FFAA”. Há quem especule que o 20 de janeiro de 2019 – dia da cirurgia do Bolsonaro – poderá marcar o início de uma “nova era” do regime de exceção.
10 de dezembro de 2018
https://jefersonmiola.wordpress.com/2018/12/10/era-bolsonarista-pode-terminar-antes-de-comecar/
Del mismo autor
- Impunidade mostra que tortura e crimes contra a humanidade compensam 10/03/2022
- Guerra por procuração, escudos humanos e os riscos de uma guerra de guerrilhas na Ucrânia 04/03/2022
- A expansão da OTAN como origem da crise 03/03/2022
- China propõe agenda para a solução política e diplomática do conflito 02/03/2022
- Putin age como Pedro o Grande, Lênin e Biden agiriam 25/02/2022
- A estratégia de Putin e a agonia do poder imperial e unipolar dos EUA 23/02/2022
- O “direito ao nazismo”, segundo o libertarianismo 10/02/2022
- A mensagem da cúpula militar aos ministros do STF e ao país 09/02/2022
- A eleição em Portugal e a federação partidária no Brasil 31/01/2022
- Crise militar é real ou é fabricada pelo próprio partido dos generais? 11/01/2022
Clasificado en
Clasificado en:
Corrupción
- Robert Berrouët-Oriol 31/03/2022
- Robert Berrouët-Oriol 29/03/2022
- Sergio Ferrari 20/12/2021
- Rosalinda Hernández Alarcón 30/07/2021
- Juraima Almeida 14/07/2021