A técnica nazista de transformar mentiras em verdades
- Opinión
Métodos de comunicação nazista (Goebels) estabeleciam que uma mentira repetida várias vezes como técnica de propaganda tornava-se uma verdade para a opinião pública. Quando Henrique Meirelles fala que o rombo orçamentário de R$ 159 bilhões neste ano é culpa do déficit da Previdência, estamos diante de uma mentira que, graças à repetição pela grande mídia e principalmente pela Tevê Globo, transforma-se numa verdade definitiva.
O papel da mídia nesse processo é fundamental. No caso da Previdência ela não apenas tem deformado a notícia como esconde informações relevantes. Para os que tem dúvida sobre esse comportamento nazista basta observar o resultado do inquérito no Congresso sobre a situação do sistema previdenciário. A comissão mista de parlamentares que examinou o assunto confirmou que a Previdência é superavitária. A Globo ignorou o tema.
As técnicas de transformar mentiras em verdades não são exclusivas de Meirelles. Elas tem propósitos ocultos, tendo-se tornado uma marca de todo o Governo. Michel Temer transformou evidências de propinas para ele, rastreadas publicamente pela polícia, num ataque pessoal pelo Procurador Geral da República. Repetiu essa defesa várias vezes, comprou parlamentares para lhe dar uma aparência de razão e instaurou a dúvida em alguns.
Entretanto, como é necessário fazer em investigações policiais, é preciso encontrar a motivação da mentira. E isso não é nada difícil. Se não ficar provado que a Previdência tem um grande déficit, não há como justificar sua privatização em favor do sistema financeiro, o verdadeiro objetivo oculto da mentira. Mais do que isso: repetir sem parar que o setor público está quebrado é fundamental para justificar a privatização generalizada de estatais, dos bancos públicos e da Petrobrás.
A verdade encoberta pela mentira é que o Governo Temer tem como prioridade absoluta, além de evitar a cadeia para o Presidente e os ministros acusados de receber propinas, a redução no limite do espaço do setor público para ampliar o espaço, o lucro e o patrimônio do setor privado, mesmo que seja a expensas de áreas estratégicas. Para isso é preciso assegurar, de forma genérica, que o setor público é ineficiente, mal administrado e deficitário.
Num país em que o Presidente, o líder do Governo no Senado e os dois principais ministros do Planalto estão sendo acusados de corrupção aberta e descarada, colocar em pauta dezenas de privatizações, notadamente as hidrelétricas, é altamente suspeito. Será que vão continuar a roubar? Será que estão tão empenhados com os leilões porque já acertaram receber algum dinheiro por conta? Ora, se Temer é ladrão, tudo pode se esperar do Governo!
- Jose Carlos de Assis é economista, doutor em Engenharia de Produção pela Coppe-UFRJ, professor de Economia Internacional da UEPB
6 de Novembro de 2017
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