O PT e a ilusão do “menos pior” da canalhada golpista
A política no Brasil só não alcançou o fundo do poço porque a canalhada golpista sempre pode lançar mão de algum truque ainda mais baixo.
- Opinión
A política no Brasil só não alcançou o fundo do poço porque a canalhada golpista sempre pode lançar mão de algum truque ainda mais baixo.
Vale recordar que aos olhos do mundo, a sessão de votação do impeachment na Câmara dos Deputados foi considerada “uma assembléia geral de bandidos comandada por um bandido chamado Eduardo Cunha”.
É vergonhoso anotar que, em pleno século 21, a Câmara dos Deputados da sétima economia planetária escolheu entre Rodrigo Maia e Rogério Rosso o sucessor do gângster psicopata Eduardo Cunha.
Os dois políticos representam a ressurreição do Brasil arcaico, oligárquico, reacionário; expressam os retrocessos, a ruptura democrática, a corrupção, a tortura, o estatuto da família, a homofobia, a criminalização do aborto.
Os dois são políticos feitos à imagem e semelhança de Cunha e Temer. No último período, eles conquistaram a projeção que lhes posicionou competitivamente para disputar a presidência do legislativo com o papel que desempenharam na farsa do impeachment da Presidente Dilma.
O PT, ao invés de fortalecer o campo democrático-popular representado nas candidaturas de Erundina [PSOL] e Orlando Silva [PCdoB], preferiu a falsa premissa do “menos pior”, decidindo apoiar Maia para detonar o chamado “centrão”, personificado na figura de Rogério Rosso.
O “centrão” foi o esquema partidário de poder e de chantagem parlamentar montado por Cunha para ajudar Temer a derrubar a Presidente Dilma. O “centrão” é uma verdadeira excrescência, é uma ofensa à democracia.
A responsabilidade de acabar com o “centrão”, porém, é dos conspiradores Temer, Padilha, Moreira Franco e seus sócios golpistas [PMDB, PSDB, DEM, PPS, PTB], que deram vida ao “centrão” e sempre blindaram o jagunço-mor deste ajuntamento, o multi-réu Eduardo Cunha.
É necessário lembrar que Temer e Padilha usaram a confiança neles depositada pela Presidente Dilma na articulação política para desestabilizar o governo desde dentro, e para tramar o golpe com Cunha e seu “centrão”.
O PT deve, por isso, explicações sobre seu posicionamento, que gerou perplexidade e enorme indignação na base partidária e social. Se for dominado pelo “cretinismo parlamentar” e ficar alheio à realidade de radicalização democrática das ruas, o PT será condenado à intranscendência história.
Este não é um tempo de cordialidade parlamentar. O bom-mocismo, a “boa convivência”, o “tapinha nos ombros” e outros gestos cínicos do convívio parlamentar, são conveniências para a narrativa golpista do “funcionamento normal das instituições”.
Na canalhada golpista, não existe o “menos pior”. Todos eles são igualmente nefastos para a democracia. Onde eles estiverem, os democratas e a esquerda devem estar no lado oposto, denunciando-os e escrachando-os permanentemente. Agir assim é estar em sintonia com o sentimento radicalizado das ruas, que não transige na defesa da Constituição e do Estado Democrático de Direito.
A resistência democrática não dá trégua aos golpistas. Não é razoável, portanto, que eles tenham trégua no Parlamento – ali é, inclusive, o lugar onde concretizam os objetivos fundamentais do golpe, aprovando leis e medidas anti-populares e anti-nacionais.
Os golpistas não podem ter sossego um minuto sequer, e jamais devem ser apoiados – o caminho histórico da esquerda, dos progressistas e dos democratas está a anos-luz de distância da trilha percorrida pelos golpistas.
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