O real dossiê Cayman de FHC
- Opinión
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo hoje (18), a ex-namorada de Fernando Henrique Cardoso Mirian Dutra, ex-jornalista da TV Globo, revelou que: no dia 16 de dezembro de 2002, a offshore Eurotrade Ltd., sediada no paraíso fiscal das Ilhas Caymam, fez um contrato de fachada com a então jornalista da TV Globo Miriam Dutra para pagar a ela US$ 3.000 mensais; e que a Eurotrade Ltd. era controlada pelo grupo Brasif, do empresário Jonas Barcellos, do qual foi vice-presidente Jorge Bornhausen (ex-senador de Santa Catarina pelo PFL, hoje DEM).
Mirian disse que recebeu o dinheiro, mas não prestou serviço nenhum. Disse que o contrato era apenas um meio de FHC complementar a renda que ela recebia da TV Globo para ficar em Barcelona em silêncio. Ela conta que a TV Globo também a remunerou para não fazer serviço nenhum durante dez anos. Disse que o contrato com a Globo a proibia de aparecer ou falar a qualquer outro veículo de comunicação, garantindo o silêncio. Mas no fim de 2002, a Globo havia diminuído o pagamento dela para US$ 4.000 por mês. Lembremos que o Grupo Globo estava em dificuldades financeiras e não conseguia pagar suas dívidas nos Estados Unidos nesta época.
Mirian diz que o dinheiro da offshore era, na verdade, para pagar as despesas do filho que FHC julgava ser dele, fora do casamento. Uma pensão camuflada. FHC não registrou o filho e fazia questão de manter o assunto em segredo.
Ela ainda diz que, após dois anos do contrato com a offshore, conversou com FHC: “Ele me contou que depositou US$ 100 mil na conta da Brasif no exterior, para a empresa fazer o contrato e ir me pagando por mês, como um contrato normal. O dinheiro não saiu dos cofres da Brasif e sim do bolso do FHC”.
Em dezembro de 2002, FHC ainda era presidente e não dava palestras. Se é verdade que ele tinha pelo menos US$ 100 mil no exterior, qual a origem de tal dinheiro? E foi declarado à Receita e ao Banco Central?
O dono da Brasif Jonas Barcellos confirmou ter havido o acerto com Mirian Dutra, mas diz não se lembrar de detalhes.
FHC deu uma resposta evasiva, parecida com aquelas do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) antes do flagrante na Suíça.
Mas o tucano Fernando Henrique Cardoso admite ter contas no exterior, em Miami e em Nova York, no Banco do Brasil, e no Novo Banco, em Madri. Admite também ter enviado dinheiro ao filho de Mirian Dutra, inclusive € 200 mil recentemente para o “filho” comprar um apartamento em Barcelona. “Nenhuma outra empresa, salvas as bancárias já referidas, foi utilizada por mim para fazer esses pagamentos”, afirma o ex-presidente tucano, sem citar diretamente a offshore em Cayman.
Reprodução/FSP
Contrato para remuneração de Mirian, por empresa com sede nas Ilhas Cayman, por serviços não prestados
FHC esqueceu de informar pelo menos uma conta no exterior que ele teve no passado, no Chemical Bank, de Nova York.
A última declaração de bens do ex-presidente divulgada publicamente foi nas eleições de 1998. O ex-presidente declarou ter em 31 de dezembro de 1997 US$ 20.016,97 no Chemical Bank e US$ 3.145,73 na agência de Nova York do Banco do Brasil.
Mirian, talvez querendo insinuar alguma coisa da qual autoridades brasileiras devam tomar conhecimento, pergunta na entrevista: “Por que ninguém nunca investigou as contas que o Fernando Henrique tem aqui fora?”.
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