Jimmy Morales: o cômico (se não fosse trágico) na Guatemala

09/11/2015
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Em um de seus filmes mais famosos, Jimmy Morales, humorista guatemalteco, interpreta um sujeito ingênuo e bem-intencionado, que por reviravoltas na política, se torna presidente da república. Na vida real, Jimmy Morales, humorista guatemalteco, nada ingênuo e tão pouco bem-intencionado, por reviravoltas na política, se tornou o mais novo presidente da república centro-americana. Para uns, é a vida imitando a arte. Para outros, o resultado do triste sistema político guatemalteco, que tem passado por grandes provações nos últimos tempos.

 

A Guatemala aparece nos jornais do mundo em duas situações: desastres naturais (como as centenas de mortos nos deslizamentos de terra em Santa Catarina Pinula) ou problemas políticos. Nesse último caso, as grandes manifestações que depuseram o ex-presidente Otto Pérez Molina – acusado de corrupção – colocaram em destaque a situação da Guatemala. Porém, é preciso ir mais profundamente na análise para compreender como um movimento popular que promove a queda de um presidente resulta na eleição de um humorista com conexões escusas para o posto de principal mandatário do país.

 

A queda de Otto Pérez Molina e o esquema La Línea: aparência.

 

A situação política na Guatemala se complexificou a partir dos escândalos de corrupção denunciados pela CICIG (Comisión Internacional Contra la Impunidad en Guatemala) e o Ministério Público local. A CICIG é uma comissão prevista pelos Acordos de Paz firmados na Guatemala em 1996 (que ao menos oficialmente pôs fim a 36 anos de guerra entre exército e forças insurgentes).

 

No esquema de corrupção denunciado, uma estrutura chamada La Línea operava permitindo a sonegação de impostos das importações através do pagamento de subornos por parte de empresários. Os volumes sonegados são imensos, já que a Guatemala é um país altamente dependente de importações. Otto Pérez Molina e Roxana Baldetti (sua vice) seriam as figuras centrais do esquema, os chefes máximos, recebendo cerca de 50% de todos os subornos obtidos nas diferentes alfândegas do país.

 

As denúncias aumentaram a insatisfação popular com o já debilitado sistema político guatemalteco, e desataram manifestações exigindo punição de todos aos responsáveis por La Línea. Como avanço das investigações (com a divulgação de gravações telefônicas tratando das negociatas do esquema), Roxana Baldetti renunciou (maio) e foi presa (agosto), sob acusação de associação ilícita, suborno e fraude, sendo enviada ao presídio feminino de Santa Teresa. Outros cinco ministros do governo renunciam, após comprovação de envolvimento com La Línea.

 

* Documento completo em PDF

 

- Fabetz - Coletivo de Relações Internacionais (CRI), do MST, Brasil.

https://www.alainet.org/pt/articulo/173495?language=en
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