A reforma ministerial e o comportamento de manada nas redes sociais
- Opinión
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Dilma anuncia Levy: “O governo acabou antes de começar!”. Dilma anuncia Juca Ferreira: “Dilmãe!”. Cunha derruba Cid Gomes: “O governo acabou!”. Dilma anuncia Renato Janine Ribeiro na Educação: “Sensacional, valeu meu voto!”. Dilma tira Janine: “Nunca mais voto no PT!”.
O imediatismo, a ansiedade e a superficialidade das redes sociais produzem reações curiosas. Um mesmo grupo de pessoas oscila entre o amor e o ódio ao governo Dilma e seu partido ao sabor das manchetes dos UOLs da vida com uma facilidade tremenda.
Agora é a reforma ministerial. Deixemos de lado o juízo de valor sobre a política tradicional de troca de cargos por apoios. Esta forma de governar vigora no Brasil e no mundo há séculos, e foi a tônica do governo Dilma desde o começo --bem como de todos os seus antecessores.
O PMDB é governo eleito. Michel Temer apareceu na urna eletrônica de todos os que digitaram 13 e confirma. O partido já têm um enorme espaço na esplanada, ampliado agora. Difícil comemorar mas, sinceramente, não há nada de novo no front. É mais do mesmo.
No termômetro das redes sociais, contudo, o paciente está sempre com febre. Lá, novamente, o governo Dilma “acabou”. Deve ser a vigésima vez que o tribunal do Facebook decretou esta morte.
Chama a atenção também como mesmo os mais bem intencionados acreditem piamente em toda narrativa divulgada, por exemplo, numa Folha, O Globo ou Estadão. Os três, entre tantos outros, tem um claro viés anti-Dilma e anti-PT. Se opõem às políticas públicas inovadoras do prefeito Fernando Haddad em São Paulo e constroem manchetes a partir de offs misteriosos, invariavelmente desmentidos --como a suposta demissão por telefone de Arthur Chioro, da Saúde. A Folha chegou a montar uma “editoria de impeachment” informal, reforçando seu quadro de jornalistas em Brasília para noticiar a queda da Dilma... antes dela acontecer.
Aqui, novamente, falo sem juízo de valor. Estamos em um país livre, cada pessoa ou veículo de comunicação defende o que quiser. Mas impressiona como o pessoal dá tanta credibilidade a esta turma ao acreditar em todos os detalhes das tais notícias e corre para gritar nas redes sociais a cada novo post dessas empresas.
Quem é o secretário estadual?
Gostaria de lembrar ainda do conforto dos políticos não-filiados ao PT. O amigo leitor que mora em São Paulo sabe, por exemplo, o nome do secretário de Educação do estado?
Ele se chama Herman Jacobus Cornelis Voorwald. É engenheiro mecânico e está no cargo há quase 5 anos, desde janeiro de 2011, quando o tucano Geraldo Alckmin reassumiu o governo.
Quantas reportagens ou entrevistas você já leu sobre Herman Voorwald? Você já tinha sequer lido ou ouvido este nome?
Quantas análises sobre a forma pela qual ele foi conduzido ao cargo você já leu? Você sabe o que ele fez ou deixou de fazer, ou quais são suas políticas para os milhões de estudantes paulistas? E como anda o orçamento de sua pasta? O salário dos professores é bom?
A não ser que você seja um professor da rede estadual paulista, provavelmente não sabe a resposta. A imprensa não noticia ou investiga sequer o governador, quanto mais seus secretários. Os não-filiados ao PT seguem livres dos olhos das grandes empresas de comunicação e do tribunal do Facebook, fazendo e desfazendo à vontade.
Vamos qualificar mais o debate ou seguir agindo como manada?
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