Frente Nacional Popular e Democrática

02/07/2015
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A defesa das conquistas dos trabalhadores alcançadas nos últimos 12 anos, o respaldo ao governo Dilma Rousseff, não obstante abordagens críticas aos planos de ajuste econômico; e um objetivo claro de unir forças democráticas de forma a evitar que o país ceda a forças conservadoras e retroceda em avanços e conquistas históricas da jovem democracia brasileira. Esses foram os pontos comuns das falas que se sucederam durante o ato “Pró Frente Nacional Popular e Democrática” que lotou o auditório do 20º andar do Clube de Engenharia, no Rio de Janeiro, na noite do dia 29 de junho.

 

Movimento político não partidário, a Frente se propõe a reunir aqueles que lutam pela segurança institucional e aprofundamento da democracia, pela governança, pela recuperação da economia brasileira, pela defesa de nossa soberania e das riquezas nacionais, pela defesa dos interesses dos trabalhadores e assalariados em geral, e pelo desenvolvimento econômico com emprego e distribuição de renda.

 

Organizado pelos Clube de Engenharia do Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Estudos Políticos (IBEP), pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-americanos (CEBELA) e pelo Movimento de Defesa da Economia Nacional (MODECON), o evento foi aberto pelo presidente do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos-IBEP, professor Roberto Amaral, compondo uma mesa com o ex-governador do R.G. do Sul, Tarso Genro, com os presidentes do Clube de Engenharia, engenheiro Francis Boghossian, do CEBELA, professor Pedricto Rocha, e do MODECOM, professor Lincoln Penna; e com embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, o jurista Marcelo Lavenére, os deputados federais Glauber Braga (PSB/RJ) e Jandira Feghalli (PCdoB), o deputado estadual Wanderson (PSB), o vereador Leonel Brizola Neto, ao lado de lideranças sindicais e sociais, como representantes do MST e da “Consulta Popular”. Na abertura, Roberto Amaral, destacando a importância daquele encontro, dado o quadro que vive o país, saudou os presentes que ali estavam, registrando que os deputados Alexandre Molon e Wadih Damous ( PT/RJ ) e o senador Lindbergh Farias ( PT/RJ ) enviavam mensagens de apoio ao ato, ausentes uma vez que estariam em reunião em Brasília, na mesma hora. Também encaminhou mensagem de apoio e solidariedade o ex-senador Eduardo Suplicy, de São Paulo o ex-governador Claudio Lembro e os ex-ministros Luiz Carlos Bresser-Pereira e Celso Amorim.

 

 

Ato realizado em 29 de junho de 2015 no Clube de Engenharia do Rio de Janeiro

Ato realizado em 29 de junho de 2015 no Clube de Engenharia do Rio de Janeiro

 

Tarso Genro destacou que o país vive um desmonte da esfera política, da legitimidade dos partidos e um forte desgaste e dissolução do projeto democrático conquistado na Constituição de 1988. “Isso está claro na parcialidade da mídia e no cada vez mais evidente fascismo incrustado na cabeça de setores que têm patrocinado cenas de violência contra minorias e políticos. Tais cenas não são acidentes, mas compõem o caldo de uma cultura política de uma direita fascista que ascende no país”. O ex-governador apontou a necessidade de se costurar um programa democrático, progressista e transformador, inspirado nos ideais de justiça, igualdade e liberdade. Segundo ele, “esses valores estão sendo sucateados em todo mundo. O capital financeiro capturou os Estados e baixou a receita para destruir a esfera da política”.

 

A união de forças e a proposta de uma agenda objetiva também foram destacas pela deputada Jandira Feghalli. “Não se faz política sozinho e a criação de Frentes faz parte da nossa construção política. Uma frente pela defesa da economia nacional e da Petrobras é fundamental agora. Não podemos permitir a destruição da imagem da empresa e do seu papel no desenvolvimento nacional. É preciso enfrentar os pilares macroeconômicos, reduzir juros, taxar grandes fortunas e lutar por reformas estruturais, como o fim do financiamento de campanha por empresas e a regulação da comunicação”, declarou. Jandira também apontou a necessidade da luta contra o conservadorismo que tomou conta do Legislativo.

 

O deputado Glauber Rocha destacou que ainda há resistência na Câmara Federal, que os representantes progressistas no Congresso Nacional têm enfrentado grandes dificuldades, evidenciando a necessidade de uma frente popular. “Eu poderia citar a reversão que está sendo colocada para votação do Estatuto do Desarmamento ou a agenda já pronta para votação da modificação da demarcação das terras indígenas. Poderia falar que há poucas semanas não votamos a flexibilização da tortura por agentes de Estado porque, por poucos votos, conseguimos impedir aquela votação. Semanalmente temos enfrentado uma agenda que é preocupante para todo o Brasil, e precisamos reagir”, finalizou.

 

Dando prosseguimento ao ato, o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães ressalta a importância da formação da Frente, sobretudo porque “o governo federal encontra-se na defensiva, sendo levado à adoção de políticas que se rendem aos setores adversários; logo, podendo representar um retrocesso em relação aos avanços obtidos nos últimos governos”. Chama particular atenção para que “devamos evitar que se cometa erros na condução da economia nacional e no papel do Brasil na esfera regional e internacional”.

 

Com ênfase nas lutas recentes do povo brasileiro pela Democracia e na ‘Carta Constituinte de 1988’, Marcelo Lavenére dirige-se aos presentes. Afirma que a “democracia está em risco no Brasil”; que os meios de comunicação se encontram em poucas mãos, expressando os interesses de grupos poderosos que querem um retrocesso; que as conquistas materiais dos amplos segmentos da sociedade estão sob ameaça, e que só poderá existir garantias reais para a população nas condições de “aprofundamento de uma verdadeira democracia popular”.

 

 

FNPD-29 junho 2015

Ato realizado em 29 de junho de 2015 no Clube de Engenharia do Rio de Janeiro

 

Por fim, Roberto Amaral ao encerrar o Ato, e consolidando o caráter do evento – ao registrar que tal processo está ocorrendo em distintos estados brasileiros –, evoca o porquê de uma Frente Nacional Popular e Democrática; as circunstâncias históricas que, a exemplo do passado no Brasil, tornam necessárias uma organização como esta, hoje. Pois, como ontem, no presente, se coloca, mais uma vez, o necessário processo de formação da Frente popular como aquele instrumento que exigiu o fim do “Estado Novo”, que esteve à frente da campanha do “O petróleo é nosso”, na luta contra a ditadura militar, pela anistia e pelas “Diretas-já”. De uma Frente que seja a expressão do movimento social, dos sindicatos, que acolha os partidos políticos, e os setores liberais que acreditam no caminho da democracia. Diz que “este é o desafio frente ao povo brasileiro e que todos, num sentido de unidade, e acima de partidos políticos, temos de construir com a sociedade um projeto de país para avançar e lutar contra os retrocessos”. Diz Amaral que, “não obstante as críticas ao chamado ‘ajuste econômico’, há que apoiar o governo Dilma Rousseff”. Prossegue: “ e, por essa razão, é fundamental que a Frente formule suas críticas apontando qual seria o caminho a seguir, quais seriam suas proposições no campo político-econômico,” afirmando a necessidade de o movimento social formular sua alternativa ao ‘ajuste’. Lembra que cabe identificar o espírito da Frente como o que surgiu, de forma instintiva, espontânea e necessária naqueles poucos dias que antecederam ao segundo turno das eleições presidenciais; que sim formaram uma unidade popular silenciosa, e entre toda a esquerda e mesmo setores liberais; entre os que quiseram (e conseguiram ) evitar uma derrota para a reação, o conservadorismo e a direita, enfim.

 

Naquele auditório do Clube de Engenharia, entre parlamentares, entidades sindicais e associações de classe, intelectuais e acadêmicos, empresários, cientistas, juristas, jornalistas, advogados, estudantes e representantes da sociedade civil organizada foi então, no Rio de Janeiro, lançado o movimento pró Frente Nacional Popular e Democrática.

 

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