FSM 2005: pregar um mundo novo e praticá-lo

22/07/2004
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Consulta temática, já iniciada, abre preparação para 5º Fórum Social Mundial. Encontro será marcado pelo estímulo à ação comum, e por práticas solidária e não-capitalistas O Fórum Social Mundial defende, desde que surgiu, a possibilidade de um mundo novo, e a necessidade de buscar alternativas. Marcada novamente para Porto Alegre, em janeiro do próximo ano, a 5a. Edição do grande encontro internacional dos que lutam por outra ordem social trará duas novidades essenciais, que procuram ampliar o compromisso com a mudança e a prática concreta do que se prega. O Fórum continuará a reconhecer incondicionalmente a diversidade entre seus participantes - mas buscará estimular convergências e ações comuns entre eles. Além disso, adotará, em sua logística e organização, um conjunto de soluções que indicam a vontade de construir o novo desde agora, e a partir da vida quotidiana. A introdução de uma nova metodologia está ligada à consciência de que não basta anunciar a possibilidade de outro mundo: é preciso organizar as ações necessárias para construí-lo. Esta percepção foi se tornando mais nítida, entre os movimentos de todo o mundo, à medida em que os poderes mundiais – em especial, o Império norte-americano – mostraram-se insensíveis às reivindicações em favor de direitos, e mesmo às grandes marchas que pediam a paz. A nova sociedade só virá com consciência e mobilização das maiorias. Mas como exigir justiça, se estivermos dispersos ou descoordenados, diante dos que concentram as riquezas e o poder? Em 2005, o FSM continuará a respeitar sem ressalvas a autonomia das organizações que dele participam. Aquelas que desejarem poderão promover, isoladamente, oficinas e seminários. Mas haverá estímulo ativo às convergências. Movimentos que lutam, em diversas partes do mundo, por projetos semelhantes ou complementares, serão convidados a fazê-lo de modo conjunto. Busca-se evitar a pulverização. Em Fóruns anteriores, certos temas foram debatidos em até oito oficinas diferentes e desconexadas. Não seria mais enriquecedor aglutiná-las em uma ou duas atividades fortes, plurais, capazes de aprofundar a compreensão dos problemas e de desencadear ações concretas? As aglutinações serão feitas, em quase todos os casos, por iniciativa das próprias organizações inscritas. Ao contrário do que ocorreu até o IV FSM, será possível verificar instantaneamente, no próprio ato de inscrever uma atividade, que outras organizações estão propondo iniciativas semelhantes. O sistema de inscrições, que está sendo construído em software livre, informará sobre todas as oficinas e seminários inscritas sob o mesmo tema. Fornecerá nomes, telefones e endereços eletrônicos dos proponentes. Também serão formados grupos aglutinadores, para trabalhar sobre temas em que há tradicionalmente múltiplas atividades propostas: a luta pela paz ou por uma nova arquitetura financeira internacional, por exemplo. Formados pelas redes de movimentos que já trabalham tais temas, estes grupos procurarão propor conjuntos mais amplos de atividades: de oficinas e seminários a testemunhos, painéis de diálogo e controvérsias e conferências para milhares de pessoas. A programação final do FSM surgirá, em 2005, deste intenso processo de construção coletiva – à diferença dos anos anteriores, quando as "atividades centrais" dependiam de decisões do Conselho Internacional. A primeira fase do processo já começou. Uma Consulta Temática, que pode ser respondida até o próximo 30 de julho, busca aferir preliminarmente que temas cada organização considera prioritários, e quais pretende tratar em janeiro de 2005. A consulta está disponível em www.consultafsm.org.br. O processo de inscrições definitivas começa já em setembro. Em novembro, deverá estar pronta uma programação preliminar do V FSM – o que, em edições anteriores, ocorria apenas nas vésperas do próprio encontro. Mas há outras inovações importantes relacionadas com os espaços do fórum, com a sustentabilidade e o meio-ambiente, moeda social e com a economia popular solidária. De cara o evento não será mais na PUC cujo aluguel custava algumas centenas de milhares de dólares. O fórum está sendo organizado nos armazéns do cais do porto, no Gaszometro e em muitas tendas armadas ao longo da orla do rio Guaíba. Uma grande preocupação é com a sustentabilidade e o meio-ambiente. Neste sentido pretende-se levar adiante a proposta do "lixo zero". Haverá uma triagem dos resíduos recicláveis, o aproveitamento dos resíduos orgânicos, a reciclagem dos papéis, campanha de economia de água, consumo de produtos sustentáveis e a realização de feiras ecológicas. Será feita uma campanha de não-comercialização e de boicote aos produtos das linhas Coca-Cola, Pepsi-Cola que são o símbolo das produções das grandes empresas transnacionais. A alimentação, na medida do possível será toda oriunda de cooperativas de produtos agro-ecológicos. O traslado de uma ambiente ao outro deverá ser feito em grande parte a pé, já que os locais dos eventos são próximos uns dos outros evitando assim a emissão de gazes de combustíveis poluentes. Haverá também uma moeda social com a qual os participantes do fórum deverão obter descontos nos hotéis, táxis e na alimentação. Ou seja o fórum deve-se apropriar do capital que ele cria e reverter em benefício dos participantes e da própria cidade. Finalmente, o Vº FSM marcará o encontro entre o mundo das alternativas e as comunidades de software livre. Trata-se de um universo ainda desconhecido pela maior parte dos movimentos sociais, mas de enorme potencial transformador. São os milhares de desenvolvedores de programas para computador que estão desafiando o poder da Microsoft e outros monopólios da informática. Uma Mostra Internacional da Liberdade de Conhecimento exporá as soluções já encontradas por esta comunidades Enfim, é preciso inverter valores, mudar hábitos, transformar padrões, quebrar tabus e derrubar preconceitos para propor novos paradigmas, fundados em outra concepção de desenvolvimento. Outro mundo é possível se outros modos de ver, crer, pensar, sentir e fazer se tornarem utopia, desejo e realidade. * Antônio Martins e Luiz Bassegio, do Comitê Organizador do FSM
https://www.alainet.org/pt/articulo/110272?language=es
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