As mulheres dizem não à tirania do livre comércio!

25/08/2003
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Em nome da competição e do mercado, as regras da Organização Mundial do Comércio servem para controlar a vida dos povos e seus governos, de modo que ninguém mais possa controlar o que fazem as grandes empresas multinacionais que sustentam o poder dos países imperialistas. Na ordem de poder da globalização neoliberal, a OMC quer escrever uma declaração dos direitos do capital e se apropriando de idéias construídas pela luta de trabalhadoras e trabalhadores. Os defensores da OMC falam de "liberdade" e "não discriminação": liberdade para a circulação e a multiplicação dos capitais às custas do trabalho de mulheres e homens dos países do Sul, não discriminação entre o que é o direito de uma comunidade a viver como deseja e o que é interesse mesquinho de uma multinacional em satisfazer seus investidores. O que a OMC chama de "Igualdade" é o que nós chamamos simplesmente de injustiça. Nas negociações praticadas pela OMC os países membros não têm acesso democrático às informações e tomadas de decisão: regras do jogo são criadas e alteradas para legitimar os interesses e estratégias dos países ricos e mega-empresas. Regras e sanções econômicas devastadoras são decretadas por tribunais privados e secretos, reuniões excludentes, através de ameaças e processos nada transparentes. A Organização Mundial do Comércio institucionaliza um sistema de regulação que se baseia os mecanismos imperalistas da economia globalizada para subordinar países como o Brasil aos acordos e suas injustiças, garantir sua dependência, manter e aprofundar a transferência de riquezas do Sul para o Norte. A OMC pretende exercer sob seu poder de regulamentação as áreas de serviços, investimentos, despesas e compras do setor público. Na 5a Reunião Ministerial da organização que acontece de 10 a 14 de setembro de 2003, em Cancun, no México, pretende-se avançar na renegociação do Acordo Geral sobre Comércio de Serviços (AGCS), que submete serviços sociais aos interesses comerciais de empresas transnacionais. No acordo, esses serviços e os direitos a que eles atendem passam a ser tratados como simples mercadorias a serem negociadas segundo as leis da concorrência de mercado. Em nome do livre comércio acordos da OMC querem promover a privatização de bens e serviços públicos. O custo social dessa privatização mais uma vez será pago pelas mulheres que serão responsabilizadas pela garantia das condições alimentícias, de saúde e educação de suas famílias, tendo que triplicar dentro e fora de casa seu trabalho já tão desvalorizado. Em Cancun também se que introduzir um acordo sobre investimentos na rodada de negociações. Este acordo segue o modelo adotado pelo Acordo de Livre Comércio da América do Norte, ALCAN, (o mesmo modelo proposto para a ALCA) que protege os interesses dos investidores estrangeiros contra qualquer possibilidade de que um governo possa criar defender os direitos das pessoas, sob pena de ser punido pela OMC por estar jogando contra a liberdade do capital e do comércio. Somos mulheres e não mercadorias! No globalização da guerra permanente, da desigualdade e do conservadorismo, temos o dever de desmentir propaganda de que o livre comércio é o caminho para o desenvolvimento dos países pobres e a melhoria da qualidade de vida das pessoas. A Marcha Mundial das Mulheres e a Rede Economia e Feminismo são parte do movimento global que convoca os povos do mundo todo a tirar a OMC dos trilhos. Em oito anos de existência essa instituição só serviu para promover pobreza e violência, institucionalizar a desigualdade e a mercantilização da vida, reafirmando a opressão das mulheres nos termos do livre comércio. As mulheres são 70% da população pobre do mundo, para quem o livre comércio não oferece solução nem oportunidades. Dizendo não a OMC e à tirania do livre comércio, que também quer se impor através da ALCA, estamos recusando um sistema econômico e social em que somos e seremos cada vez mais tratadas como mercadorias. Lutamos contra um modelo que faz propaganda da subordinação das mulheres e se apóia no silêncio, no machismo e no culto à família para difundir a aceitação de condições de trabalho cada vez piores, a privatização dos serviços e a liquidação dos direitos. Não aceitamos que nossos corpos sejam postos à serviço da concorrência capitalista pelas campanhas publicitárias. Não aceitamos que, para nossos governos, o interesse de uma empresa que lucra com a desinformação das mulheres deva valer mais do que a nossa luta histórica por autonomia e democracia. Em marcha pela igualdade entre mulheres e homens, por um mundo livre da opressão; integrando a luta dos movimentos sociais de todos os continentes: Convocamos ao Fórum dos Povos por Alternativas à OMC, de 9 a 13 de setembro de 2003, em Cancun; e a realizarmos no mundo todo, durante os primeiros quinze dias de setembro, ações populares unitárias, massivas e coordenadas contra a globalização neoliberal e a guerra! Dia de Ação das Mulheres contra a OMC: No dia 09 de setembro (quarta- feira), convocamos as mulheres de todo o Brasil a realizar ações de protesto e educação popular para dizer não à tirania do livre comércio. Dia das Marchas Mundiais contra a Globalização e a Guerra: No dia 13 (sábado) de setembro, convocamos os movimentos de mulheres a botar mais uma vez nosso bloco, somando nossa irreverência feminista às manifestações unitárias lançamento da campanha da Coordenação dos Movimentos Sociais por emprego e renda, exigindo igualdade, trabalho digno e justiça social num país livre da OMC e da ALCA. Outro mundo é possível!
Não à ALCA! Não à guerra!
Basta com a tirania do livre mercado e da OMC!
https://www.alainet.org/pt/articulo/108246?language=es

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