Querida liberdade

01/08/2002
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A França perdeu na Copa, mas não na pose. Prova disso é que o seu Dia Universal, ó Liberdade, coincide com a data da Revolução Francesa, que hasteou a bandeira das três irmãs filhas da Utopia: Igualdade, Liberdade e Fraternidade. Que família! A Igualdade está longe de alcançar a maioridade. Você bem sabe que esta sua irmã anda distante das condições sociais de nosso mundo. Basta lembrar que, dos 6,1 bilhões de habitantes do planeta, 1,2 bilhão vive abaixo da linha da miséria, com renda mensal equivalente, no máximo, a US$ 30, e 2,8 bilhões vivem abaixo da linha da pobreza, com renda mensal inferior a US$ 60. A Fraternidade também não tem estado muito presente entre nós. Hoje, fala-se mais em competitividade que em solidariedade. Porém, muitos tecem laços fraternos entre a família humana, através do voluntariado, da responsabilidade social, das religiões, do serviço amoroso ao próximo. Você, entretanto, querida Liberdade, está mais na boca do povo que juiz de futebol em tempos de Copa e, no entanto, como tem sido deturpada e violentada! Uns a confundem com liberalismo; outros, em seu nome, suprimem a liberdade alheia; e há ainda os que se julgam seu dono e fazem de você um pretexto para abusos. Jesus diz no evangelho de João que "a verdade vos fará livres". Sem transparência fica difícil enxergar, querida Liberdade, que o seu par é o Amor, e desta união nasce a capacidade de jamais fazer da diferença divergência. * Frei Betto é escritor, autor de "Sinfonia Universal a cosmovisão de Teilhard de Chardin" (Ática), entre outros livros.
https://www.alainet.org/pt/articulo/106201?language=es
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