Sem comunicação

13/11/2014
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Nas eleições recentes, viu-se como o governo pos­sui enorme dificuldade para informar adequadamente so­bre todas as suas próprias realizações. Até militantes do PT, muitas vezes, registram desconhecimento sobre obras e programas de governo, consequentemente, têm dificul­dade de defendê-los. As forças conservadoras, sim, pos­suem uma comunicação destrutiva organizada e conse­guiu confundir boa parte do eleitorado que, mesmo be­neficiado pela distribuição de renda, pelo crescimento do trabalho formal e pelos programas sociais, aceitava a te­se marota da alternância de poder, porque argumentava: “um partido não pode ficar muito tempo no poder, tem que mudar”.
 
Mas, transformar uma sociedade com monstruosas in­justiças sociais acumuladas, que ainda tem marcas do es­cravagismo, não é tarefa para um curto período, espe­cialmente em se tratando de governo que não conta com maioria de esquerda no Congresso. Mais difícil ainda se este governo não tem comunicação. É óbvio que o PT não organizou uma política de comunicação para defender as conquistas de Lula e Dilma dos ataques conservadores. TVs e Rádios públicas, comunitárias e universitárias con­tinuam fragilizadas, sem sustentação. No entanto, o go­verno pratica uma política de sustentação financeira da mídia conservadora, especialmente para a Rede Globo que, em 10 anos, recebeu R$ 5 bilhões em publicidade ofi­cial. Desperdício de recursos públicos, mau uso, altíssimo custo social e político negativo.
 
Ao contrário, na Argentina, Venezuela, Equador e Bo­lívia, além do fortalecimento, expansão e qualificação da rádio e TVs públicas, investiu-se pesado em jornais po­pulares impressos, com distribuição militante e comer­cial massiva, a preços módicos ou gratuitamente, que fazem a disputa ideológica com a direita. Há vigorosa ex­pansão do parque gráfico e da leitura de jornal e livros. Aqui, mesmo alertado, o prefeito Haddad não usou, até a agora, a prerrogativa que lhe dá a lei para ter um canal de TV a cabo na maior cidade do país, sem precisar mu­dar a Constituição. Organizar um poderoso jornal coo­perativo popular, impresso e digital, também não exige mudanças na Constituição, para o que não há maioria. Medidas que exigem apenas decisão política, como hou­ve ao fundar a CUT, ao PT. Como tiveram as forças de es­querda nos países vizinhos.
 
13/11/2014
 
https://www.alainet.org/pt/active/78753?language=en
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