A que vem o papa Francisco
21/07/2013
- Opinión
A partir da tarde desta segunda-feira, quando o papa Francisco desembarcar na base aérea do Galeão, os brasileiros poderão admitir: habemus papam (temos papa).
A visita de um papa é uma honra para qualquer país, ainda que por dois únicos motivos: incremento do turismo e visibilidade na mídia mundial.
O foco desta semana não deveria, em princípio, estar centrado no novo pontífice, e sim na Jornada Mundial da Juventude. Sabemos, entretanto, que o papado é um ícone, a única monarquia absoluta que resta no Ocidente, e revestida de uma sacralidade que não recobre nenhum outro líder religioso ou político da atualidade.
A vinda do papa Chico – como muitos jovens já se referem a ele – abre um leque de múltiplas expectativas. Nesta sua primeira viagem como pontífice para fora da Europa, ele proferirá uma dezena de discursos. Sua visão de mundo e o rumo que pretende imprimir à Igreja Católica haverão de transparecer. Os católicos concluirão se Francisco será um papa avançado como João XXIII, moderado como Paulo VI ou conservador como João Paulo II e Bento XVI.
Francisco chega para encontrar os jovens. Vem trazer-lhes uma Boa Notícia, o que os gregos antigos chamavam de Evangelho. Este é o objetivo número um da viagem. De fato, será o encontro de duas jornadas: a dos jovens católicos de diversos países e a da juventude brasileira que ocupou as ruas no mês passado e expressou seus anseios de mais cidadania e democracia.
Terão nossas autoridades coragem de acompanhar o papa nos contatos com os jovens ou preferirão se esconder em seus palácios como ocorreu no final da Copa das Confederações? E se houver manifestações, a polícia agirá com violência?
Frente a uma manifestação, não haverei de estranhar se o papa Francisco, homem nada afeito a protocolos, romper o cerco policial para cumprimentar os jovens. Afinal, eles são a razão de sua viagem. E neles reside o futuro da Igreja Católica, hoje abalada por escândalos sexuais e financeiros; pela insistência numa moral sexual anacrônica, como a proibição do uso de preservativo; e pela evasão de sacerdotes e fiéis em busca de uma espiritualidade mais amorosa e de uma religião menos clerical e autocrática.
Frei Betto é escritor, autor do romance “Aldeia do Silêncio” (Rocco), entre outros livros. http://www.freibetto.org > twitter:@freibetto.
Copyright 2013 – FREI BETTO – Não é permitida a reprodução deste artigo em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização do autor. Se desejar, faça uma assinatura de todos os artigos do escritor. Contato – MHPAL – Agência Literária (mhpal@terra.com.br )
https://www.alainet.org/pt/active/65902?language=es
Del mismo autor
- Homenaje a Paulo Freire en el centenario de su nacimiento 14/09/2021
- Homenagem a Paulo Freire em seu centenário de nascimento 08/09/2021
- FSM: de espaço aberto a espaço de acção 04/08/2020
- WSF: from an open space to a space for action 04/08/2020
- FSM : d'un espace ouvert à un espace d'action 04/08/2020
- FSM: de espacio abierto a espacio de acción 04/08/2020
- Ética em tempos de pandemia 27/07/2020
- Carta a amigos y amigas del exterior 20/07/2020
- Carta aos amigos e amigas do exterior 20/07/2020
- Direito à alimentação saudável 09/07/2020