Hora de votar
25/09/2002
- Opinión
O dia 06 de outubro se apresenta em forma de encontro marcado, de longa
data, e aguardado com ansiedade. Ele está aí. E' hora de votar. Talvez
como nunca, o futuro do país depende de como vamos votar neste dia. Daí a
responsabilidade que pesa sobre cada eleitor.
Ninguém mais tem dúvida de que o próximo governo precisará empreender uma
mudança significativa de rumo. A realidade vai se impor. O Brasil
precisará encontrar uma saída para superar o seu endividamento que já
estrangula a administração pública. Precisará retomar o caminho do
desenvolvimento para viabilizar o crescimento da economia nacional. Só
assim será possível enfrentar a violência que está crescendo de modo
assustador, e superar a situação de miséria e de fome que atinge um
número cada vez maior de brasileiros.
Ninguém vai resolver isto sozinho. Precisamos estar preparados para
colaborar com os eleitos. Vamos votar para deputado federal, deputado
estadual, dois senadores, governador e presidente. Há uma coerência de
votos, que cada eleitor deve costurar por conta dele, se é que queremos
ser responsáveis por aquilo que estamos fazendo nesta eleição.
Ainda que em cima da hora, vale uma última advertência. A corrupção
eleitoral continua solta. Quanto mais aumenta a miséria, mais os pobres
são explorados na hora de votar, comprando seu voto com pequenos
favores.Se todos percebem que é hora de mudar, a mudança deveria começar
pela maneira como desta vez vamos votar: dando um chega pra lá a todos
que querem comprar nosso voto e nossa dignidade de cidadãos.
Nas recomendações da CNBB são lembradas algumas prioridades evidentes,
que não podem ficar fora dos compromissos do próximo governo.
A primeira delas já foi evidenciada pelo "mutirão nacional", lançado
pela CNBB: a superação da miséria e da fome. De nada valerá a política,
se ela não vier resolver este primeiro desafio que o Brasil precisa
enfrentar: acabar com a fome e a miséria de quase 50 milhões de
brasileiros. O Brasil precisa ser um país onde o povo possa viver.
A segunda prioridade continua a primeira: garantir os direitos humanos a
toda a população. Para isto, os recursos públicos devem ter sua primeira
destinação no atendimento às necessidades básicas da saúde, educação,
moradia, transporte, segurança e lazer. O Brasil precisa ser um país onde
o povo possa viver com dignidade.
A terceira prioridade é para garantir as duas primeiras: o Brasil precisa
ter um projeto de desenvolvimento sustentável, para respeitar e integrar
a natureza, valorizar as capacidades do povo, e dar oportunidade de
trabalho a todos os brasileiros.
Isto é, o Brasil precisa ser um país onde o povo possa viver com
dignidade e responsabilidade, sendo sujeito de sua história e do seu
futuro.
Hoje não precisamos esquecer o feito de sermos campeões mundiais e
futebol. Ao contrário. Ele deve servir de motivação para enfrentarmos
agora, com garra, outra convocação. No futebol o país se reconhece como
viável e seu povo se vê dotado de excepcionais virtudes. E' hora de
reacendermos a esperança de, finalmente, ganharmos a batalha maior.
Vencer a miséria e a fome. Superar a triste colocação de vice campeões
mundiais em injustas desigualdades sociais.
Todos os que deram palpite sobre a escalação dos atletas têm agora
a oportunidade de decidir, de verdade, quem vai ser escalado para
funções muitos mais vitais que o futebol. A responsabilidade desta
escalação é de todos nós, eleitores.
* D. Demétrio Valentini. Bispo de Jales (SP)
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