Educação profissional

18/01/2002
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No Brasil, nada mais difícil do que encaminhar um filho para um curso profissionalizante. Eles são raros e caros, e sempre muito concorridos. Os gratuitos, quase nunca primam pela qualidade. É como se fôssemos uma nação que tem a pretensão de pensar com a cabeça sem saber o que fazer com as mãos. A educação profissional é tratada como subproduto pedagógico, coisa para quem não teve estudos mais abstratos e avançados. A exceção é por mérito da iniciativa privada, através do SESI, do SENAC e do SENAI. Será que todos percebem que para um país gabar-se de sua alta costura é preciso, primeiro, investir em sua alta cultura? Na França, há um Ministério da Educação Profissional. Jean-Luc Mechelon é, aos 50 anos de idade, o ministro da Educação Profissional. Filiado ao Partido Socialista, foi o mais jovem senador eleito na história do país, aos 35 anos. Segundo Mechelon, a rede pública e gratuita de educação acolhe, na França, mais de 90% das crianças acima de 3 anos de idade, e escolariza 100% dos jovens de cada geração francesa. O desafio agora é ampliar essa oferta para os jovens imigrantes que, a cada dia, entram sozinhos no país. Antes, chegavam famílias ou chefes de família. Hoje, jovens fugitivos da guerra e da miséria buscam refúgio na quarta potência do mundo. O ministério de Mechelon não se empenha apenas em alfabetizar e dotar os educandos de qualificação profissional. Procura integrar o saber técnico-científico-manual e o aprimoramento intelectual, humanístico, cultural. Mantém ainda o projeto Educação por toda a vida, através do qual um trabalhador pode sempre ter acesso a cursos que o ajudem a melhorar seu desempenho profissional. Mechelon está convencido de que a mercantilização da educação é uma forma de impedir o avanço de uma nação, pois aumenta o índice de excluídos culturais, favorecendo o colonialismo ideológico das nações periféricas pelas metropolitanas. Como é o caso do roubo de cérebros, que incentiva a imigração seletiva de pessoas altamente qualificadas, formadas com muita dificuldade em países pobres. A França tem 60 milhões de habitantes, escassos recursos naturais e, no entanto, é a segunda nação exportadora per capita do mundo. E, para nossa vergonha, é também a campeã mundial de futebol. Mais uma vez, ela nos dá uma boa lição.
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