III Encontro Continental dos Povos e Nacionalidades Indígenas de Abya Yala

Construir uma agenda comum

26/03/2007
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O sítio sagrado maia \'Iximche\', símbolo de resistência e atual território da Guatemala, é cenário do III Encontro Continental dos Povos e Nacionalidades Indígenas de Abya Yala, que se encerra dia 30 de março com uma mobilização na capital.

O Terceiro Encontro expressa um momento de avanço do processo de autoconvocatória que se iniciou em terras astecas, com o Primeiro Encontro em outubro de 2002 e logo teve seu segmento em Quito, Equador, em junho de 2004, onde reafirmou-se o compromisso de seguir lutando pelos direitos indígenas, pela defesa dos recursos naturais e contra o imperialismo, diz Rodolfo Pocop, de Waquib Kej, instância que organiza o evento.

A eleição de Evo Morales, um presidente indígena que não é somente da Bolivia, mas de todas as nacionalidades indígenas, é resultado deste desenvolvimento na América Latina e no Continente. E nesta perspectiva, faz parte da agenda a elaboração de uma plataforma política de participação para os povos indígenas, para evitar o racismo, a discriminação e a exclusão, ressalta Pocop.

O Encontro é uma oportunidade para compartilhar experiências e unificar os sonhos, para buscarmos uma agenda comum, lutarmos pelo direito de sermos diferentes e reafirmar a união com todos os setores em busca de um futuro digno para todos os povos, afirmou a lider kechwa equatoriana Blanca Chancoso. É uma busca pelo reconhecimento dos povos indígenas como atores e pela vigência dos estados plurinacionais, no folclore, ressaltou.

Blanca também se referiu a urgência de encontrar alternativas a dívida externa, \"como povo seguimos reclamando que há uma dívida histórica\", acentuando que \"os colonialistas enriqueceram com nossos tesouros, portanto não lhes devemos nada, mas com a chamada dívida externa, seguem tomando territórios indígenas e firmando cartas de intenção que não são mais que pacotes de medidas econômicas”.

Ao expressar a saudação dos povos aimara e kechwa, o chanceler boliviano David Choquehuanca destacou que “estamos em tempos de mudanças”. Nossos povos querem integração e nós queremos voltar ao caminho do equilíbrio, não somente entre homens, mas também com a natureza. As leis são excludentes, geram pobreza, secas, dilúvios, tem ferido a Mãe Terra, tem ferido de morte nosso planeta, não aprendemos a guiar-nos com as leis da natureza.

Nossos lugares sagrados se mantêm a mais de 500 anos – ressaltou o ministro boliviano – onde temos que aprender a viver com as leis da mãe natureza. Cosmoser não é igual a conhecer; cosmoser é a sabedoria dos povos indígenas, de nossos antepassados com a qual faremos possível que o sol nasça outra vez para nós, para que recuperemos nossa cultura, nossa soberania, nossos recursos naturais, nossa identidade, nossa música, nossos saberes, nossos montes, nossos rios, estamos em pleno processo de recuperação.

Depois de 500 anos estamos resistindo a sujeira política que os governos vem utilizando, estamos nos encaminhando para recuperar o poder. Temos que construir um poder alternativo, desenvolver a capacidade de criar uma agenda comum, pois no Canadá querem mudanças, nos Estados Unidos querem mudanças. “Pachacutik” é o retorno do equilíbrio, nós indígenas buscamos uma vida harmônica entre a natureza e o homem.
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