Entenda uma das eleições mais importantes do mundo
10/06/2014
- Opinión
Apesar de não ser uma superpotência militar, o Brasil é uma superpotência diplomática que vem usando os mecanismos democráticos para transformar as instituições mundiais, como a ONU, a OMC e a Internet
O Brasil vem passando nos últimos anos por um processo interno e externo de descoberta. Ou seja, tanto dentro como fora do Brasil, tem se tornado cada vez mais próxima da realidade a percepção sobre o que é o país, seu nível de desenvolvimento, sua influência, sua história. Acontece que essa "descoberta" pode não ser somente uma descoberta, mas uma redescoberta. Por quê? Porque o Brasil já passou por uma fase assim antes, que foi interrompida pelo golpe de Estado que acabou com a democracia do país em 1964.
De 1930 a 1964, o Brasil passou por um processo de intenso desenvolvimento, que culminou com uma democracia de avançada qualidade para os padrões da época, nos anos 50 e início dos anos 60 do século XX (época em que, por exemplo, na Suíça as mulheres não tinham direito a voto, enquanto que no Brasil sim). Em 1964, o Estado dos EUA e alguns setores brasileiros organizaram um golpe de Estado que acabou com a democracia do Brasil, o que levou o país a várias décadas de muito mais reduzido desenvolvimento civilizacional. O povo brasileiro só pôde voltar a eleger direta e democraticamente seu presidente em 1989, 25 anos após o golpe de 1964.
Assim, após a redemocratização do Brasil, o povo do país pôde voltar a se organizar muito mais livremente em partidos políticos e movimentos sociais, com liberdade de expressão e manifestação. As sucessivas eleições foram fortalecendo a representatividade do Estado brasileiro, o que levou este Estado a beneficiar cada vez mais um conjunto mais amplo da população, sendo cada vez mais uma ferramenta para o desenvolvimento e cada vez menos um meio de manter privilégios. É nesse contexto de redescoberta nacional e mundial do real nível de desenvolvimento do país que serão disputadas as eleições gerais do Brasil em 5 de outubro de 2014.
O Brasil é um país presidencialista, sendo portanto as eleições presidenciais as mais influentes. Em 5 de outubro, além do primeiro turno das eleições presidenciais, também serão disputadas eleições parlamentares, que têm muita influência no comportamento do Estado brasileiro. Se nenhum dos candidatos presidenciais conseguir mais de 50% dos votos válidos no primeiro turno, será realizado um segundo turno em 26 de outubro deste ano. Os candidatos que provavelmente vão conseguir, somados, a grande maioria dos votos no primeiro turno são a atual presidenta do país, Dilma Rousseff, da coalizão liderada pelo Partido dos Trabalhadores (PT), o senador Aécio Neves, da coalizão liderada pelo Partido da Social-Democracia Brasileira (PSDB), e o ex-governador do estado de Pernambuco Eduardo Campos, da coalizão liderada pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB).
Ainda não é certeza se haverá ou não segundo turno, pois é possível que Dilma Rousseff vença no primeiro turno. Apesar disso, é bastante provável um segundo turno entre Dilma Rousseff e Aécio Neves. No contexto da história brasileira, a candidatura de Dilma Rousseff tem uma maior proximidade política com os setores sociais, econômicos e de comunicação que foram relativamente majoritários quanto à influência no Estado brasileiro de 1930 a 1964, enquanto que a candidatura de Aécio Neves tem uma maior proximidade política com os setores sociais, econômicos e de comunicação que organizaram o golpe de Estado de 1964 e foram relativamente majoritários quanto à influência no Estado brasileiro durante o último período ditatorial do país.
10/06/2014
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