Pesquisas não são animadoras para a mídia
13/03/2014
- Opinión
A mídia tratou pouco da pesquisa do IBOPE sobre ela mesma – a mídia – feita a pedido da Secretaria de Comunicação (SECOM) da Presidência da República. E quando deu a notícia, para não perder o costume, o fez segundo seus interesses, destacando a baixa confiança nos sites, redes socais e blogs, já que apenas 28% dos leitores confiam muito ou sempre nas notícias dos sites; 24% nas redes sociais; e 22% nos blogs.
Mas destacou fortemente que a população brasileira confia o máximo nos noticiários das TVs e rádios. A pesquisa registra que 65% dos brasileiros assistem TV diariamente; 67% à TV aberta; 34% à TV aberta e à TV por assinatura; e 7% só à TV por assinatura.
Lendo a pesquisa, constata-se que a porcentagem dos que acessam a TV aberta cai para 51% em São Paulo e para 41% no Rio. Indica, assim, uma tendência que, acreditamos, logo será nacional. É uma tendência persistente e a própria mídia especializada tem registrado a queda contínua de audiência da poderosa TV Globo aberta.
Internet já é mais acessada pelos brasileiros do que o rádio
Outro dado a destacar é que a internet já é mais acessada que o rádio – 26% ela contra 21% da sintonia das emissoras de rádio. Uma informação que passou batida na mídia em geral é que 37% das residências brasileira já dispõem de TV captada por antena parabólica, cuja audiência não é aferida pelo instituto de pesquisa.
Já os jornais e revistas vão mal. Somente 6% dos brasileiros leem jornais todos os dias. Já 75% nunca os leem. As revistas vão pior: 85% não as leem e elas são as menos confiáveis. Por exemplo, segundo a pesquisa, 56% confiam pouco ou nunca confiam nelas contra 40% confiam muito ou sempre. Em São Paulo, onde ficam as revistas Veja, IstoÉ, Época e Carta Capital – suas redações, onde são impressas, e de onde parte sua distribuição para todo o país – apenas 29% confiam muito ou sempre contra 69% que pouco ou nunca confiam nelas
O quadro é lamentável, portanto, mais para as revistas, onde chega a ser dramático. Elas não são lidas e quando o são não merecem confiança. Não precisa ser especialista nem descer a profundidades nas análises para perceber que aí desponta e fica evidente a má influência da revista Veja, já que em São Paulo apenas 40% confiam nas revistas, contra 59% que não confiam.
Em média, metade dos brasileiros não confia no rádio e na TV
Nesse quesito – confiança – os jornais se equilibram, com 53% que confiam muito ou sempre e 45% que nunca ou que confiam muito pouco neles. O rádio empata: 50% confiam contra 49% que não confiam no veículo. Já em relação à TV esta situação se inverte na comparação com os índices do rádio: 49% confiam e 50% não.
Como vemos, a mídia precisa se autoavaliar e nós precisamos tomar ao pé da letra o resultado da pesquisa, embora ela peque por não perguntar sobre outras questões como pluralismo, monopólio, regulamentação, conteúdo cultural, conteúdo nacional e regional e TV pública – dentre outros questões em que se constata omissão no levantamento.
Peca, também, em não perguntar sobre a tendência, cada dia maior, da mídia conservadora, de editorializar a informação com âncoras e apresentadores que dão a notícia com viés político ou a comentam dentro da orientação e dos interesses da empresa que os contratam e pagam seus salários.
Chega a ser insuportável assistir, ouvir ou ler um noticiário totalmente dirigido e uma pauta repetitiva, pobre dentro de uma agenda pré-estabelecida com objetivos políticos. Só a queda da audiência, a disputa política e a crítica à programação informativa dos meios poderão , pelos menos, fazer com que a mídia aceite ouvir o outro lado e obedeça a Constituição, que garante o pluralismo.
14 mar 2014
https://www.alainet.org/es/node/83956
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