Reino Unido e Austrália alinhados com o Apartheid israelense
O Reino Unido denominou como “terrorista” ou “bandido” a uma parcela considerável da humanidade, criminalizando todas as organizações que tentaram se livrar do império britânico, enquanto que Austrália secundou os Estados Unidos em todas as suas guerras asiáticas, incluindo Afeganistão e Iraque.
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Estamos diante de uma nova ofensiva sionista dentro da opinião publica dos países ocidentais. Ao mesmo tempo, o debate na esfera pública é contaminado pela ação direta e indireta de institutos, redes de influência, empresas de marketing digital e movimentos identitários relacionados aos postulados do Ministério de Assuntos Estratégicos e Diplomacia Pública do Estado Colonial do Apartheid na Palestina Ocupada.
A etapa contemporânea da luta pela libertação de todo o Bilad al-Sham (atuais territórios do Líbano, Palestina, Síria e parte da Jordânia) é marcada pela disputa por “corações e mentes”, principalmente em países onde há uma grande colônia e diáspora árabe (caso brasileiro), ou onde o núcleo central das estruturas de poder são aliadas da entidade invasora. Diante disso, a partir de outubro de 2015, o inimigo orienta seu ministério específico a lutar contra as campanhas de tipo boicote, desinvestimento e sanções (BDS), e também em oposição às bandeiras políticas das forças que lideram a resistência em nossos países de origem.
Segundo o próprio site oficial, as “Responsabilidades do Ministério” são:
“Liderando a campanha contra as ações de deslegitimação anti-Israel e boicote. A formação, inclusão e coordenação de esforços governamentais para o enfrentamento do fenômeno em todas as suas vertentes. Isso inclui diplomacia, consciência, atividade acadêmica, econômica, cultural e jurídica. Inclui orientação profissional aos ministérios do governo em todos os assuntos relacionados às suas atividades relacionadas à campanha, incluindo atividades e eventos em Israel e no exterior, ao mesmo tempo em que fortalece as atividades de órgãos civis que operam no campo. A formação de banco de dados atual e atualizado com foco na construção da infraestrutura de conhecimento da campanha e sua acessibilidade às autoridades competentes. Representar a posição do governo (de Tel Aviv) em relação às campanhas das organizações não governamentais em Israel e ao redor do mundo, e trabalhar com elas para promover os objetivos da campanha e suas estratégias”.
O ministério acima é um complemento das pastas da “Defesa” do Estado invasor e de relações exteriores também. Na guerra de ocupação, assim como as forças alemãs invasoras da França, os ocupantes se esforçam para ilegalizar e perseguir as redes da sociedade civil que apoiam a resistência. Qualquer semelhança com o magistral filme de Costa Gravas, “Sessão especial de Justiça”, não é nenhuma coincidência.
Israel condenada pela Anistia Internacional
Trinta dias antes dessas decisões absurdas de Londres e Camberra, o Ministério da Defesa de Israel classifica como “terrorista” seis ONGs palestinas. Alegam que estas entidades são vinculadas à Frente Popular pela Libertação da Palestina, partido histórico da esquerda palestina, que disputa eleições e postos-chave dentro da pouca institucionalidade permitida pelo ocupante.
Em 22 de outubro, o ministro Benny Gantz – ex-quase premiê ao lado de Bibi Netanyahu – também conhecido como o “carniceiro de Gaza”, criminaliza as seguintes organizações: Addameer (palavra em árabe para "consciência"), al-Haq (palavra para "justiça", Defesa das Crianças da Palestina (DCI), União dos Comitês de Trabalho Agrícola, Centro Bisan para Pesquisa e Desenvolvimento e Comitê da União das Mulheres Palestinas.
Na frente internacional não é diferente. As operações pró-Apartheid são contínuas e implicam na tentativa de criminalizar os atos e campanhas nacionais a favor das organizações que lideram a resistência árabe (como conjunto de povos árabes invadidos por europeus) contra o belicismo sionista. Vejamos, a seguir, dois casos de novembro de 2021.
Reino Unido e Austrália são braços do anglossionismo
A Austrália é uma colônia de povoamento branca, que fala inglês. Foi “colonizada” pelo Reino Unido (a Grã Bretanha liderada pela Inglaterra). A frota naval inglesa levou milhares e milhares de camponeses “indesejados”, ex-presidiários em reabilitação, penas comutadas e uma meta: “Povoar” a ilha continente e coloca-la na órbita do mundo anglossaxão. O mesmo vale para a Nova Zelândia, a irmã mais nova. Camberra e Wellington conformam almas gêmeas cuja “alma mater” está na potência separada do continente europeu pelo Canal da Mancha, outrora formada por corsários e flibusteiros. No século XXI e em especial após o Brexit, foi alimentada pela canalização da agiotagem mundial.
Não é exagero deste que escreve, mas uma constatação. Junto a Estados Unidos e Canadá, os países anglo-saxões formam o Sistema Cinco Olhos, a aliança incondicional que comuta dados de inteligência e operam instalações conjuntas, como a base de Pine Gap, no “outback”, o equivalente ao sertão australiano – “naturalmente” uma base militar sobre território aborígene invadido.
Em 23 de novembro de 2021, a Ministra dos Assuntos Internos da Austrália, Karen Andrews, afirmou que: “A organização xiita apoiada pelo Irão "continua a ameaçar com ataques terroristas e a apoiar organizações terroristas" e é uma ameaça ‘real’ e credível à Austrália”. O governo de Camberra classificou a totalidade do Hezbollah como “organização terrorista”, comparando o partido líder da resistência libanesa com movimentos neonazistas e supremacistas brancos. A absurda comparação foi feita com um partido político, participante do parlamento do Líbano e sempre com presença em ministérios de seguidos governos.
Já no dia 26 de novembro de 2021, o parlamento britânico aprova a proposta do primeiro ministro do Partido Conservador, Boris Johnson, classificando a integralidade do Hamas como “organização terrorista”. Diante dessa decisão legal, passa a ser crime com penas de até 14 anos, difundir as posições políticas do partido líder da resistência palestina e responsável pela organização da vida em Gaza, sob o cerco da entidade sionista desde o ano de 2006.
Embora a classificação integral de “terrorista” seja nova, a criminalização da luta e da resistência não é nada nova.
Quem são os terroristas?
Quando um caça israelense bombardeia uma área residencial densamente povoada, pratica um ato terrorista autorizado pelo parlamento do Estado do Apartheid e pelo congresso do Império estadunidense. Quando agentes do Mossad sequestram e assassinam militantes políticos da resistência árabe ao redor do mundo, cometem atos terroristas. Quando a população nativa, composta por famílias que residem no local há milênios, se organiza e busca formas para assegurar suas terras e lares, estão cometendo atos de resistência. Quase sempre, os imperialistas e seus prepostos classificam quem resiste como “terrorista” e a si como “forças da ordem”.
O Reino Unido denominou como “terrorista” ou “bandido” a uma parcela considerável da humanidade, criminalizando todas as organizações que tentaram se livrar do império britânico. A Austrália secundou os Estados Unidos em todas as suas guerras asiáticas – incluindo Afeganistão e Iraque – “caçando” terroristas, justamente quem se organiza para de alguma forma defender suas terras.
Como todo território organizado como “colônia de povoamento” de invasores europeus, a única forma de garantir essa troca de população é promover a limpeza étnica através de seguidos pogroms. Talvez por isso exista tanta consonância entre os gabinetes ingleses, australianos, estadunidenses e sionistas no seu ódio e cinismo aos partidos da resistência dos povos árabes.