Bolsonaro precisa ser eliminado!

20/05/2020
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O termo “necropolítica” nunca foi tão bem caracterizado e fez tanto sentido como é hoje, graças ao atual (des)governo de extrema-direita e suas arbitrariedades contra o povo brasileiro. Este, por sinal, é um ponto crucial no que divergem da esquerda.

 

A esquerda jamais luta contra a vida. Pelo contrário. Através de suas ideias e ideais, zela por ela, lutando pela igualdade e pela inserção de todas as pessoas na sociedade. A esquerda é humana, solidária, coletiva e respeita as diferenças. A esquerda apoia e respeita a ciência; em sua vertente do ecossocialismo, luta pelo ambiente e desenvolvimento sustentável, enquanto a direita o degrada de forma abusiva, atendendo aos interesses do agronegócio – veja por exemplo, a MP 910 que legaliza descaradamente a grilagem, principalmente na Amazônia, acentuando ainda mais os casos de desmatamento.

 

A direita fascista, que tomou de assalto o poder de nosso país, visando seu lucro e individualismo, prega o ódio, o preconceito, a morte de opositores, organizando-se em verdadeiras milícias digitais e armadas – inclusive sob a tutela da Justiça, que permite aglomerações intimidadoras e antidemocráticas, como o tal acampamento miliciano chamado “300 do Brasil”, que possui armas e fica na iminência de uma invasão ao Congresso e ao STF.

 

Essa direita reacionária e desumana, baseia-se também no fanatismo e fundamentalismo religioso para justificar seus atos injustificáveis.

 

A eleição fraudulenta de Bolsonaro, baseada em disparos de fake news para manipular a massa, com substancial financiamento de caixa 2 para o chamado “gabinete do ódio”, assim como o golpe consolidado pelo juiz (sic) que mais tarde seria seu ministro da Justiça para impedir a candidatura de Lula, não elegeu apenas um pária para comandar o país, mas revelou a face mais obscura de parte da sociedade, dando voz aos transloucados. Quem digitou o fatídico número 17 nas urnas jamais se preocupou com qualquer projeto político – até porque nunca existiu – mas sentiu-se representado e livre para expor sua versão mais cruel.

 

Feliz era o Brasil e sua democracia quando a disputa eleitoral era baseada em propostas legitimamente políticas e não ideológicas!

 

Lembremos aqui que em toda a campanha eleitoral, Bolsonaro não participou de um único debate, sob a desculpa de recomendação médica por conta da suspeitíssima FAKEada, e muito menos apresentou um projeto político, preferindo discursos falaciosos contra o fictício kit gay e combate à corrupção. Bolsonaro não tem e nunca teve uma política econômica para o país. Prega apenas o ódio, destila sua raiva e cria inimigos imaginários para contaminar parte da população que ainda acredita em suas mentiras. Bolsonaro é um tremendo falso moralista que ainda ludibria parte da massa acéfala de nosso país.

 

É de uma insanidade que pessoas que se dizem defensoras da democracia, saiam às ruas pedindo intervenção militar e a volta do AI-5. Pessoas estas que baseando-se em mentiras, amedrontaram a população mais inocente e ignorante com a tal “ameaça comunista”, revivendo a tática golpista de 1964, substanciada pela falaciosa e reinventada defesa de “Deus acima de todos”, desrespeitando o próprio Estado laico. Pessoas que condenam regimes de outros países alegando serem ditatoriais, mas bravejam justamente para que isso seja implementado aqui.

 

Quando ouço o rebanho bolsonarista entoando o refrão “a nossa bandeira jamais será vermelha”, em alusão ao fantasioso fantasma comunista, minhas emoções revelam um misto de raiva e lamento, afinal, mostram que além de pessoas bárbaras, são ignorantes e analfabetos funcionais.

 

Piorando a situação, eis que o presidente (sic), em atos irresponsáveis, criminosos e demonstrando sua megalomania, ignora a pandemia e a necessidade de isolamento social e se une a essa gente, promovendo aglomeração. Os tais “cidadãos de bem”, tal como seu Mi(n)to, dizem-se patriotas, mas carregam vergonhosamente as bandeiras dos EUA e Israel (!!!), mostrando claramente o viralatismo que os direcionam. Em seus discursos inflamados nesses atos antidemocráticos, Bolsonaro comporta-se como um verdadeiro ditador sionista.

 

Bolsonaro é um dissimulado ditador genocida. Sua insanidade é comparável a Idi Amin, violando os direitos humanos, desrespeitando a ordem democrática e instalando um verdadeiro “reinado de horror”. Ou ainda, ao repugnante Hitler e seu regime nazista – do qual o próprio presidente e seus subordinados usam frases e expressões, posteriormente alegando “equívoco nas interpretações” ou “coincidência retórica”. No lugar dos judeus, Bolsonaro direciona sua alça de mira para esquerdistas/comunistas, população LGBTI, movimentos sociais, índios, negros, quilombolas. A xenofobia é típica de seus discursos e posicionamento, declarando aversão aos venezuelanos, cubanos e chineses, por exemplo.

 

Em novo ato mentiroso, ao defender a abertura do comércio em plena pandemia, ainda que a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) mantenha o pedido de isolamento social, Bolsonaro distorce os fatos e os dados. Ao ser indagado por jornalistas – os quais são ameaçados e atacados diariamente por ele e sua trupe – qual seria o motivo da Argentina apresentar números muito baixos de mortos pelo COVID-19, Bolsonaro e sua total demonstração de ignorância, tenta engambelar a opinião pública dizendo: “é só você fazer as contas por milhão de habitantes. Vamos falar da Suécia? A Suécia não fechou! Você já entrou com ideologia...pegou um país que está caminhando para o socialismo”. (O ataque irracional se justifica porque o presidente argentino é sua “desavença esquerdista” e segue as orientações da OMS).

 

Curiosamente, ele mesmo não faz essas contas, uma vez que levando-se em consideração a população e as mortes/milhão de habitantes, a Suécia – usada como exemplo de país que não promoveu o isolamento social – apresenta 345 mortos/milhão, enquanto nosso vizinho sul-americano tem o mesmo índice em 7,7 mortos/milhão.

 

Para que se conste, o Brasil apresenta esse valor aproximado de 65 mortos/milhão, e hoje já ocupa o 3º lugar no ranking mundial de casos confirmados de COVID-19 – sem contar vários outros subnotificados – sendo mais de 17 mil mortes. E mesmo assim, Bolsonaro segue ignorando a realidade que para ele é uma “fantasia da imprensa esquerdista”.

 

A fatídica defesa do uso do medicamento cloroquina é outro aspecto que chama a atenção. Não apenas porque uma das maiores produtoras do medicamento no Brasil é um forte apoiador do governo, mas pela própria produção por conta do Estado – via laboratórios do Exército – que têm gasto dinheiro público e precisa escoar tamanha produção, justificando tais investimentos – supondo-se, é claro, que toda verba destinada esteja realmente sendo utilizada para esse fim.

 

Tentando manipular a massa acéfala de seus seguidores, afirma, sem qualquer conhecimento, que “a cloroquina não tem efeito colateral”. Seu argumento principal é dizer que o Conselho Federal de Medicina já autorizou o uso. No entanto, ignora que existe uma diferença entre autorizar e recomendar. Tanto que a maioria dos médicos – sérios e responsáveis – não estão recomendando, justamente por falta de evidências científicas que garantam a segurança e eficácia do remédio. Mas os bolsominions, fazendo suas carreatas da morte, agora usam a defesa do medicamento como nova bandeira (chamando-o inclusive de “Bolsoquina” – associada ao “Azitrump”).

 

(Em tempo 1: não é de se espantar que seu guru, Olavo de Carvalho, em mais uma demonstração de insanidade e demência, escreve em sua conta no Twitter que “Ocultando o remédio, a mídia está MATANDO milhares de pessoas. É uma classe de comunistas assassinos e nada mais”. Mais tarde, ainda ataca dizendo que “Sem uma extensa cultura literária, a imaginação é atrofiada ou confusa. Quanto mais informação jornalística e verborreia científica você injetar na cabeça do infeliz, mais burro ele ficará”).

 

Além de falta de estudos que garantam a eficiência, é grave a possibilidade de efeitos prejudiciais (como cegueira e cardiopatias acentuadas) que podem até ser fatais. E quem assumiria essa responsabilidade? O próprio Estado. Mas para livrar-se da mesma, eis que surge a MP 966, em 13 de maio, garantindo exatamente a isenção da responsabilização de agentes públicos por ação e omissão em atos relacionados com a pandemia da COVID-19 – servindo, inclusive, como salvo-conduto para o próprio Bolsonaro ao sair e promover aglomerações fascistas.

 

As provas para a cassação da chapa Bolsonaro/Mourão existem – com base no uso de milícias digitais para o disparo de Fake News, caixa 2 e agora atualizadas com a nova denúncia do vazamento da PF sobre a Operação Furna da Onça para o filho de Bolsonaro, que protelou as investigações, impedindo que a eleição do clã fosse prejudicada – , mas seguem ignoradas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

 

Outra alternativa seria o impeachment, previsto pela Lei 1079/50, uma vez que os crimes de responsabilidade estão cada vez mais evidentes, tais como: colocar o país sob risco ao incitar hostilidade contra nações estrangeiras (Artigo 5º); subverter por meios violentos a ordem pública e social ao incitar guerra contra o Congresso e STF (artigo 6º); e, claramente, proceder de modo incompatível com a dignidade, a honra e o decoro do cargo (Artigo 9º).

 

(Em tempo 2: Além desses, ao incentivar seus aliados alienados a romperem o isolamento social em plena pandemia, colocando vidas em risco, Bolsonaro deve ser enquadrado também em crime comum, previsto pelo Código Penal. Essa atitude também foi motivo para denúncia junto ao Tribunal Penal Internacional, enquadrando-o em crime contra a humanidade e genocídio).

 

No entanto, além de depender da aceitação de Rodrigo Maia, que já admitiu segurar as dezenas de pedidos que chegam até ele, temos que ser realistas que o número necessário para a aprovação (dois terços da Câmara, ou seja, 342 deputados) hoje não existem; seus aliados – corruptos e bandidos como ele e sua família – seguem “fechados com Bolsonaro”, ignorando qualquer tipo de crime. Paralelamente, sua aproximação e aliança (que em nada é “pelo Brasil”, como defende no slogan de seu novo partido a ser oficializado) com a escória da política brasileira, conhecida como “centrão”, e consequente troca de favores alinhando-se com a execrável velha política (aquela mesma que condenava em seus discursos), mostra sua real intenção: manter-se no cargo, custe o que custar!

 

Outro ponto que não podemos esquecer é que Bolsonaro é um homem, e como tal, não sofre a pressão de um parlamento machista, muito menos perseguição misógina e preconceituosa como fizeram com a honrada presidenta Dilma.

 

Bolsonaro precisa ser contido e eliminado da vida pública a qualquer custo. E para que isso aconteça, somente a união não apenas da esquerda (que infelizmente ainda segue batendo cabeça e é incapaz de dialogar entre si, e deixar o ego de lado, para assumir um compromisso único pelo país), mas de todos aqueles verdadeiros democratas e defensores de um Brasil soberano, que volte a ser respeitado por outras nações.

 

- Luiz Fernando Leal Padulla é Professor, Biólogo, Doutor em Etologia, Mestre em Ciências, Especialista em Bioecologia e Conservação

 

 

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