Epidemia global de coronavírus: não é o momento para jogos políticos mesquinhos

Não é o momento de comparar sistemas sociais diferentes e alegar que um é superior ao outro. É hora de partilhar práticas, colaborar e ganhar essa luta global.

10/03/2020
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Funcionários desinfetam as instalações do trem
Foto: Xinhua
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Quando a epidemia de COVID-19 iniciou, o governo chinês tomou medidas sem precedentes para evitar a propagação do vírus. Em meio a uma crescente sinofobia ao redor do globo, iniciou o processo de isolamento de Wuhan, o epicentro do surto de coronavírus, fortificou controles, construiu hospitais, mobilizou trabalhadores da saúde, compartilhou informação com a OMS e iniciou pesquisas atrás de uma vacina eficiente.

 

A China está em luto pelas pessoas mortas no país e no mundo, e permanece em alerta máximo até o remédio ser encontrado. Também reconhece brechas na gerência da crise e está determinada a melhorar a qualidade de sua pesquisa científica a fim de fomentar inovação farmacêutica e empoderar a capacidade de prevenção contra doenças infecciosas. Enquanto a luta contra o COVID-19 está em andamento, não é justo tirar conclusões precipitadas, mas a hipótese de que a situação internacional seria muito pior e preocupante sem o comprometimento do governo chinês, parece lógica.

 

A reação da comunidade internacional ao surto do COVID-19 na China pode ser resumida a seguir: alguns países ofereceram ajuda humanitária e claramente se posicionaram com o governo chinês em seus esforços para controlar a epidemia, e outros países, que – mesmo com sua simpatia teórica – escolheram uma abordagem distante e até ignoraram recomendações da OMS. A suspensão de vôos indo e vindo da China foi um indicativo. Mas as consequências dessa política ficaram evidentes mais tarde. A Itália, por exemplo, que está vivendo uma severa epidemia, falhou em calcular quantos cidadãos estavam chegando da China em seus aeroportos, o que não facilitou os controles salutares.

 

Um vírus não respeita fronteiras. Os países ocidentais estão, agora, vivendo a dor, o pânico e o medo. Os EUA não são exceção.

 

Um estudo da experiência chinesa desde o início do ano pode, talvez, oferecer insights úteis. Não é o momento de comparar sistemas sociais diferentes e alegar que um é superior ao outro. É hora de partilhar práticas, colaborar e ganhar essa luta global.

 

A união da sociedade chinesa tem sido impressionante. O termo “união” por si só é nativo da cultura chinesa, remontando às suas raízes na história imperial. Paciência e solidariedade pelo bem público sempre caracterizaram a orgulhosa nação chinesa.

 

A significância das novas tecnologias se tornou óbvia. Os médicos podem se comunicar online e discutir os problemas dos seus pacientes e tratamentos em potencial. Os estudantes são capazes de realizar cursos online em suas casas e muitos funcionários estão trabalhando de casa ao invés de ir ao escritório. O propósito tem sido limitar o movimento de pessoas o máximo possível.

 

Novos aplicativos de smartphones conseguem identificar o status de saúde dos cidadãos e fornecer controles e análises. Não é surpresa que o método esteja sendo criticado no ocidente. A evolução da internet tem gerado debates calorosos sobre resultados, positivos e negativos. A vida está mudando e se adaptando às novas conquistas tecnológicas e a digitalização é necessária. O que importa mais é a eficiência, a rapidez de resposta, coordenação exitosa e a segurança pública.

 

Os EUA foram recentemente afetados pelo COVID-19, e estão tentando aumentar o nível do seu preparo. Mesmo sendo uma economia desenvolvida, permanece vulnerável devido às deficiências em seu sistema de saúde, incluindo o custo incrivelmente alto dos planos de saúde e dos tratamentos médicos. É natural que o COVID-19 tenha se tornado uma questão na campanha eleitoral. Alimentou discordâncias entre Republicanos e Democratas, ao invés de gerar um debate calmo sobre ações necessárias, como o apoio aos trabalhadores da saúde e como os cidadãos pobres poderão pagar pelo teste e hospitalização. Crises públicas somente deveriam ser gerenciadas com responsabilidade e cooperação internacional.

 

10/03/2020

 

Publicado originalmente em 'Global Times' (Tradução de Isabela Palhares)

 

https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/Epidemia-global-de-coronavirus-nao-e-o-momento-para-jogos-politicos-mesquinhos-/4/46721

 

https://www.alainet.org/es/node/205164
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