25º Foro de São Paulo termina com atenções voltadas para eleições no continente
Declaração final do encontro cita combate ao imperialismo dos EUA e exigência de liberdade para Lula
- Opinión
Caracas.- Terminou neste domingo (28) o 25º Foro de São Paulo, em Caracas, na Venezuela. Participaram cerca de 700 delegados de 70 países. O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e o de Cuba, Miguel Díaz-Canel, encerraram o evento em cerimônia no palácio presidencial de Miraflores.
O presidente Maduro destacou a importância da unidade da esquerda latino-americana e caribenha "do ponto de vista moral, espiritual e político". "Temos de conseguir a união de todas as forças progressistas com um grande projeto que unifique as forças populares", asseverou.
Miguel Díaz-Canel, falou sobre o simbolismo da resistência venezuelana frente às políticas de bloqueio econômico dos Estados Unidos: "a Venezuela é hoje a primeira trincheira da luta anti-imperialista".
"Diante da ofensiva contra a Venezuela e a situação dos milhares de imigrantes, incluindo crianças mantidas em jaulas no Estados Unidos, o Foro de São Paulo está desafiado a desempenhar um papel muito mais protagonista no complexo cenário político atual. Ainda mais se consideramos os ataques aos processos progressistas naqueles países onde a esquerda havia conquistado o poder”, argumentou o cubano.
Nesse sentido, a secretária-executiva do Foro de São Paulo, Mônica Valente, ressaltou que o ciclo progressista na região ainda não terminou: “Chegaram a dizer que havia chegado ao fim o ciclo progressista na América Latina, no entanto o companheiro presidente Andres Manuel Lopez Obrador, mostrou que não, não é o final de nada. Depois de 500 anos de dominação, recém começamos a governar e a colocar o povo no poder na América Latina e no Caribe”.
Também, no domingo, foram realizadas atividades em homenagem ao ex presidente Hugo Chávez, que em 28 de julho completaria 65 anos. Durante todo o dia, atividades culturais e políticas foram programadas no Quartel da Montanha, em Caracas, onde repousam os restos mortais do líder da Revolução Bolivariana.
LULA LIVRE
O declaração final do Foro, elaborada pelo conjunto de partidos políticos e movimentos sociais, exige a liberação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente do Equador, Jorge Glas. Em paralelo, o documento pede o fim da perseguição contra líderes como ex-presidenta da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, o ex-presidente do Equador, Rafael Correa, e o ministro de Relações Exteriores do Equador, Ricardo Patiño.
O presidente cubano falou sobre o caso do ex-presidente brasileiro, detido desde 7 de abril de 2018. “Lula está preso, sob falsas acusações e armadilhas jurídicas. Esse é um exemplo de até onde pode chegar os inimigos das organizações políticas esquerdas. Essa é a maior expressão do medo imperialista e oligárquico do poder do povo. Fizeram de tudo para evitar sua candidatura à presidência de um país, que só com os governo do PT conseguiu distribuir, na medida do possível, as enormes riquezas nacionais. Hoje a liberdade de Lula é um dos grande desafios para a esquerda da região da América Latina”, destacou Díaz-Canel.
Nos quatro dias do Foro de São Paulo, Lula foi citado por diversos líderes de partidos como um caso de injustiça e perseguição – foram recolhidas assinaturas para um abaixo-assinado pela liberdade do ex-presidente.
Em sua declaração final, o Foro também colocou como prioridade o fortalecimento da integração regional, sob a perspectiva das lutas porpulares. A Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América – Tratado de Comércio dos Povos (alba-TCP) foram citados como exemplos.
O Foro reforçou, ainda, a defesa da soberania da Venezuela e repudiou ameaças militares dos Estados Unidos: “Fazemos um chamado à promoção da mais ampla solidariedade global em defesa da soberania e autodeterminação do povo venezuelano e seu direito de viver em paz”.
Novas disputas
Além de condenar a ação agressiva das grandes potências econômicas do mundo, os militantes de esquerda também trataram articulação das distintas organizações para os próximos eventos decisivos em cada país.
Neste semestre, três países latino-americanos elegerão seus presidentes, Bolívia, no dia 20 de outubro e na semana consecutiva, no dia 27 de outubro serão as eleições gerais na Argentina e no Uruguai.
Nos três casos, candidatos do campo progressista têm possibilidade de vencer. Segundo as últimas pesquisas de opinião, a chapa "Frente de Todos", composta por Alberto Fernández e Cristina Fernández de Kirchner tem entre 9 e 11 pontos de vantagem sobre o atual presidente, Maurício Macri.
Já no Uruguai, a Frente Ampla, aliança governante, acumula 36% das intenções de voto, com a chapa liderada por Daniel Martinez e Graciela Villar, frente 29% do Partido Nacional e 14% do Partido Colorado, de acordo com pesquisas feitas no mês de junho, pelo Grupo Radar.
No caso boliviano, Evo Morales Ayma e Álvaro García Linera disputam a reeleição com favoritismo de 37% nas opiniões de voto, o que lhes garantiria a reeleição já no primeiro turno.
Edição: Rodrigo Chagas