Além da Previdência, educação e soberania também levam brasileiros a parar no dia 14
- Opinión
De motoristas de ônibus a petroleiros. De estudantes a eletricitários. Milhões de trabalhadores vão paralisar suas atividades por 24 horas contra a reforma da Previdência do governo Bolsonaro (PSL) nesta sexta-feira (14). Motivada pela urgência de se enfrentar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) nº 6/2019, a Greve Geral levará as ruas outras pautas de interesse nacional.
Em todas as bases da Federação Única dos Petroleiros (FUP), os trabalhadores aderiram à paralisação no dia 14 de junho, como conta o diretor de comunicação da entidade, Alexandre Finamori. A mobilização é simbólica, já que não ocorre a paralisação completa das plantas, mas afetará a troca de turnos nas refinarias.
Os petroleiros vão aproveitar a Greve Geral para expressar descontentamento em relação a projetos que atacam a soberania do país, iniciados pela gestão de Michel Temer (MDB) e aprofundados por Bolsonaro, diz Finamori. "A gente pode elencar, de cara, as privatizações das refinarias, o fechamento da planta de biodiesel de Quixadá, no Ceará, e outros desmontes do sistema Petrobras", pontua o sindicalista.
"Inclusive, a precarização do trabalho e das condições de segurança que podem levar a situações semelhantes à da Vale, em Mariana e Brumadinho", complementa, em referência à privatização da mineradora em 1998.
O governo Bolsonaro já anunciou a venda de oito das 13 refinarias da Petrobras. O acordo de concessão entre a estatal e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) foi assinado nesta terça-feira (11), com prazo de dois anos para a venda das unidades. "Os trabalhadores estão com medo de trabalhar devido à precarização que está sendo feita, que é o caminho da privatização. Você precisa reduzir os gastos e manutenção para deixar a planta economicamente viável para a privatização", finaliza.
Em intenso processo de mobilização na luta contra cortes na Educação desde maio, estudantes, professores e funcionários de universidades e institutos federais também aderem à Greve Geral.
Vice-presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Jessy Dayane afirma que a expectativa é de que a maioria das universidades no Brasil paralise, dando continuidade aos protestos que mobilizaram 1,5 milhão de pessoas em todo o país. "Em todos os espaços onde a gente construiu diálogos, debates e processos preparatórios para a greve, a adesão é muito grande”, diz.
Além das pautas específicas da categoria contra os cortes de bolsas de pesquisas e redução do orçamento das instituições, Dayane ressalta que há um trabalho específico das organizações no sentido de aproximar a juventude à principal pauta da Greve Geral desta sexta-feira. A motivação, segundo a dirigente estudantil, é bastante objetiva: os jovens serão os mais afetados pela PEC que altera as regras para a aposentadoria e que está em debate no Congresso Nacional.
"Nosso desafio, nesse período, foi o de espalhar informação, conscientizar e fazer o debate, panfletar e passar em sala de aula explicando o que é a reforma da Previdência, porque todo mundo que tem acesso ao que ela é não se posiciona a favor", lembra.
A reforma enviada pela equipe econômica de Bolsonaro fixa idade mínima de aposentadoria em 65 anos para homens e 62 anos para mulheres. No caso dos professores, a idade mínima foi definida em 60 anos para homens e mulheres.
"Embora pareça algo distante de quem é jovem, porque não está tão próximo assim de se aposentar, eles serão também os mais impactados. Porque quem está se aposentando ainda hoje vai se aposentar nas regras atuais. Os jovens que serão impactados com as novas regras. Se for aprovada a reforma da Previdência, isso significa que os estudantes de hoje vão ter que trabalhar muito mais, ou provavelmente não vão se aposentar", completa.
Dayane também lembra que a taxa de desemprego no Brasil fechou o trimestre em 12,5%. São 13,2 milhões de pessoas sem trabalho no país, segundo dados o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Edição: Daniel Giovanaz
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