A ordem é não deixar Lula ser candidato
Além da elite, representada pela mídia familiar – o maior interessado em impedir Lula de voltar ao Planalto é o governo dos EUA.
- Opinión
A sistemática campanha de ódio que a grande mídia move há tempos contra Lula, mais precisamente desde a primeira vez em que se candidatou à Presidência da República, se intensificou agora como resposta ao sucesso da sua caravana pelo Nordeste, onde foi consagrado como o maior líder político deste país e candidato a voltar para o Palácio do Planalto. Alimentada pela Operação Lava-Jato, que lhe fornece a manchete de quase todos os dias contra o ex-presidente operário, a grande mídia parece ter tido um verdadeiro orgasmo com a delação de Antonio Palocci, abrindo grandes espaços para a divulgação das palavras do ex-ministro, consideradas o tiro de misericórdia na carreira política do ex-torneiro mecânico. Para alguns colunistas dos jornalões, que comentaram o fato em tom de comemoração, Palocci colocou a última pá de cal no sepultamento da candidatura de Lula às eleições presidenciais de 2018. Eles estão convencidos de que depois da delação do ex-ministro o líder petista vai despencar nas pesquisas de intenção de votos, onde tem se mantido na liderança com uma larga margem sobre seus concorrentes.
O depoimento de Palocci, que na verdade foi acreditado apenas pelos que desejam ardentemente o fim político de Lula, não deve alterar a vontade popular revelada nas pesquisas. O que pode impedir a sua candidatura à Presidência da República em 2018 – e evitar a sua eleição – é a Justiça partidarizada que, sob o comando do juiz Sergio Moro, vem tentando desesperadamente incriminá-lo de qualquer coisa, mesmo sem provas. Na realidade, o ex-presidente operário foi condenado muito antes da instalação da Operação Lava-Jato, que só precisa encontrar algo que possa justificar a sua condenação e, consequentemente, seu alijamento da vida pública. Há mais de dois anos o juiz e procuradores estão empenhados nessa busca, sem sucesso, o que, no entanto, não impediu que ele fosse transformado em réu em pelo menos cinco processos. Os seus perseguidores estão convencidos de que conseguirão pegá-lo num desses processos, mesmo que não haja provas, porque para prender e condenar alguém, hoje, os magistrados só precisam de convicção. Mas – pergunta-se – por que tanto ódio a Lula? Por que tanto empenho para impedi-lo de concorrer à Presidência no próximo ano? A resposta é simples: ele tirou o Brasil do mapa da fome e libertou-o da dependência dos Estados Unidos e, por isso, não deve ser presidente de novo.
Na verdade, além da elite, representada pela mídia familiar – que nunca conseguiu digerir um torneiro mecânico nordestino como Presidente da República – o maior interessado em impedir Lula de voltar ao Planalto é o governo dos Estados Unidos. Existem vários motivos para isso, entre eles a libertação do Brasil do dominio norte-americano e sua consequente aproximação da Russia e da China, passando a integrar um bloco de grande importância e expansão no contexto mundial: o Brics. Como líder natural da América do Sul, a tendência é o Brasil arrastar consigo os demais países sul-americanos, distanciando-os do Tio Sam. Há um outro motivo muito forte: nossas riquezas naturais, em especial o petróleo, que vem sendo cobiçado há muito tempo pela nação de Trump. Desde o governo de Getúlio Vargas que eles pressionam o nosso país, o que levou o caudilho gaúcho, por sua vez pressionado pelo povo, a criar a Petrobrás. Os brasileiros entreguistas, no entanto, admiradores do vizinho do Norte, vem desde aquela época trabalhando para entregar as nossas riquezas aos norte-americanos. Fernando Henrique, por exemplo, que foi eleito e reeleito com a decisiva ajuda dos dirigentes do Tesouro americano e do FMI, dos quais se tornou marionete, cumpriu em parte o programa de privatizações deles, entregando inclusive a Vale do Rio Doce.
FHC, no entanto, não conseguiu entregar a eles o que mais desejavam: a Petrobrás. Mas tentou, depois de quebrar o monopólio do petróleo. Fatiou a empresa, para vendê-la por partes, e, atendendo à ordem emanada de lá, tentou mudar, sem sucesso, o seu nome para Petrobrax. O que ele não conseguiu, porém, está sendo feito agora por Michel Temer, também entreguista e fruto de um golpe inspirado e orientado pelos estrategistas americanos, que espionavam a Petrobrás e, também, a presidenta Dilma Roussef, conforme denunciou o Wikileaks. Não foi por acaso que Pedro Parente, que foi chefe da Casa Civil de FHC, foi colocado na presidência da Petrobrás. A equipe econômica de FHC era constituída por brasileiros formados nas principais universidades americanas, com estreitas ligações com os dirigentes daquele país, o que facilitou a tarefa de desnacionalizar nossas estatais. Entre eles estavam Pedro Parente, Pérsio Arida, Arminio Fraga, Pedro Malan, Lara Resende, Edmar Bacha, todos norte-americanos de coração. Persio Arida, segundo revelou o ex-presidente Itamar Franco, queria privatizar tudo, inclusive o Banco do Brasil e a Caixa Econômica. A propósito, o jornalista Mauro Santayanna, chegou a dizer, em artigo no “Correio Braziliense”, na época, que “eles não agem como brasileiros, porque pouco lhes interessa a miséria, a fome e a morte de nossa gente. Se ainda continuam aqui é porque aqui é mais fácil ganhar o dinheiro que investirão em sua pátria de escolha, os Estados Unidos”.
Além da mídia, que vem desenvolvendo há tempos uma campanha sistemática contra Lula, como parte da estratégia montada pelos americanos para impedi-lo de voltar a ser Presidente – já que foi ele que interrompeu a entrega de nossas riquezas, pagou ao FMI a dívida contraída por FHC e tornou o país realmente independente – também faz parte dessa operação para eliminar o ex-torneiro mecânico o juiz Sergio Moro, igualmente com estreitas ligações com o país do Tio Sam, para onde dizem que pretenderia se mudar por uns tempos. Ele está afinado com a mídia e com o programa de destruição de nossas grandes empresas, com a consequente demissão de milhares de trabalhadores. Até a construção do nosso submarino nuclear foi prejudicado pela Lava-Jato. E se Temer continuar no poder vão entregar também a base espacial de Alcântara, negocio iniciado ainda no governo de FHC. Se depender de Temer, aliás, também será entregue a Amazonia, onde ele extinguiu a Renca e onde o exército norte-americano fará exercícios militares ainda este ano. A julgar, portanto, pelo andamento do entreguismo, faltaria pouco para a sua anexação ao país de Trump.
- Ribamar Fonseca é jornalista e escritor
14 de Setembro de 2017
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