Marta Harnecker exorta à unidade da esquerda equatoriana
31/08/2011
- Opinión
Marta Harnecker define-se como uma pedagoga política identificada plenamente com a construção de uma nova esquerda latino-americana. Por isso, quando fala do atual processo político equatoriano fala de “nós todos” e observa muito preocupada as tensões entre os diferentes setores da esquerda.
Em Quito, durante a apresentação de seu mais recente livro, “Equador: uma nova esquerda em busca da vida na plenitude”, mostrou-se especialmente comovida pelas profundas diferenças entre o governo e o movimento indígena. A exposição de Harnecker terminou subitamente, a beira das lágrimas, com um apelo para deixar as diferenças de lado: “vamos nos unir porque o projeto é mais importante que tudo”, exortou com a voz embargada.
Antes, a autora de origem chilena havia lembrado a experiência que viveu em seu país natal. Desde seu ponto de vista, na experiência chilena com Allende “perdemos não só porque houve um golpe militar”, mas sim porque se rompeu a grande base popular. Houve “uma estratégia do inimigo e uma incapacidade nossa, da esquerda, de não entender que esses processos só vão adiante se temos um amplo apoio popular”. Mais ainda, ela acredita que sem essa ruptura na base popular o golpe militar não teria prosperado no Chile.
No caso equatoriano, Harnecker observa um enfraquecimento do processo de mudança especialmente em função da consulta popular que dividiu as esquerdas em posições quase irreconciliáveis. Mas a intelectual, que se considera otimista e utópica, acreditava que depois da consulta viria o momento da recomposição. No entanto, até o momento não se vê uma rearticulação da esquerda equatoriana.
Neste sentido, a ativista política tem esperança que seu livro, especialmente o capítulo Governo e Movimentos Sociais, ajude a reconciliação, uma vez que ela tratou de recolher distintas opiniões sobre essa relação. No capítulo mencionado, podem se apreciar “as críticas dos movimentos ao governo, as críticas do próprio Alberto Acosta, que estava magoado pelo tema da Constituinte, e os erros do movimento indígena”, explica a autora.
Harnecker assinala que estes enfrentamentos geralmente constroem estereótipos de um suposto inimigo, mas analisando os diferentes pontos de vista dos atores nos damos conta de que há mais pontos de concordância que de divergências, mas muitas vezes “não somos capazes de ouvir o outro”.
A investigadora chilena observa que todo processo de transição é longo e difícil, “porque não estamos transitando para o poder como nas revoluções passadas com todo o aparato do Estado. Agora os poderes factuais estão aí, os poderes econômicos, os poderes midiáticos, etc. Pouco a pouco vamos conquistando espaços de institucionalidade, mas temos estes grandes poderes se opondo. Por isso, a fortaleza de nossos governos deve ser a organização popular, é o povo que constrói a nova sociedade. Não pode ser o Estado o elemento que vai construir o socialismo. Por isso apostamos e acreditamos na organização popular”. (Tradução: Katarina Peixoto)
Em Quito, durante a apresentação de seu mais recente livro, “Equador: uma nova esquerda em busca da vida na plenitude”, mostrou-se especialmente comovida pelas profundas diferenças entre o governo e o movimento indígena. A exposição de Harnecker terminou subitamente, a beira das lágrimas, com um apelo para deixar as diferenças de lado: “vamos nos unir porque o projeto é mais importante que tudo”, exortou com a voz embargada.
Antes, a autora de origem chilena havia lembrado a experiência que viveu em seu país natal. Desde seu ponto de vista, na experiência chilena com Allende “perdemos não só porque houve um golpe militar”, mas sim porque se rompeu a grande base popular. Houve “uma estratégia do inimigo e uma incapacidade nossa, da esquerda, de não entender que esses processos só vão adiante se temos um amplo apoio popular”. Mais ainda, ela acredita que sem essa ruptura na base popular o golpe militar não teria prosperado no Chile.
No caso equatoriano, Harnecker observa um enfraquecimento do processo de mudança especialmente em função da consulta popular que dividiu as esquerdas em posições quase irreconciliáveis. Mas a intelectual, que se considera otimista e utópica, acreditava que depois da consulta viria o momento da recomposição. No entanto, até o momento não se vê uma rearticulação da esquerda equatoriana.
Neste sentido, a ativista política tem esperança que seu livro, especialmente o capítulo Governo e Movimentos Sociais, ajude a reconciliação, uma vez que ela tratou de recolher distintas opiniões sobre essa relação. No capítulo mencionado, podem se apreciar “as críticas dos movimentos ao governo, as críticas do próprio Alberto Acosta, que estava magoado pelo tema da Constituinte, e os erros do movimento indígena”, explica a autora.
Harnecker assinala que estes enfrentamentos geralmente constroem estereótipos de um suposto inimigo, mas analisando os diferentes pontos de vista dos atores nos damos conta de que há mais pontos de concordância que de divergências, mas muitas vezes “não somos capazes de ouvir o outro”.
A investigadora chilena observa que todo processo de transição é longo e difícil, “porque não estamos transitando para o poder como nas revoluções passadas com todo o aparato do Estado. Agora os poderes factuais estão aí, os poderes econômicos, os poderes midiáticos, etc. Pouco a pouco vamos conquistando espaços de institucionalidade, mas temos estes grandes poderes se opondo. Por isso, a fortaleza de nossos governos deve ser a organização popular, é o povo que constrói a nova sociedade. Não pode ser o Estado o elemento que vai construir o socialismo. Por isso apostamos e acreditamos na organização popular”. (Tradução: Katarina Peixoto)
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