Chávez diz que vencerá ‘batalha’ contra o câncer
04/07/2011
- Opinión
'Tenho certeza que vocês compreendem as dificuldades dessa batalha', declarou à multidão
O presidente venezuelano, Hugo Chávez, fez na noite desta segunda-feira seu primeiro pronunciamento público desde que voltou à Venezuela e prometeu "vencer essa batalha", em referência ao tumor cancerígeno que lhe forçou a passar por uma cirurgia em Cuba.
Diante de milhares de simpatizantes aglomerados em frente à sacada do palácio presidencial em Caracas, Chávez beijou a bandeira da Venezuela e pediu que "ninguém acredite que minha presença aqui neste 4 de julho significa que ganhamos".
"Tenho certeza de que vocês compreendem perfeitamente as dificuldades desta batalha."
Chávez retornou à Venezuela na madrugada desta segunda-feira, após quase um mês em Cuba, onde foi submetido a tratamento médico.
Ele disse que está começando "a refazer e vencer o mal que se instalou" em seu corpo e agradeceu novamente o ex-líder cubano Fidel Castro, quem lhe deu o diagnóstico de câncer e lhe convenceu a passar por uma cirurgia.
"Os dias que passaram não foram nada fáceis. (...) Mas aqui estou, aqui estamos, prontos para a segunda, a terceira, a quarta e todas as (etapas) que vierem."
"Juro que ganharemos essa batalha", afirmou.
O presidente apareceu na varanda do palácio presidencial em Caracas vestido em um traje militar verde e acompanhado de duas de suas filhas. O discurso teve tom efusivo e durou pouco mais de 30 minutos.
Chávez voltou a prometer que cumprirá o rígido tratamento médico, que requer descanso e boa alimentação. Disse ter "iniciado o retorno" no dia 24 de julho, quando levantou da cama e deixou a Unidade de Terapia Intensiva.
Vários simpatizantes choravam enquanto o presidente relatava detalhes da cirurgia. Aos prantos, a aposentada Clory Moura disse à BBC Brasil que chegou a fazer uma promessa "para que Jesus me trouxesse ele (Chávez) de volta".
Outros disseram que foram pegos de surpresa, na madrugada, com a volta do presidente. "Nunca pulei da cama tão feliz", disse Dalgi Carvajal.
Dependência
A ausência de Chávez não somente assustou a sua equipe de governo, como evidenciou ao bloco chavista a necessidade de consolidar as estruturas do poder para além de Chávez.
O ministro de Planificação e Desenvolvimento, Jorge Giordani, admitiu à BBC Brasil que o governo ainda depende fundamentalmente da liderança do presidente.
"Quando toda essa alegria e esperança que estamos vendo se converter em organização e poder popular, essa revolução será irreversível", disse.
O ministro da Defesa, Carlos Mata Figueroa, disse que descarta tentativas de desestabilização, dentro e fora das Forças Armadas. "A lealdade das Forças Armadas com Chávez está mais forte que nunca", disse. "Quem vai se atrever a dar um golpe, vendo a fortaleza desse povo?"
Segundo analistas ouvidos pela BBC Brasil, a volta de Chávez fortalece a ideia de "unidade" em torno de seu governo e dissipa rumores de disputas internas entre os diferentes setores políticos do chavismo.
"Chávez necessita manter a unidade da revolução e só pode fazer isso estando perto das rédeas do poder", afirmou à BBC Brasil Luis Vicente León, analista político da consultoria Datanalisis.
No dia 30 de junho, o presidente venezuelano admitiu que foi submetido a uma cirurgia para retirada de um tumor cancerígeno na região pélvica, mas até agora não se sabe publicamente qual a gravidade da doença.
Chávez terminou seu discurso na noite desta segunda dizendo que participará das comemorações do Bicentenário da Independência do país.
- Claudia Jardim de Caracas para a BBC Brasil
https://www.alainet.org/es/node/150976
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