Exército nas favelas: desastre anunciado
07/03/2006
- Opinión
Temos o maior respeito pelo Exército, mas não podíamos deixar de criticar a desastrada operação em favelas cariocas. Sob o argumento de que precisa recuperar 10 fuzis e uma pistola roubados de um quartel de São Cristóvão, mobilizou mais de 1.500 soldados, helicópteros e carros de combate. O efetivo é maior do que o enviado ao Haiti, país que está à beira de uma guerra civil. O surpreendente é que o Rio de Janeiro já viveu momentos de pânico com a onda de violência e os nossos militares preferiram ficar nos quartéis. Pela leitura deste acontecimento dá a impressão de que os cidadãos podem ser roubados a vontade enquanto fazer isso com eles é uma “afronta”. Afinal, quem deu a ordem de comando para esta operação? Ela tem o respaldo da Constituição?
Outra pergunta que não quer calar: quanto está custando a mobilização destas tropas? Qual é o resultado até o momento? Pelo noticiário até o fechamento desta nota, o máximo que se conseguiu foi prender um homem carregando três papelotes de cocaína. O que está claro nesta história é que quem praticou esta ousadia de invadir um quartel do exército teve respaldo e informações de dentro da corporação. Não teria sido mais prático realizar um amplo trabalho de investigação para chegar aos marginais?
Outra coisa que incomoda: os militares têm ordem judicial para ocupar comunidades carentes e invadir domicílios? Se fosse na Zona Sul, a classe média já teria botado a boca no trombone.
E a governadora Rosinha Garotinho o que acha disso? Tempos atrás criticava duramente ações isoladas do Exército em favelas cariocas. Pelo visto, desta vez, a nossa mandatária ficou sabendo do fato pelos jornais.
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