Os pop stars da crise
03/10/2005
- Opinión
Na onda da crise política que domina o País, principalmente com as denúncias que têm a cobertura maciça da televisão, dos jornais e revistas, surgiu uma estranha fauna de personagens obcecados pela ânsia de aparecer a qualquer custo. Para eles pouco importa que as irregularidades sejam apuradas e seus autores condenados. O que querem é gozar de seus 15 minutos de glória, que na verdade se prolongam por dias e meses, torrando a paciência de todos nós. Trata-se dos pop stars da moralidade, que procuram faturar o máximo com sua presença na mídia.
Nesse cenário pestilento, são muitas as aves raras corvejando sobre a carniça. Em primeiro lugar, aparecem os tartufos do PFL e do PSDB, esquecidos de seu passado recente, com as mãos e os pés mergulhados no maior de todos os escândalos, que foram as privatizações do governo FHC e seus bilhões e bilhões de reais furtados à Nação. A começar pelo próprio FHC, o capo dessa sinistra cosa nostra, que, depois de vender a alma ao demônio do grande capital, entregou-se à obra de demolição do estado brasileiro, a serviço dos novos patrões. O füher Bornhausen, com sua pose de cardeal do Santo Ofício, a distribuir condenações a torto e à direita. Arthur Virgílio, o incansável pit bull tucano, afilando os dentes a cada diatribe proferida. O deputado Eduardo Paes, empinado como um coqueiro, tentando mascarar suas origens partidárias. Ou ainda o rechonchudo herdeiro do senhor prefeito, perdido em meio às próprias denúncias que não soube comprovar. Talvez a mais extravagante seja o netinho de ACM, que, negando o DNA familiar, se transformou em um dos varões da decência no Congresso.
Mas eles têm companhias ilustres, que se revelam a cada capítulo da novela dos escândalos: a secretária Karina, que quase chegou a posar peladona para revistas masculinas e quer ser deputada; o dono de restaurantes que, aproveitando a maré, pretende também entrar para a política; a cafetina Jeany Mary, que até agora não explicou quais são seus planos, que devem ser ambiciosos, pois financiadores por certo não lhe faltarão; e até mesmo os senhores Delúbio e Valério – por que não? – com o dinheiro que manipularam, já devem estar de olho em algum cargo que lhes garanta imunidade.
Há pessoas honestas empenhadas realmente em apurar as maracutaias e falcatruas cometidas sob as asas protetoras do governo petista. Todo o apoio a elas, para que os criminosos sejam punidos e punidos exemplarmente. Porém não podemos deixar que perdure indefinidamente, em torno da crise, a farsa daquela corja de picaretas e oportunistas, que se disfarçam de vestais para esconder seu coração prostibular.
A moralidade que queremos não é a do PFL e do PSDB, nem dos comparsas que os acompanham. Pelos seus antecedentes, esta gente deveria ser proibida para sempre de falar no assunto.
-José Maria Rabêlo, jornalista
https://www.alainet.org/es/node/113130
Del mismo autor
- Os verdugos e suas vítimas 10/01/2007
- Os pop stars da crise 03/10/2005
- O PT e sua crise 17/02/2005
Clasificado en
Clasificado en:
![Suscribirse a America Latina en Movimiento - RSS](https://www.alainet.org/misc/feed.png)