Depois de marcharem 200 quilômetros, camponeses do Movimento dos Atingidos por Barragens/MAB, Movimento Sem Terra/MST, Movimento dos Pequenos Agricultores/MPA e Comissão Pastoral da Terra/CPT chegaram ontem (5) a João Pessoa/PB. Com o corpo cansado, os 300 militantes afirmavam que a esperança de restabelecerem suas condições de vida é o que motivava o início de cada um dos 10 dias de caminhada. Na capital do estado, hoje (6) os agricultores realizam manifestações e por duas horas nesta manhã, quase 700 pessoas trancaram três rodovias que dão acesso à Campina Grande, Recife e Rio Grande do Norte. Elas aguardavam do governador do Estado, Cássio Cunha Lima, uma audiência que foi agendada para às 17 horas. Segundo Abel Francisco Andrade, coordenador estadual do MAB, o eixo da discussão será a solução dos problemas enfrentados pelos atingidos por Acauã. O MAB exige do governo estadual a imediata desapropriação de terras para reassentamento das 900 famílias que foram atingidas pela barragem. Destas, 700 famílias ainda não tiveram nenhum tipo de indenização. E as que receberam estão confinadas em quatro conjuntos habitacionais rurais sem o mínimo de infraestrutura necessária para uma condição de vida decente. Outro ponto da audiência é a assinatura de um Termo de Ajuste de Conduta (TAC). Acauã é de responsabilidade do estado da Paraíba e segundo o MAB, é do governo o compromisso em solucionar os problemas deixados na região. Abel diz ainda que a marcha foi muito positiva, pois a Via Campesina, organização que congrega os movimentos que marcharam, ficou mais conhecida no Estado. "Em cada cidade que passávamos, nós conversávamos com os moradores das vilas e estudantes, tínhamos uma recepção muito boa e as pessoas se interessava em discutir os problemas do povo brasileiro. Cada vez mais os movimentos do campo devem ser incentivadores para as mobilizações urbanas", afirma o coordenador. Grito dos Excluídos Apesar de comumente ser realizado no dia 7 de setembro, o Grito do Excluídos na capital paraibana se realiza hoje à tarde, no centro da cidade, como a presença dos marchantes, movimentos urbanos e a Igreja. Com a manifestação, os movimentos reivindicam mudanças na forma como vem sendo conduzida a política e a economia do país. Para eles, é preciso reduzir o "sangramento" de riquezas para o pagamento de juros da dívida externa e ampliar os investimentos em políticas públicas, capazes de trazer mais qualidade de vida para a população. O Grito é um movimento que mobiliza pessoas de grandes metrópoles, de médias e pequenas cidades brasileiras. A cada ano, há manifestações em aproximadamente 1.200 lugares diferentes do Brasil. Neste ano se realiza a 11ª edição e terá como lema "Brasil, em nossas mãos a mudança". Todos os anos, o Grito dos Excluídos coloca em discussão temas que costumam ficar fora da pauta dos grandes veículos de comunicação e do governo, como reforma agrária, subemprego, dívida externa.