Uma outra Amazônia com diversidade, soberania e paz
13/01/2005
- Opinión
De 18 a 22 de janeiro, em Manaus, milhares de pessoas estarão
renovando no IV Fórum Social Pan Amazônico os objetivos de uma
outra Amazônia possível: a soberania dos povos amazônicos, a
diversidade cultural e ecológica, a paz social para um novo
desenvolvimento. Serão dezenas de eventos organizados em pontos
do centro histórico da cidade, situada nas margens do encontro
entre os rios Negro e Solimões. São esperadas oito mil pessoas
vindas de diversos estados brasileiros, dos países vizinhos e
até mesmo de outros continentes. Na maioria, lideranças
comunitárias que conseguiram viabilizar caravanas com muita
persistência e solidariedade.
Como aconteceu em 2002 e 2003 (em Belém, no Pará) e em 2004 (em
Ciudad Guyana, na Venezuela), as oficinas e seminários foram
inscritas em cada eixo diretamente pelos grupos proponentes.
Dessa maneira, a leitura dos eixos de soberania, paz e
diversidade é bastante subjetiva e deve ser refeita de acordo
com os interesses dos participantes. As conferências, por outro
lado, buscam temas amplos que marcam as linhas de força do
evento: sociobiodiversidade e globalização, construção da
autonomia popular, descolonização e geopolítica, acordos
multilaterais e grandes projetos, territórios comunitários e
especulação, estratégias populares de resistência,
industrialização e agronegócio, cultura local e indústria
cultural.
Nos seminários e oficinas, uma das análises possíveis é que o
tema mais presente é diversidade, seguido pela construção da
paz e em seguida pela defesa da soberania. Neste caso, o
primeiro representa a valorização da diversidade humana e
ecológica da Amazônia. O segundo abrange as alternativas
sustentáveis de desenvolvimento. E o terceiro tema abordaria
tanto a conjuntura política como as ameaças na Amazônia
Continental.
No eixo da soberania estariam sendo discutidos, dessa maneira,
temas tão diversos como a mineração, a soja, a integração de
infraestrutura sulamericana, os grandes projetos governamentais,
os acordos de livre comércio, o petróleo, as condições de
trabalho, a discriminação, as fumigações do plano colômbia, as
questões de saúde ou da violência contra crianças e
adolescentes e a militarização.
No eixo da diversidade, por outro lado, estariam sendo
discutidas questões como os ribeirinhos, as culturas ancestrais,
o guaraná, as mulheres e as águas, a memória e saúde
afrobrasileiras, a biodiversidade, o hip hop, o ecossocialismo,
as políticas para a juventude, as relações entre tecnologias e
patrimônio cultural, as relações entre o rural e o urbano, as
águas e as terras, a relação entre teatro e rituais indígenas,
o maracatu, o jornalismo intercultural, a aliança dos
movimentos da floresta e as fotografias de lata.
No eixo da paz, construindo essa outra Amazônia possível,
estariam colocadas as questões da agricultura sustentável, dos
conhecimentos locais, da agroecologia, das práticas da paz, do
manejo florestal comunitário, das rádios comunitárias, dos
negócios sustentáveis, da educação cidadã, da sincronicidade,
das concessões florestais, dos congressos das cidades, das
relações entre sustentabilidade e vida, da multiplicação de
agendas 21, da técnica de caretas contra distúrbios pessoais,
da geração de renda, do uso de recursos naturais, da economia
solidária, dos objetos reciclados, das relações entre sociedade
e ambiente.
A circulação entre os diversos eventos do fórum, para quem
estiver presente em Manaus, vai ser facilitada pela
concentração de todos no centro histórico da cidade, incluindo
as atividades culturais do início da noite. Esses lugares, com
auditórios e salas, são o Colégio Brasileiro (Rua 10 de Julho,
próximo ao Teatro Amazonas), o Colégio Estadual (Avenida 7 de
Setembro, próximo da Praça da Polícia), o Porto de Manaus
(próximo ao Largo da Matriz), o Colégio Francisca Albuquerque
(Avenida Joaquim Nabuco, próximo ao Colégio Brasileiro) e o
Colégio Santa Teresinha (Avenida 7 de Setembro, próximo ao
Colégio Estadual).
Até mesmo a marcha de abertura, na tarde do dia 18 de janeiro,
vai acontecer entre a Praça da Polícia e o Largo São Sebastião
(em frente ao Teatro Amazonas). Dessa maneira, os participantes
sul-americanos ou de outros continentes vão apreender
rapidamente a geografia da região central de Manaus, com a
massa de água do rio Negro num extremo e os casarões do auge da
borracha no outro. A maioria também não deve estranhar a
temperatura quente dessa época do ano, abrandada
esporadicamente por chuvas tropicais. Muitas livrarias e
espaços culturais, alguns com eventos eruditos de entrada
franca, espalham-se por esse circuito. Outros possíveis pontos
de interesse como a Ponta Negra, o Amazonas Shopping. o Bosque
da Ciência ou mesmo os clubes de forró (conhecidos na região
como "bregas") estão mais distantes mas podem ser acessados por
linhas de ônibus.
Para quem não conseguiu mobilizar suas entidades para estar em
Manaus, é possível acompanhar o IV Fórum Social Pan Amazônico à
distância. Agências públicas ou independentes como a
www.radiobras.gov.br ou a www.agenciacartamaior.com.br são
algumas que confirmaram a presença no evento, em alguns casos
com transmissões ao vivo em rádio, tevê e internet. Um
coletivo de comunicadores também está trabalhando para formar
uma transmissão eletrônica do próprio fórum, que poderá ser
confirmada no sítio www.ivforumpan.com.br.
O fórum será aberto em uma cerimônia de autoridades seguida
pela marcha popular na tarde do dia 18 e depois segue com
atividades até o dia 22 de janeiro. As conferências acontecem
no período da manhã e as oficinas e seminários no período da
tarde. Em todas as noites atrações musicais, folclóricas e
cinematográficas estarão encerrando a programação em diversas
praças do centro.
O Fórum Social Pan Amazônico é uma etapa regional do Fórum
Social Mundial. Sua quarta edição, em Manaus, é coordenada pela
Central Única dos Trabalhadores (CUT), Grupo de Trabalho
Amazônico (Rede GTA) e Sindicato dos Escritores do Amazonas com
apoio de Cáritas Brasileira, FASE Pará, Fórum da Amazônia
Oriental (FAOR), CNBB, ABONG, Associação de Universidades
Amazônicas (Unamaz), CONAIE - Equador, UTG - Guiana Francesa,
Movimento por La Água – Bolívia. Também contam entre os apoios
o Governo do Amazonas, o Ministério do Meio Ambiente, a
Prefeitura de Manaus e a Superintendência da Zona Franca de
Manaus.
Programação completa em www.ivforumpan.com.br
Contatos em contato@ivforumpan.com.br e (092) 231 1772.
Rede GTA - Grupo de Trabalho Amazonico SAIS Lote 08 Galpão 01
Canteiro Central do Metro CEP 70610-900 Brasília DF Tel. (61)
346 7048
Coordenações regionais:
Acre, Altamira, Alto Solimões, Amapá, Babaçu, Baixo Amazonas,
Bragantina, Carajás, Marajó, Mato Grosso, Médio Amazonas, Pesca,
Rondônia, Roraima, Tefé e Tocantins.
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