NÓS mulheres trabalhadoras rurais, pequenas agricultoras, pescadoras artesanais, quebradeiras de coco, sem terra, índias, negras, descendentes de europeus, representantes de todos os Estados do nosso País. Somos mulheres trabalhadoras rurais organizadas em nossos movimentos. Nossa vida tem sido sobreviver no campo, porque as conseqüências econômicas, políticas, culturais e sociais do projeto Neoliberal, aplicado em nosso país, devastou a agricultura, aumentou a exploração das trabalhadoras e trabalhadores e a discriminação das mulheres. Além dos estragos próprios da abertura do mercado para os produtos agrícolas de outros países, que inviabilizou a nossa produção, a crise atingiu toda a agricultura brasileira. São meios de produzir saindo de nossas mãos, são as nossas filhas e filhos que perdem o chão, são as bocas das nossas filhas e filhos que perdem o ganha pão. Vivemos a insegurança de ver avançando no campo o plantio de sementes geneticamente modificadas, sem sentir com vigor a fiscalização e nem medidas seguras para o controle e combate já que não temos nem um estudo seguro que diga das conseqüências que os transgênicos trazem à humanidade. Nossa vida tem sido enfrentar filas nos postos de saúde e nos hospitais, vender o pouco que se tem para pagar remédios e cirurgias, a cada dia expor-se a fertilizantes e venenos exigidos pelas empresas para poder plantar. Entregamos nossa saúde e nossas vidas para aumentar o lucro das multinacionais dos remédios. Nossa vida tem sido a insegurança de chegar a velhice sem aposentadoria, de perder o salário maternidade, de expor-se permanentemente aos perigos da lavoura, sem ter o direito ao auxílio acidente de trabalho, pois a burocracia e as leis muitas vezes nos impedem o acesso. Vivemos o não acesso à educação para nós e nossas filhas e filhos. Só entre as mulheres, no Brasil, existem 6,5 milhões de agricultoras analfabetas. Sofremos a violência que faz mais vítimas por dia do que qualquer guerra. Essa situação se agravou ainda mais pela condição em que é colocada a mulher na sociedade capitalista. Marcada pelo machismo e a discriminação. NÓS trabalhadoras rurais, sentimos em nosso corpo, em nossa vida cotidiana as marcas de um modelo cruel e injusto. Nossa vida tem sido lutar e lutar. Não nos acovardamos diante das injustiças: geramos a vida e de forma organizada, estamos na luta construindo um Novo Brasil. Estamos mobilizadas em nossos Estados de 05 a 10 de março, lutando: 1. Por Novo Projeto Popular para o Brasil aonde o povo tenha: comida, terra e trabalho, salário justo, educação, dignidade; 2. Pela Previdência Pública e Universal, pela nossa condição de seguradas e segurados especiais e pela garantia de nossos direitos; 3. Pela efetiva implementação do SUS - Sistema Único de Saúde e de políticas e ações de atenção integral a saúde da mulher; 4. Por Reforma Agrária; 5. Por crédito especial e subsidiado às mulheres para desenvolverem suas experiências; 6. Por preços justos de nossos produtos agrícolas. 7. LUTAMOS Contra a guerra e pela Paz Contra a ALCA (Área de Livre Comércio das Américas), em defesa da Base de Alcântara e pela Soberania Nacional Contra os produtos transgênicos e por uma agricultura ecológica Lutamos acima de tudo porque acreditamos na força e coragem das mulheres trabalhadoras que lutam para fazer de nosso País a nossa pátria, a nossa mãe de braços infinitos, que acolhe a todos e a todas num abraço que só as embaladas pela justiça, igualdade de direitos e solidariedade poderão desfrutar. - O Dia 8 de Março, Dia de Luta, Resistência e Compromisso, marca que nasce do fogo que queimou as 129 operárias das indústrias têxteis em 1857, na cidade de Nova York (EUA) por não aceitarem as péssimas condições a que estavam submetidas: entraram em greve, exigiram igualdade salarial, redução da jornada de trabalho de 14 para 10 horas diárias e fim da demissão das operárias grávidas. - Hoje somos NÓS as continuadoras da LUTA pelos DIREITOS, pela IGUALDADE e pela VIDA! Mulheres Trabalhadoras Rurais na LUTA pelos DIREITOS construindo um PROJETO POPULAR Brasília, 05 a 10 de março de 2003 Articulação Nacional de Mulheres Trabalhadoras Rurais
COORDENAÇÃO NACIONAL