O Presidente Lula tem Diploma ou aprendeu a ser Presidente?
06/11/2002
- Opinión
Para ser presidente é preciso ter diploma de economista? Certamente que não. Apesar
desta máxima ter sido explorada nas últimas eleições, na verdade, ter diploma de
economista, e de preferência nas Escolas mais ortodoxas, talvez seja uma condição do
Mercado para que alguém assuma o Ministério da Fazenda. Mas o diplomado, nem sempre
é garantia de crescimento e emprego, mas para o Mercado os juros altos são
suficientes.
Para ser presidente é preciso ter diploma de sociólogo? Certamente que não.
Acreditamos fosse esse um requisito e acabamos esperando por um pacto social,
reformas e a Prática da Independência que não aconteceram.
Para ser Presidente é preciso ter diploma? Certamente que não. Prova disso, Luiz
Inácio Lula da Silva é o novo Presidente do Brasil.
O Presidente Lula mostrou ao Povo sua capacidade de aprender e conhecer, na
complexidade da vida, a si, as pessoas e, principalmente, o Brasil e o Mundo. Isso
faz com que o Presidente Lula de hoje seja muito diferente de ontem e, certamente,
muito diferente de amanha. Assim deve ser, porque a vida nos brinda com a
oportunidade do aprendizado contínuo.
Afinal, o que é preciso aprender para ser bom Presidente?
Para ser bom Presidente não é preciso nada mais que conhecer os dez saberes do bom
governante:
(i) Saber perguntar e ouvir; (ii) Saber enxergar o todo e a todos; (iii) Saber
articular forças em rede; (iv) Saber inventar o futuro; (v) Saber criar confiança;
(vi) Saber definir prioridade e objetivos; (vii) Saber organizar equipes; (viii)
Saber delegar poderes; (ix) Saber avaliar resultados; e finalmente, (x) Saber
educar pelo exemplo. (adaptado de Sotero, Frederico "Os dez saberes dos bons
governantes" ).
Aqueles que praticarem estes saberes serão reconhecidos como grandes lideranças,
como estadistas.
A prática destes saberes exigirá profundas mudanças neste Estado Burocrático que aí
está. É preciso estabelecer novo modelo de organização para o Estado, que propicie a
realização de gestão participativa em rede, compartilhando poderes e
responsabilidades. Para isso é fundamental descentralizar, romper a fragmentação da
máquina, ampliar sua capacidade de apresentar soluções para os problemas da
sociedade, mesmo reduzindo seu custo. É imperioso formar rede incluindo a todos para
que cada um assuma seu papel na tarefa do desenvolvimento humano, seja ele,
trabalhador empregado ou não, empresário, político, funcionário público, religioso e
líder social.
Estes saberes são fundamentais na resolução dos problemas da sociedade brasileira
neste século que se inicia. Nosso Presidente e cada um dos governantes desta Nação
carregam a esperança de um povo que acredita, nunca como antes que mudanças podem
realmente acontecer. Isso lhes coloca a responsabilidade de romper as barreiras
ideológicas, partidárias e pessoais em favor de franco diálogo de todos em busca da
soma das forças em rede, que projete futuro, onde reine a confiança, onde cada um
faça seus, os objetivos e prioridades de todos, onde equipes públicas e privadas
exerçam seus poderes em busca dos melhores resultados, com a dignidade de educar as
próximas gerações com o exemplo.
Será que todos os políticos que elegemos na última eleição são portadores dos dez
saberes dos bons governantes? Deve ser nossa prioridade cobrar de cada um dos nossos
governantes o aprendizado e prática destes saberes! Para isso, é fundamental
participar efetivamente da gestão pública estabelecendo interlocução propositiva que
passe o Brasil a limpo. Você está consciente da importância de ser um cidadão-
gestor?
* Frederico Sotero é consultor em gestão do conhecimento e políticas públicas,
especialista em Desenvolvimento Local e Diretor do Instituto Gestão Participativa em
Rede.
https://www.alainet.org/es/node/106574?language=en