Direitos humanos no Brasil 2015
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Sumário
Prefácio
Introdução
Reversão do ciclo de crescimento com políticas econômicas antissociais clamam por rearticulação em defesa dos pobres
Guilherme C. Delgado
Dilemas da economia brasileira: romper com a “cultura do silêncio”
Thomaz Ferreira Jensen
A crise permanente do agronegócio
Maria Luisa Mendonça
A crise financeira mundial e a especulação com terras agrícolas no Brasil: o caso da grilagem de terras pela Radar S/A no Sul do Maranhão e do Piauí
Fábio Teixeira Pitta
Um rastro de violência contra os povos indígenas no Brasil
Cleber César Buzatto
No caminho moroso da titulação dos territórios quilombolas, as violações de direitos avançam a passos largos
Roberto Rainha
Trajetórias da escravização e dos escravizados: a migração aprisionada
Suliane Sudano e Ricardo Rezende Figueira
O colonialismo está no DNA do Brasil
Antônio Canuto
Desafios da agricultura camponesa no século XXI
Marcelo Leal e Frei Sérgio Görgen
O que são as Comunidades Brejeiras?
Erick Kluck
No horizonte, a exaustão. O contexto da mineração no Brasil: mudanças globais, mudanças locais
Ricardo Junior de Assis Fernandes Gonçalves, Bruno Milanez e Marcelo Rodrigues Mendonça
O avanço da mercantilização da água, da energia, das mulheres e dos direitos. As barragens no Brasil: desenvolvimento para quê? E para quem?
Tchenna Fernandes Maso
As mulheres no trabalho autônomo: perfil, distribuição setorial e rendimentos
Clemente Ganz Lúcio e Milena Aparecida Pinheiro do Prado
Respostas simplistas e equivocadas para problemas complexos
Alessandro Molon
Racismo, juventude e violência policial: a urgência de uma política de segurança pública baseada em direitos
Renata Neder e Alexandre Ciconello
Violência contra as mulheres: a fé como caminho possível para enfrentá-la
Ana Claudia Mielke e Sarah de Roure
Hospitais de ensino em obstetrícia: campo de violação dos direitos das mulheres
Denise Yoshie Niy e Deborah Rachel Audebert Delage Silva
A relação entre os homens e as drogas – uma história de proibicionismo e redução de danos
Lilian de Mello Pedroso, Maria Angélica de Castro Comis e Robson Silva Thomaz
Imigração e saúde mental: desafios clínico-políticos
Ana Gebrim
Uma aposta nefasta: asfixiar o SUS e segmentar o direito à saúde no Brasil
Thiago Henrique Silva e Bruno Abreu Gomes
A crise está aí, a moradia continua faltando. Aos trabalhadores, continua a luta!
Vítor Guimarães
Consequências da privatização para o direito humano à educação no Brasil
Gustavo Bottura Paiva, Iracema Nascimento, Maria Celia Giudicissi Rehder e Salomão Barros Ximenes
As juventudes e suas inserções na educação, no mundo do trabalho e no campo da cultura
Ednéia Gonçalves, Flávia Landucci Landgraf, Maria Virginia de Freitas e Roberto Catelli Jr.
Educação em direitos humanos: trajetória revolucionária, mobilização e a necessidade de uma cultura dos direitos humanos que transforme também a política judiciária nacional
Guilherme Amorim Campos da Silva
Pressupostos e exigências das resoluções do relatório da Comissão Nacional da Verdade, exercício de solidariedade e aperfeiçoamento das instituições democráticas
Sueli Bellato
Prefácio
Defensores dos direitos humanos, movimentos sociais e organizações populares enfrentam a mais complexa conjuntura desde o final da ditadura militar no Brasil. A crise capitalista confirma os piores prognósticos quanto à sua profundidade e longa duração. Desemprego e miséria se alastram causando destruição e perda de direitos para a maioria da humanidade. Enquanto a União Europeia volta a dar as costas para o maior êxodo de refugiados desde a II Guerra Mundial, assistimos a crescentes impactos sociais da crise que atinge, com maior intensidade, os países de nosso continente.
Um processo que intensifica a voracidade do capitalismo pelo controle das fontes energéticas e dos recursos naturais, acelera a transferência de riqueza para as corporações e aumenta a exploração da classe trabalhadora. Além disso, a opressão de gênero aumenta à medida que a crise intensifica o peso do trabalho doméstico para as mulheres, que passam a ser consideradas como mão de obra supérflua no processo produtivo e são lançadas à condição de desemprego.
O Brasil é uma área central de expansão do capital, com um mercado consumidor, fontes de energia e preciosos recursos naturais estratégicos. Em nosso país, fica cada vez mais nítida a sobreposição de uma crise econômica, política e social, gerando a percepção de esgotamento de um ciclo político que possibilitou a redução da miséria e o ingresso de milhões de pessoas no mercado de trabalho.
Assistimos a uma ofensiva conservadora sem precedentes nas últimas décadas. A oposição de direita, o oligopólio da comunicação e o grande capital aproveitam-se deste ambiente para atacar a democracia, as classes trabalhadoras, as esquerdas e o governo. Na América Latina, presenciamos uma estratégia política que forma parte do imperialismo que se aproveita para retomar posições no continente e inviabilizar governos progressistas que, nos últimos 15 anos, buscaram responder às aspirações de construção de Estados-Nações com maior grau de soberania, a partir de projetos antineoliberais.
No mundo, os casos de Honduras, Paraguai, Filipinas, Líbia, Síria e Ucrânia mostram a construção do golpismo no século XXI. Já não se trata de recorrer aos golpes militares. A estratégia é aproveitar as contradições domésticas e os problemas internos a fim de agravá-los, gerar turbulência e caos para derrubar governos. Em nosso hemisfério, os objetivos são a apropriação das riquezas do pré-sal, o esvaziamento das articulações do Brics (grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e o enfraquecimento do Mercosul para incorporar Brasil e Argentina, que são as principais economias industriais na América do Sul, ao conjunto de acordos de livre comércio inter- -regionais.
Na crise, aflora a falência do sistema político brasileiro. Como num grande acerto de contas com a História, pouco a pouco percebemos os limites da transição conservadora desde a ditadura militar, e como o atual sistema político é a principal herança deixada para impedir o avanço social. Ao contrário do que a versão oficial nos diz, não houve um “acordo político” que resultasse em uma verdadeira transição democrática. As forças populares foram derrotadas e obrigadas a aceitar o ritmo e o processo imposto pela ditadura militar. O momento decisivo ocorreu na derrota das “Diretas Já”, em 1984. Para isso nos alertou, com muita insistência, Florestan Fernandes. Seguimos recalcando a violência e os crimes da ditadura, clamando pelos desaparecidos, presenciando a impunidade de torturadores, que gozam suas aposentadorias, e reconhecendo na atualidade a presença das mesmas práticas nos porões do Estado.
* Documento completo em PDF
Organização: Daniela Stefano e Maria Luisa Mendonça
Foto da capa: João Roberto Ripper
Projeto gráfico e diagramação: Zap Design
Assessoria administrativa: Marta Soares e Cláudia Felippe
Assessoria jurídica: Aton Fon Filho e Roberto Rainha
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