9a Assembléia do CMI deve afirmar a globalização alternativa
11/01/2006
- Opinión
"Um mundo sem pobreza não é apenas possível, mas está de acordo com a graça de Deus para o mundo, afirma uma convocação que cumprirá papel central na 9a Assembléia do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), em Porto Alegre, de 14 a 23 de fevereiro."
Chamada de "ÁGAPE, convocação para o amor e a ação", o documento de seis páginas resume os resultados do trabalho realizado pelo CMI e seus parceiros ecumênicos com relação à globalização econômica desde a 8a Assembléia, em Harare, em 1998. Ela também convoca as igrejas a "agir juntas pela transformação da justiça econômica".
A convocação, na forma de uma oração, convidará os participantes da Assembléia a refazer seu compromisso com o "trabalho pela erradicação da pobreza e da desigualdade", "por justiça nas relações comerciais internacionais", "pelo empréstimo responsável, pelo cancelamento incondicional da dívida e por controle e regulação dos mercados financeiros globais".
A preservação dos recursos naturais e a biodiversidade, a resistência contra a privatização dos bens e serviços públicos, a promoção de reformas agrárias, a defesa de empregos decentes e salários justos, e uma postura de fé firme contra potências hegemônicas estão entre os compromissos a serem reafirmados, e aos quais serão convocados as igrejas e o movimento ecumênico como um todo.
> A globalização alternativa dirigida aos povos do mundo
As propostas contidas na Convocação ÁGAPE foram compartilhadas com as igrejas antes da Assembléia. Elas partiram de um trabalho realizado em resposta à 8a Assembléia do CMI, que declarou que "a lógica da globalização precisa ser questionada por um modo de vida alternativa, de comunidade na diversidade".
O trabalho programático nessa área desde Harare tem tomado a forma de amplas consultas a igrejas, movimentos sociais e organismos ecumênicos, especialmente a Aliança Mundial das Igrejas Reformadas, a Federação Luterana Mundial e a Conferência das Igrejas Européias. O processo veio a ser chamado de "AGAPE: Alternative globalization addressing peoples and earth" (Globalização alternativa dirigida aos povos da Terra).
Suas conclusões, propostas e recomendações às igrejas são apontadas em um documento-base de 60 páginas, com o mesmo título, que foi elaborado como guia de estudos para uso em seminários e grupos de discussão.
O documento busca tratar de tragédias humanas causadas pela globalização econômica. Ele reflete a expectativa de que as igrejas e a família ecumênica vão além de uma crítica da globalização neoliberal e avancem para desenvolver uma visão de um mundo, justo, compassivo e includente.
Ao longo do documento, a ênfase está na transformação, segundo o tema da Assembléia, "Deus, em tua graça, transforma o mundo". Mesmo seu título - ÁGAPE - é derivado da palavra grega para "amor", usada na Bíblia como uma expressão da graça abundante de Deus, de Seu amor e do amor ao próximo.
> Para além da economia da "taça de champanhe"
Vivemos naquilo que o relatório-base chama de "economia da taça de champanhe", em que os 20% mais ricos da população são donos de 83% da riqueza do mundo, os 20% seguintes têm 11% e os 60% restantes, 6%.
Os níveis intoleráveis de pobreza que resultam desse modelo econômico são condenados pelo relatório, especialmente em bases teológicas e espirituais, que desafiam as igrejas a agir.
"Espera-se que este documento inspire as igrejas e a família ecumênica a tratar das questões complexas relacionadas à justiça econômica, que é o principal desafio de nossa época," diz Rogate Mshana, executivo de programas responsável por justiça econômica.
O texto integral (em inglês) da declaração "ÁGAPE, convocação para o amor e a ação" está disponível em:
http://www.wcc-assembly.info/en/theme-issues/porto-alegre-2006/official-...
O texto integral (em inglês) do documento-base "AGAPE: alternative globalization addressing peoples and earth" está disponível na forma de arquivo PDF em:
http://wcc-coe.org/wcc/what/jpc/agape-new.pdf
Para maiores informações contate: Juan Michel,+41 22 791 6153 +41 79 507 6363 media@wcc-coe.org
O Conselho Mundial de Igrejas (CMI) é uma comunidade de 347 igrejas, de mais de 120 países de todos os continentes e da maior parte das tradições cristãs. A Igreja Católica Romana não é membro mas trabalha em cooperação com o CMI. A Assembléia Geral é o organismo decisório máximo, e reúne-se, via de regra, de sete em sete anos. O CMI foi formalmente constituído em 1948, em Amsterdã, Holanda. Seu staff é liderado pelo secretário geral, Samuel Kobia, da Igreja Metodista do Quênia.
https://www.alainet.org/en/node/114075
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