Guerra comercial da China: O dilema político dos EUA
- Análisis
“Quando a China finalmente conquistar sua independência, interesses comerciais legítimos gozarão de mais oportunidades do que nunca. O poder de produção e consumo de 450 milhões de pessoas não é um assunto que deva permanecer como algo de interesse exclusivo dos chineses, mas que precisa envolver muitas nações. Nossos milhões de habitantes, uma vez realmente emancipados, com suas grandes possibilidades produtivas latentes libertadas para atividades criativas em todos os campos, podem ajudar a melhorar a economia, bem como elevar o nível cultural de todo o mundo.” Mao Tsé-Tung,[1] 13 de julho de 1936.
Dilema do embargo
A China moderna passou 40 de seus 70 anos sob embargos americanos e ocidentais, de modo que a rodada atual não configura uma novidade. Qual é sua probabilidade de sucesso?
Em 1949, Mao herdou o país mais pobre do mundo, devastado por um século de guerras, ocupação, doenças e fome. Os EUA imediatamente romperam todos os contatos, retiraram seus diplomatas, ordenaram que seus cidadãos voltassem para casa, proibiram trocas comerciais e financeiras e penalizaram severamente suas violações (o editor americano do China Daily News, Eugene Moy, foi preso em Danbury, em Connecticut, por aceitar o pagamento de US$ 35 do Banco da China por causa de um anúncio classificado sobre remessas de chineses no exterior), embargaram alimentos, finanças, tecnologia, suprimentos médicos e equipamentos agrícolas e excluíram a China das Nações Unidas e de todos os organismos internacionais.
O resultado? Mao dobrou a população da China, expandiu a economia duas vezes mais rapidamente que os Estados Unidos no pós-Guerra e aumentou a renda per capita chinesa em 63%. Para se ter uma ideia, durante a decolagem econômica da Alemanha entre 1880 e 1914, o crescimento foi de 33% por década, o Japão de 1874-1929 foi de 43%, a União Soviética entre 1928-58 foi de 54%, e a China entre 1952-72 foi de 64%. Exceto pela ajuda soviética limitada na década de 1950 (reembolsada integralmente e com juros em 1966), a industrialização prosseguiu sem empréstimos ou investimentos estrangeiros e sob embargos punitivos. Mao legou à China poderosas fábricas, armas nucleares, satélites e uma economia sem dívida externa e sem inflação interna.
Dilema político
As regras da OMC confrontam os EUA com um dilema político. A disparidade da renda per capita americana em relação à chinesa drenou empregos para a China. Porém, o aumento da renda per capita chinesa – que diminuirá o fluxo de empregos para lá – está elevando a riqueza nacional agregada da China e ameaçando o domínio econômico mundial da América. Aqui está um quadro:
Dilema da negociação
A habilidade de negociar é amplamente admirada entre os chineses e um de seus grandes praticantes, Xi Zhongxun – um general da Guerra Civil aos 17 anos –, viajava sozinho pelas colinas e reaparecia com exércitos rebeldes inteiros trotando alegremente atrás dele. Mao o comparou a um famoso negociador do romance Sonho das mansões vermelhas, e Xi Zhongxun treinou seu filho – o presidente Xi Jinping – até sua morte em 2002.
Jinping está agora oferecendo a Donald Trump uma vitória tática em troca de uma vitória estratégica: a China reorganizará suas preferências comerciais se os EUA reconhecerem a publicamente como seu par. O melhor amigo de Raymond Dalio, o vice-premiê Liu He, detalhou os termos de Jinping:
Suspender todas as tarifas, embargos e proibições punitivas que não sejam os da OMC anteriores à assinatura do acordo em 2001.
Todas as condições do acordo devem ser aplicadas igualmente para ambas as partes.
A oferta original de Xi em 2018 pode ser modificada, mas não alterada substancialmente.
A China tem 20 anos para implementar os termos do acordo.
Se Trump não lograr um acordo, ele diminuirá suas expectativas de reeleição, mas, caso ele concorde, reconhecerá a China como uma igual e prejudicará a credibilidade americana com aliados e adversários. Lembre-se de que as autoridades americanas ameaçaram os aliados que negociarem com a Huawei, colocando em risco seus laços de segurança. Os governos que capitularam, como o Canadá, a Austrália e a Nova Zelândia – cujas exportações dependem da China – parecerão fracos e estúpidos. Como Omar Bradley poderia muito bem ter dito, essa pode ser a guerra comercial errada, no lugar errado, na hora errada, com o inimigo errado.
Gemendo e reclamando
Embora Trump afirme que os chineses violam os direitos de propriedade intelectual americanos, os pagamentos da China por taxas de licenciamento e royalties pelo uso de tecnologia estrangeira atingiram US$ 30 bilhões anualmente, um aumento de quase quatro vezes na última década. Os processos judiciais mostram que a China é uma violadora menor de propriedade intelectual e, no mercado interno, o progresso chinês em termos de direitos de propriedade intelectual tem sido rápido e substancial. As reclamações sobre contribuições “forçadas” de propriedade intelectual em joint-ventures são insignificantes: as empresas as assinam voluntariamente para obter lucros e abrir novos mercados.
Subsídios
O governo americano gasta anualmente US$ 4,5 bilhões para subsidiar uma safra de algodão para que ela possa ser vendida a US$ 6 bilhões (de outra forma, ela custaria US$ 12 bilhões), permitindo que os produtores dos EUA exportem com lucro 3/4 de sua produção e controlem 40% do comércio mundial de algodão. O que os EUA perdem na fabricação de tecidos recuperam com suas exportações subsidiadas de algodão, os altos retornos dos investimentos de suas fábricas no exterior e produtos de algodão de baixo custo para seus consumidores. O subsídio arruína as economias das nações mais pobres do mundo. Todos os países ricos fazem isso. Há dezenas de exemplos.
Um sentido de proporção
“A verdade simples hoje é que sua economia [dos EUA] é construída sobre a economia global. E ela se baseia no apoio, o apoio gratuito, de muitos países. Então, por que vocês não vêm e … eu não digo kowtow [com uma risada], mas, ao menos, sejam legais com os países que lhe emprestam dinheiro. Falem com os chineses! Falem com os países do Oriente Médio! E retirem suas tropas! Retirem as tropas, desmobilizem muitas delas, para que vocês possam economizar algum dinheiro em vez de gastar US$ 2 bilhões todos os dias com elas. E depois diga ao seu pessoal que vocês precisam salvar e elaborar uma política financeira sustentável a longo prazo. As condições atuais não podem continuar. Está na hora do novo governo realmente dizer às pessoas: ‘Olha, é tempo de guerra, é sobre a sobrevivência de nossa nação. Não é sobre a nossa supremacia no mundo. Não vamos mais falar sobre isso. Vamos garantir o básico para o nosso sustento’. Tenho uma grande admiração pelo povo americano. Criativo, trabalhador, confiante e amante da liberdade. Mas vocês precisam ter alguém para lhes dizer a verdade. E então, comecem a perceber. E se vocês fizerem isso, exatamente como fizeram na Segunda Guerra Mundial, será ótimo novamente! Se isso acontecer, é claro – o poderio americano ainda permanecerá lá pelo menos enquanto eu estiver vivendo. Mas muitas pessoas estão apostando no outro lado.” – Gao Xiqing, presidente da China Investment Corporation.
Nem a China nem os EUA são excessivamente dependentes do comércio. O comércio representa 26% do PIB americano, e 37% do chinês – em comparação com 56% do canadense e 86% do europeu. As importações chinesas representam 18,7% do PIB, e as importações dos EUA 14,6% do PIB.
Nos últimos dez anos, a China reduziu constantemente sua dependência generalizada do comércio, principalmente com os EUA. As exportações líquidas da China – exportações menos importações – são 2% do PIB. Desde 2007, o superávit em conta corrente global da China caiu de 10% do PIB para 1,4%, mas o déficit americano permaneceu inalterado.
A tarifa média chinesa sobre produtos fabricados nos EUA é de 20,7%, comparada a 6,7% sobre produtos concorrentes de países em conformidade com a OMC (151 países apresentaram queixas da OMC contra os EUA, 85 contra a UE e 43 contra a China). As exportações para os EUA caíram 4,8% no primeiro semestre de 2019, enquanto as exportações para a UE aumentaram 14,2%.
A China é o maior parceiro comercial da América, enquanto a América é a terceira maior parceira comercial da China, depois da UE e da ASEAN. A ASEAN substituiu os EUA como o segundo maior mercado de exportação chinesa no ano passado, e a assinatura da Parceria Econômica Regional Abrangente [2] ainda este ano aumentará significativamente o comércio na região.
Embora deva entrar em vigor no próximo ano, a China já concedeu todos os benefícios do Acordo Bilateral de Investimento UE-China a investidores europeus sem exigir reciprocidade. O comércio da Iniciativa Um Cinturão, Uma Estrada está aumentando 17,2% ao ano, os trens transeuroasiáticos agora partem a cada hora, e os cabos e tubulações de fibra ótica estão rapidamente unindo a Ilha Mundial sonhada por Halford John Mackinder, a massa terrestre da Eurásia.
A China está baixando tarifas e abrindo mercados domésticos para atrair multinacionais e produtos estrangeiros, a fim de forçar as empresas domésticas à inovação, e é por isso que agora é o maior destinatário de investimento direto estrangeiro (IDE) do mundo.
Para a Bloomberg, no caso do pior cenário de embargo, o comércio da China para os EUA cairá US$ 126 bilhões, 0,8% do PIB, e o comércio dos EUA cairá 0,5% do PIB, mantendo inalterada a hierarquia mundial. Todavia, desde que Xi alertou seu país em 2016 para se preparar para essa possibilidade e, como os chineses sempre acatam as palavras de seus líderes, o impacto na China pode ser menos grave do que o previsto pela Bloomberg.
Palhas ao vento
Os embarques de aparelhos YOY da Huawei aumentaram 50% no primeiro semestre de 2019, enquanto os da Apple caíram 30%.
A Huawei detém 65% dos contratos de equipamentos 5G do mundo. Todos os quatro provedores wireless do Reino Unido (EE, O2, Three, Vodafone), por exemplo, estão instalando redes Huawei 5G. Mônaco está totalmente operacional.
A China Mobile, com um bilhão de clientes, concedeu 34% de seu contrato de equipamentos 5G à Ericsson e à Nokia e 5% à ZTE, de propriedade estatal.
Existem milhares de empresas americanas na China, e 2/3 das maiores exportadoras da China são propriedade estrangeira.
A Boeing vende mais aviões para a China do que para qualquer outro lugar, e o Walmart produz mais mercadorias a partir da China do que qualquer outra empresa no mundo.
As empresas americanas na China vendem US$ 600 bilhões por ano ao mercado doméstico chinês – US$ 100 bilhões a mais do que a China exporta para os EUA – e geram lucro líquido anual de US$ 50 bilhões.
Tesla, Boeing, BMW da América, Exxon Mobil e Walmart anunciaram novos investimentos e fábricas na China desde o início da guerra comercial, e empresas japonesas, sul-coreanas e europeias estão aprofundando suas pegadas por lá porque as vendas chinesas estão crescendo 6% ao ano.
Das fábricas operadas pelos principais fornecedores da Apple, 357 estão na China e 63 na América. A Apple está transferindo a fabricação do Mac Pro dos EUA para a China.
Ao reduzir sua lista negativa de investimentos estrangeiros de 63 itens para 48 no mês passado, a China ampliou o acesso a seus setores primário, secundário e terciário e detalhou 22 medidas de abertura em finanças, transporte, serviços profissionais, infraestrutura, energia, recursos e agricultura.
O mercado consumidor doméstico da China chegou a US$ 7 trilhões, ultrapassando os US$ 6,94 trilhões dos EUA no ano passado.
Os consumidores chineses de comércio eletrônico transfronteiriço gastaram US$ 100 bilhões em mercadorias do exterior em 2017 e US$ 128 bilhões em 2018.
Fatos engraçados
A Força Aérea dos EUA concedeu à DJI chinesa um contrato para veículos aéreos não tripulados (UAVs) de segurança.
A Santa Sé instou os padres chineses a se registrarem em Pequim, e é claramente possível que o próximo Papa seja um filiado ao Partido Comunista Chinês. Eu não estou brincando com você.
O choque de civilizações
Vinte anos atrás, Samuel Huntington [3] observou: “As civilizações estão crescendo porque têm um instrumento de expansão, uma organização militar, religiosa, política ou econômica que acumula excedentes e investe em inovações produtivas, e declinam quando param de aplicar o excedente em novas maneiras de produzir as coisas. Em termos modernos, dizemos que a taxa de investimento diminui. Isso acontece porque os grupos sociais que controlam o excedente têm interesse em utilizá-lo para fins não produtivos, mas satisfatórios ao ego, que distribuem os excedentes ao consumo, mas não providenciam métodos de produção mais eficazes”.
Como o gráfico abaixo deixa claro, os grupos sociais que controlam o superávit americano o têm usado para fins satisfatórios ao ego e não produtivos e distribuíram os excedentes ao consumo, mas não proviam métodos mais eficazes de produção:
Reduzimos o investimento em pesquisa e desenvolvimento, fechamos nossos grandes laboratórios corporativos e caímos do primeiro para o 31º lugar no ranking mundial de educação desde 1974, enquanto a China fez o contrário. Em Crazy Rich Asians, um pai pede que seus filhos terminem o jantar: “Pense em todas as crianças famintas dos EUA”. Até 2021, todos os chineses terão um lar, um emprego, muita comida, educação, ruas seguras, cuidados de saúde e velhice, e haverá mais suicídios e mais desabrigados, crianças pobres e famintas e presidiários nos EUA do que na China. Em números absolutos. Pense no impacto sobre nossos “aliados”.
Cronograma
Agosto de 2012: O CEO da Huawei disse: “É por preocupação estratégica que decidimos desenvolver nosso próprio sistema operacional para dispositivos. Se eles um dia nos proibirem de usar o Android e o Windows Phone 8, seremos pegos de mãos vazias e não faremos nada? Quando eles se recusam a vender coisas para nós, nossos produtos também podem ser usados como backups, mesmo que a qualidade não seja tão boa quanto a deles”.
Agosto de 2015: Os EUA bloqueiam as licenças de exportação de Xeon e Xeon Phi da Intel, temendo seu uso em supercomputadores chineses.
Março de 2016. A China apresenta o supercomputador mais rápido do mundo, construído inteiramente com chips e IP domésticos.
Abril de 2016: Presidente Xi: “A tecnologia principal controlada pelos outros é o nosso maior perigo oculto”.
Setembro de 2017: A Huawei lança seu chipset Kirin 970 com inteligência artificial integrada, processamento neural dedicado, 5,5 transistores em um centímetro quadrado, 25x de desempenho e 50x de eficiência do cluster de CPU Cortex-A73 de quatro núcleos da ARM, reduzindo drasticamente o custo, o consumo de energia, o peso e o tamanho da torre.
Dezembro de 2017: A China publica 641 patentes de inteligência artificial em comparação com as 130 patentes da América, de acordo com a Fundação Nacional da Ciência dos EUA (NSF).
3 de janeiro de 2018: “Há apenas dois OEMs móveis verdadeiramente verticalmente integrados que têm controle total sobre seu próprio silício: Apple e Huawei. A Huawei está mais integrada devido ao desenvolvimento de modem interno. A Huawei foi a única empresa a ser competitiva com a atual líder, Qualcomm “.
18 de janeiro de 2018: A China se torna a maior produtora mundial de trabalhos de pesquisa científica, com 20% da produção global total. (NSF)
14 de fevereiro de 2018: O Congresso dos EUA rotula a Huawei como “um braço do governo chinês” e a proíbe de licitar contratos do governo americano.
5 de março de 2018: O setor de ICs da China cresce 21% ao ano, de US$ 13,6 bilhões em 2013 para US$ 30 bilhões.
11 de março de 2018: A Huawei possui 23% da propriedade intelectual da tecnologia 5G mundial, mais do que qualquer outra empresa.
22 de março de 2018: O escritório de propriedade intelectual da China recebeu o maior número de pedidos de patentes em 2017, um total recorde de 1,38 milhão, seguido pelo Escritório de Marcas e Patentes dos Estados Unidos (607 mil), Japão (318.000), Coreia do Sul (205 mil) e o Escritório Europeu de Patentes (167.000).
27 de março de 2018: Trump e Tesouro dos EUA bloqueiam o investimento chinês em empresas de tecnologia e ações americanas.
16 de abril de 2018: Os EUA proíbem transações com a ZTE Corporation por sete anos, alegando que a ZTE violou sanções ao Irã de 2017.
26 de abril de 2018: A Qualcomm inicia demissões.
26 de abril de 2018: A Huawei é investigada criminalmente por vendas ao Irã.
1 de maio de 2018: Os parceiros chineses assumem as operações da ARM na China e uma licença permanente para usar a propriedade intelectual da ARM. O modelo de chip da ARM é utilizado em 90% dos dispositivos móveis, e a Apple, Samsung, Huawei, Qualcomm, Broadcom e MediaTek licenciam sua tecnologia para desenvolver chipsets para smartphones, tablets, wearables e dispositivos conectados.
8 de julho de 2018. Os salários médios de gerentes sêniores de tecnologia atingem US$ 216 mil na China, competitivos com os do Vale do Silício.
12 de julho de 2018: Mais de 300 engenheiros seniores de Taiwan se transferem para as fabricantes de chips da China continental, juntando-se a mil que já haviam se mudado para ganharem salários quatro vezes mais altos.
9 de julho de 2018: A fabricante chinesa de chips Hygon produz CPUs x86, baseados na microarquitetura Zen, sob um contrato de licenciamento com a AMD de US$ 293 milhões.
3 de setembro de 2018: A Huawei lança a CPU Kirin 980, o primeiro sistema comercial em chip (SoC) de 7 nanômetros do mundo, com 40% menos consumo de energia que os sistemas de 10 nanômetros, 20% mais largura de banda e 22% menos latência que o Snapdragon 845 da Qualcomm. O receptor GPS de frequência L5 oferece 10 cm de posicionamento.
5 de setembro de 2018: As fábricas de front-end da China representam 16% da capacidade mundial de semicondutores e chegarão a 20% até 2020.
21 de setembro de 2018: A China possui 12 das 50 maiores casas de design de inteligência computacional do mundo e 21% da receita global de design de IC.
2 de outubro de 2018: A pesquisa chinesa compõe 18,6% dos artigos globais revisados pelo STEM, 18% a mais que os EUA.
14 de outubro de 2018: A Huawei vende o chipset Ascend 910 de 7 nanômetros para data centers, duas vezes mais poderoso que o v100 da Nvidia, e a primeira série de chips IP de inteligência artificial a prover domesticamente TeraOPS por watt em todos os cenários.
8 de outubro de 2018: A Foxconn de Taiwan transfere sua principal fabricante de semicondutores e cinco empresas de design de inteligência computacional para Jinan, na China.
22 de outubro de 2018: A China se torna a líder mundial em capital de risco, à frente dos EUA e com quase o dobro dos US$ 53,4 bilhões do resto do mundo. A Crunchbase afirma que o ecossistema empresarial do mundo é impulsionado pela China.
25 de outubro de 2018: A Nokia confirma “milhares” de perdas de empregos nos próximos dois anos após a queda nos lucros do terceiro trimestre.
31 de outubro de 2018: As reservas de companhias aéreas chinesas para os EUA caíram 42% na primeira semana de outubro e 102 mil menos chineses receberam vistos de negócios, lazer e educação de maio a setembro, uma queda de 13% em relação ao ano anterior.
2 de novembro de 2018: “As empresas mais valiosas de reconhecimento de fala, tradução automática, drone, visão computacional e reconhecimento facial são todas chinesas.” (Kaifu Lee)
3 de novembro de 2018: A Huawei anuncia que venderá aparelhos 5G em 2019. A Apple anuncia que não.
17 de novembro de 2018: Kai-Fu Lee diz que sua empresa de investimentos pode voltar aos EUA e tentar atrair talentos americanos para a China, em vez de investir nos EUA.
6 de dezembro de 2018: O Ministério da Justiça do Canadá anuncia a prisão da diretora financeira da Huawei, Meng Wanzhou, acrescentando: “Ela é procurada pelos EUA para ser extraditada”.
7 de dezembro de 2018: O 5G requer mais estações-base do que as redes existentes. A China dispõe de dez vezes mais que os EUA: 5,3 locais por dez milhas quadradas, contra 0,4 nos EUA.
10 de dezembro de 2018: Os governos e serviços secretos no mundo não ocidental começam a se equipar exclusivamente com a Huawei para proteger a confidencialidade de suas comunicações.
21 de dezembro de 2018: A Foxconn planeja um projeto de US$ 9 bilhões em chips chineses em meio à guerra comercial.
22 de dezembro de 2018: A chinesa Fourth Paradigm vende um produto de inteligência artificial de segunda geração – um conjunto de ferramentas de software de inteligência artificial com um chip personalizado para processar seus algoritmos. Ele permite que os maiores bancos do mundo executem algoritmos complexos de detecção de fraudes e outras análises sem engenheiros de inteligência artificial treinados.
24 de dezembro de 2018: As importações chinesas registraram um aumento de 14,6% nos primeiros 11 meses de 2018, ultrapassando US$ 2 trilhões, um recorde, tornando a China a nação comercial mais poderosa em volume e valor em dólar.
1 de janeiro de 2019: Em 2018, a China, o terceiro maior mercado da Apple, foi responsável por US$ 52 bilhões de suas vendas. Os US$ 15 bilhões da Qualcomm representam 65% de suas vendas totais. As da Intel são 24%, as da Micron Technology são 51%, e da Texas Instruments são de 44%.
7 de janeiro de 2019: A Huawei divulga seu CPU de 7 nanômetros baseado em ARM de melhor desempenho – a Kunpeng 920 –, que aumenta o desenvolvimento da computação em cenários de big data, armazenamento distribuído e cenários de aplicativos da ARM em 20%.
21 de fevereiro de 2019: O equipamento da Huawei tem 30% mais eficiência energética do que o dos concorrentes e reduz o custo por bit da conectividade em 80% a 90% em comparação ao 4G. Sua estação-base 5G tem 40% do tamanho e peso dos modelos concorrentes e pode ser instalada por duas pessoas em horas.
O passado como prelúdio
“Na metade do século XVI, a China se tornou o grande repositório da riqueza recém-descoberta em prata do mundo moderno. Por muito tempo participando do comércio marítimo internacional, a China experimentou as consequências de padrões bem amplos do comércio mundial. Nesse comércio, a China era essencialmente uma vendedora de manufaturas artesanais de alta qualidade. Outros países não podiam competir em qualidade ou preço. As colônias do Novo Mundo e toda a esfera comercial do Mediterrâneo, de Portugal e Espanha ao Império Otomano, começaram a reclamar que o influxo de mercadorias chinesas minava suas economias.” F. W. Mote, Imperial China 900-1800.
- Godfree Roberts | The Unz Review –
Tradução de Gabriel Deslandes
Notas:
[1] – Red Star Over China, de Edgar Snow.
[2] – Um acordo de livre comércio entre Brunei, Camboja, Indonésia, Laos, Malásia, Mianmar, Filipinas, Cingapura, Tailândia, Vietnã, China, Japão, Coreia do Sul, Índia, Austrália e Nova Zelândia. De acordo com a PwC, o PIB da Parceria Econômica Regional Abrangente será de US$ 250 trilhões até 2050, metade do PIB global.
[3] – Choque de Civilizações: e a Recomposição da Ordem Mundial, de Samuel Huntington.
setembro 3, 2019
https://revistaopera.com.br/2019/09/03/guerra-comercial-da-china-o-dilema-politico-dos-eua/
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