O debate sobre os futuros rumos do Fórum Social Mundial domina cada vez mais as discussões em Mumbai. No seminário A Política do Espaço Aberto do FSM: perspectivas e limitações contra o império, o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos deu uma pista sobre qual pode ser o caminho. "Os movimentos presentes no Fórum precisam de novas utopias e têm que elaborar um espaço a reconstrução das velhas", defende. O peruano Anibal Quijano concorda com a necessidade de novas utopias, mas explica que elas têm de ter um perfil diferente em relação às que existem. "Não temos que pensar em como tomar o poder, mas o que fazer com ele, como transformá-lo, como democratizá-lo", sustenta. Já a indiana Meena Menon, integrante do Comitê Organizador do FSM, lembra que a idéia não é buscar consensos. "Num debate, podemos não chegar a um consenso, mas com certeza vamos conseguir clarear nossas idéias", opina. O evento contou ainda com a presença do brasileiro Chico Whitaker, do arquiteto indiano Jai Sen e do sociólogo norte-americano Immanuel Wallerstein. A discussão esteve centrada nos caminhos que o FSM deve tomar e como aprofundar e ampliar o conceito de espaço aberto. Para muitos indianos, a necessidade de aceitação da Carta de Princípios (ou seja, se opor ao neoliberalismo, ao militarismo e à luta armada) já limita a abertura do FSM. Muitos chegaram a defender que fossem convidadas figuras de direita para o Fórum. "Não temos que convencer a quem concorda conosco, mas conquistar corações e mentes de quem não compartilha de nossas visões", opina o arquiteto Jai Sen. Wallerstein, no entanto, pondera que o Fórum deve ser um espaço para construção de estratégias de enfrentamento ao neoliberalismo. "Temos o mundo todo para discutir com a direita, mas só temos o Fórum para pensar estratégias e alternativas", acredita. * Anselmo Massad. Enviado da Revista Fórum à Índia. http://www.revistaforum.com.br/forum28.htm