Na plenária do FNDC
Jornalistas defendem democratização da comunicação
22/09/2013
- Opinión
Em suas análises de conjuntura na XVII plenária nacional do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), realizada neste sábado, em Brasília, os jornalistas Leandro Fortes e Paulo Moreira Leite somaram forças ao lado da coordenadora do FNDC, Rosane Bertotti, contra as mentiras e manipulações dos monopólios de mídia.
Diante de todos os atropelos midiáticos que estamos vendo torna-se inadiável a construção de políticas públicas, avalia Roseli Gofman, do Conselho Federal de Psicologia, que coordenou a mesa em nome do FNDC. “Num país que se pretende democrático não podemos permitir que a construção de subjetividade, de compreensão e de ideologia se dê pela massificação da informação que se diz jornalismo, que molda comportamentos”, acrescentou Roseli.
Conforme o jornalista Leandro Fortes, da Carta Capital, os grandes conglomerados privados de comunicação induzem profissionais a terem um “comportamento de manada”. “Não há quartel no mundo com maior hierarquia do que uma redação. Ali os monstrinhos corporativos são criados e treinados para obedecer cegamente ao que vem de cima, para repetir o que é mandado, para serem tarefeiros da notícia”, declarou. “Há uma nobreza e uma maldição na nossa profissão. A nobreza está em poder decodificar o drama humano para entender o mundo em que se está inserido. A maldição é que pode ser um instrumento de poder, de formar ou transformar uma opinião’, acrescentou.
Lembrando o episódio da bolinha de papel que atingiu a cabeça de Serra durante o último pleito presidencial, Leandro Fortes ressaltou que “tudo já estava preparado pela TV Globo, no sentido mais escroto, de montado, de farsa jornalística”, para promover o candidato da direita à vítima de uma agressão e, com isso, turbiná-lo eleitoralmente.
Crime de sonegação da globo
Para fazer frente a este tipo de manipulação, Fortes defendeu que se crie “um ambiente para o bom combate”. Na sua opinião, entre outras ações democratizantes e plurais, isso significa a estruturação de uma ampla rede de comunicação pública e financiamento da mídia alternativa. Desta forma, acredita, crimes milionários como os de sonegação de impostos praticados pela Rede Globo não ficariam impunes pelo receio de governos e parlamentares de enfrentar o poder do monopólio. “Por isso ninguém tocou no assunto da sonegação da Globo, nem o governo nem a polícia”, disse.
Conforme Paulo Moreira Leite, “a lógica estabelecida é de uma situação de vale-tudo em que os monopólios de mídia fazem um esforço para a desmoralização de quem lhes faz contraponto. No Brasil é possível mentir com toda a imprensa, como na questão do chamado ‘mensalão’, porque há um conluio, uma identidade ideológica entre um poder que não é eleito com uma mídia que não presta contas”, sublinhou.
A questão chave que precisa ficar clara para todos, enfatizou Leite, “é que a imprensa é um instrumento de poder” e que se coloca na atualidade em nosso país ao lado de uma pequena elite alinhada pelo retrocesso das conquistas do último período.
É por este alinhamento com o atraso, “pelo conchavo do Ministério das Comunicações com o setor empresarial”, lembrou Rosane Bertotti, que os artigos constitucionais que apontam para a democratização da comunicação não foram regulamentados, “é por isso que as decisões da Confecom viraram letra morta”. Não fosse o caso Snowden ter destampado a ação criminosa e ilegal de escuta feita pelo governo estadunidense, disse Rosane, “propostas como o da neutralidade da rede teriam ido água abaixo”. “Precisamos ter claro que há uma disputa de projeto em que a velha mídia está tentando pautar o debate para o retrocesso neoliberal”, concluiu Rosane.
- Leonardo Severo, da CUT, para o FNDC
21/09/2013
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