Evo rechaça agressão mercenária ao MAS: “fascismo contra a democracia na Bolívia”
- Opinión
O presidente da Bolívia, Evo Morales, rechaçou as agressões realizadas na quinta-feira por mercenários, que invadiram e depredaram sedes de campanha do Movimento ao Socialismo (MAS) em Santa Cruz, deixando várias pessoas feridas, qualificando de “conspiração contra a democracia e, sobretudo, contra os seus defensores, que são os movimentos sociais”. “Não façam este jogo, isso não dura, isso o povo não suporta, com certo fascismo, racismo, isso dá uma má imagem. São elementos pagos, algo condenável, que rechaçamos. Não aceitamos essa forma de fazer política”, alertou Evo, conclamando a mais ampla unidade em torno da democracia e da soberania nacional.
O ministro de Governo, Carlos Romero, denunciou que indivíduos pagos pela direita radical, armados de paus e tacos de basebol, atacaram os locais de campanha, agredindo covardemente crianças, mulheres grávidas e jovens indefesos, pelo simples fato de se identificarem com o partido do presidente.
Sujeitos reconhecidos como membros da União Juvenil Cruzenhista, portando bandeiras do 21F (21 de fevereiro, o “Dia da Mentira”, quando a oposição, patrocinada pelos Estados Unidos, manipulou o referendo democrático sobre a reeleição), começaram a lançar pedras contra os locais de campanha do MAS. Depois de as tomarem pela força, os marginais passaram a agredir as pessoas no seu interior, quebrando e queimando o que viam pela frente.
“Essa direita radical que se disfarça de oposição política lançou uma série de mensagens no sentido de que é preciso se mobilizar desde o dez de outubro, com uma greve por tempo indeterminado, representa uma conspiração contra a democracia”, declarou Romero. Para o ministro, “não tem outro nome” chamar uma paralisação às vésperas das eleições presidenciais de 20 de outubro.
“Contratam mercenários, os organizam, distribuem paus, tacos de basebol, partem para agredir, quebrar a cabeça de gente humilde, que está fazendo campanha, defendendo suas ideias”, denunciou o ministro, lembrando que “atacam as sedes do MAS e, como vis ladrões, também levam os computadores”.
O ministro lembrou que este mesmo quadro de terror foi vivido em 2008, quando grupos delinquentes dos departamentos da chamada “Meia Lua” (Santa Cruz, Beni, Pando e Tarija) atacaram e depredaram instalações governamentais.
Naquela oportunidade viajei pelo país, podendo documentar no meu livro “Bolívia nas ruas e urnas contra o imperialismo” o capachismo da oligarquia pró-EUA que, diante da política desenvolvimentista e de nacionalização, buscou fracionar a Bolívia, quase levando o país à guerra civil. Uma das demonstrações mais repugnantes da selvageria racista ocorreu em Sucre, no dia 24 de maio daquele ano, quando dezenas de camponeses foram despidos, agredidos e humilhados em praça pública pelos racistas que os obrigaram a “pedir perdão”.
Suástica em carro da União Juvenil Cruzenhista
Foto: Emílio Diaz
Neonazis em Santa Cruz
Recordo de ter registrado a mesma ambição nas pichações com os dizeres “Evo vai morrer em Santa Cruz”; do carro da União Juvenil Cruzenhista e sua suástica tentando ressuscitar o nazi-fascismo; da vidraça do belo prédio da recém-nacionalizada Entel (empresa de telecomunicações) completamente estilhaçada; da depredação e do assalto das instituições públicas, que deixaram danos de mais de US$ 110 milhões. Entre os imensos prejuízos que pudemos documentar, o saque da Coordenação dos Povos Étnicos de Santa Cruz (Cpesc), completamente demolida pelos vândalos. Muitos dos prédios e escritórios precisaram ser inteiramente reconstruídos e reequipados, comprometendo temporariamente o ritmo do avanço da reforma agrária e da política indigenista.
Em 2019, o mesmo furor antidemocrático se repete, e com força: no departamento de Santa Cruz foram atacados o canal 7, a Rede Pátria Nova (rádio), o centro de telecomunicações do Estado e o Instituto Nacional de Reforma Agrária (INRA). Em Beni, esses mesmos grupos tomaram três aeroportos. Em Tarija, o Comitê Cívico de Villa Montes fechou uma válvula do duto Gasyrg (Transierra), que transporta gás natural para o Brasil e na região do Chaco de Santa Cruz tomaram e fecharam o campo de gás de Vuelta Grande.
Para o ministro, o objetivo de tamanha agressão é provocar mortos para desprestigiar o governo. Entre os feridos desta quinta-feira em Santa Cruz encontram-se uma criança – que sofreu um traumatismo craniano – uma mulher grávida, seis pessoas que estavam na sede da candidata ao Senado, María Renée Liévana, e seis policiais.
Acionada, a polícia conseguiu prender cerca de 30 marginais, que foram conduzidos a celas da Força Especial de Luta Contra o Crime.
13 de setembro de 2019
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