Começa a Feira da Reforma Agrária em São Paulo
- Opinión
Foi inaugurada em São Paulo nesta quinta-feira (3) a 3ª Feira Nacional da Reforma Agrária. O evento, que já entrou na agenda cultural da capital paulista é realizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Antônia Ivaneide, conhecida como Neném, integrante do Setor de Produção do MST, conta como a população da capital paulista tem recebido a atividade. “A solidariedade da população de São Paulo é muito grande. Veja que os grandes meios de comunicação não divulgam nada da nossa feira, uma palavra sequer, a não ser para criticar. No entanto, a população de São Paulo lota a feira. Nós recebemos [nas edições anteriores] mais de 200 mil pessoas durante a feira”.
Para ela, o retorno é compatível com o esforço feito pelos trabalhadores rurais sem terra na construção do evento, que já entrou para a agenda dos paulistanos. “Eu acho que é muito importante que a população de São Paulo saiba que há um carinho muito grande dos acampados e assentados em preparar os produtos que vão para a feira. É mais do que pensar em uma mercadoria. É pensar em um produto com muito carinho, para a população que vai consumir. Porque naquele produto está toda a nossa luta pela reforma agrária”.
Os números impressionam. São cerca de 330 toneladas de 1200 tipos de produtos vindos das cinco regiões brasileiras. Ao todo, são mais de 900 produtores rurais envolvidos na produção que estará disponível aos paulistanos até o próximo domingo (6).
Alimentos para a alma
As Feiras da Reforma Agrária têm levado ao Parque da Água Branca uma programação cultural de peso. Esse ano, os visitantes vão poder assistir os shows de Siba, Tião Carvalho, Ana Cañas, Otto, Ilê Aiyê e Martinho da Vila. Além dos músicos parceiros do MST e da premiada bateria da escola de samba Paraíso da Tuiuti, que levou à Marquês de Sapucaí o “Vampirão” e conquistou a simpatia dos brasileiros.
Ana Chã, integrante do Setor de Cultura do MST, explica que a programação cultural da feira não cumpre somente o papel de atrair o público, trata-se de uma forma de expressão da dimensão cultural presente no cotidiano da luta pela reforma agrária.
“Para nós, essa dimensão cultural não é algo aparte do político ou do econômico. Ela faz parte do nosso processo de reforma agrária popular. Nossa cultura é também uma cultura de luta, de resistência, e também serve para anunciar esse projeto novo que a gente quer para as nossas vidas e para a sociedade”.
Na programação conta ainda com uma série de atividades voltadas para a criançada. As Companhias Benedita na Estrada e Colhendo Contos, Fera Neném, além de uma ciranda em homenagem a Carolina de Jesus, são algumas das atrações voltadas para o público infantil.
A 3ª Feira Nacional da Reforma Agrária acontece entre 3 e 6 de maio no Parque da Água Branca (Avenida Francisco Matarazzo, nº 455), zona oeste de São Paulo, das 8h às 20h. A cinco minutos a pé da estação Barra Funda do Metrô. A entrada é gratuita e aberta a toda a população, sem distinção de idade.
Também estão programados seminários e conferências sobre temas diversos, como a agroecologia, o uso de agrotóxicos na produção de alimentos, além de um espaço dedicado ao debate sobre os 30 dias do assassinato de Marielle Franco, onde se discutirá também o genocídio da juventude negra e periférica do Brasil.
Confira aqui a programação completa.
Edição: Juca Guimarães
3 de Maio de 2018
https://www.brasildefato.com.br/2018/05/03/comeca-a-feira-da-reforma-agraria-em-sao-paulo/
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