MST aposta em assentados para reforçar a sua base
20/12/2011
- Opinión
São Paulo – A queda no número de acampamentos e ocupações promovidos por sem-terras na última década poderia sugerir que um dos mais influentes movimentos sociais brasileiros perdeu o rumo. Mas o MST, como em outros momentos de sua história de quase três décadas, mostra que sabe se reinventar.
Nos últimos dez anos, as fileiras de luta pela reforma agrária perderam força. Conforme dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), o número de acampamentos de sem-terra no país caiu de 65 para 35 entre 2001 e 2010, enquanto o número de famílias envolvidas recuou de 10.311 para 3.579. Em 2011, dados parciais até setembro apontam que a tendência se manteve: são 20 acampamentos com 2.057 famílias.
As ocupações de terra também diminuíram entre 2001 e 2010, de 194 para 180 ocorrências, e de 26.120 para 16.865 famílias envolvidas. Dados parciais até setembro indicam manutenção da tendência de queda nas ocupações, para 144, mas apontam alta no número de famílias envolvidas, para 17.963 famílias. A dificuldade de mobilização tem várias explicações: geração de empregos, sobretudo da construção civil, Bolsa Família e até o desalento com a demora para se conseguir a terra.
Com o objetivo de virar o jogo, o MST se mexeu em 2011. O movimento colocou seu peso em uma campanha nacional contra o uso de agrotóxicos. Militantes se engajaram em programas de agroecologia em assentamentos da reforma agrária. A luta contra as transnacionais do agronegócio ganhou força. Ao longo do ano, ficou claro que, para o MST, mobilizar os assentados da reforma agrária tornou-se tão importante quanto agrupar os sem-terra.
Os novos caminhos são fruto de uma oportunidade e de uma necessidade.
De uma oportunidade porque há no país quase um milhão de famílias de agricultores egressas do programa de reforma agrária. Boa parte delas tem identificação com os valores dos movimentos de luta pela terra no que tange ao desenvolvimento de um modo de produção mais sustentável. Por que não as envolver em uma luta comum?
A aproximação com a agricultura familiar também é uma necessidade. Esses pequenos produtores estão sendo disputados pela agricultura tradicional, que deseja incluí-los em cadeias produtivas de commodities. O programa nacional de biodiesel, por exemplo, estimula agricultores familiares a produzirem cultivos agroenergéticos para as usinas.
Na semana passada, João Pedro Stedile, um dos líderes do movimento, ao falar sobre a campanha contra os agrotóxicos, deu exemplos de como a disputa ideológica pelos assentados e a agricultora familiar está aberta. Segundo ele, o movimento da reforma agrária lutou para que o curso de agronomia no campus de Erechim da Universidade Federal da Fronteira Sul tivesse ênfase em agroecologia. Entretanto, os próprios alunos, muitos filhos de agricultores familiares, protestaram para que o curso ganhasse um viés mais tradicional.
Outro exemplo seria a produção de feijão em assentamentos no Estado de São Paulo. Conforme o líder do MST, o uso de agrotóxicos está disseminado entre os pequenos produtores, assim como os malefícios causados por esses químicos à saúde humana. “Isso já está custando vidas, há casos de câncer de mama em meninas de 13, 14 anos”, disse Stedile, em palestra no Rio de Janeiro.
Além de movimentos sociais do campo, a campanha contra o uso de agrotóxicos envolve sindicatos urbanos, pesquisadores de universidades públicas e da Fiocruz, e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O Brasil é campeão mundial em uso desses químicos, entre eles rótulos que já foram banidos de países da Europa e dos Estados Unidos por sua alta toxidade.
De acordo com o líder do MST, o uso intensivo de agrotóxicos é um dos pilares do modelo agrícola instalado no país na última década. “Essa nova etapa do capitalismo dominada pelo capital financeiro e as empresas transnacionais impôs um novo modelo de produção agrícola, cujo objetivo principal é se apoderar dos bens da natureza, tudo em nome do lucro”, afirmou.
Agora, o MST conta com os pequenos produtores para ampliar a luta contra esse modelo. Para aprofundar o debate com as bases, o congresso do MST, que acontece de cinco em cinco anos e estava previsto para 2012, foi adiado para o ano seguinte. O movimento dos sem-terra tende a ser cada vez mais o movimento dos assentados da reforma agrária.
Nos últimos dez anos, as fileiras de luta pela reforma agrária perderam força. Conforme dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), o número de acampamentos de sem-terra no país caiu de 65 para 35 entre 2001 e 2010, enquanto o número de famílias envolvidas recuou de 10.311 para 3.579. Em 2011, dados parciais até setembro apontam que a tendência se manteve: são 20 acampamentos com 2.057 famílias.
As ocupações de terra também diminuíram entre 2001 e 2010, de 194 para 180 ocorrências, e de 26.120 para 16.865 famílias envolvidas. Dados parciais até setembro indicam manutenção da tendência de queda nas ocupações, para 144, mas apontam alta no número de famílias envolvidas, para 17.963 famílias. A dificuldade de mobilização tem várias explicações: geração de empregos, sobretudo da construção civil, Bolsa Família e até o desalento com a demora para se conseguir a terra.
Com o objetivo de virar o jogo, o MST se mexeu em 2011. O movimento colocou seu peso em uma campanha nacional contra o uso de agrotóxicos. Militantes se engajaram em programas de agroecologia em assentamentos da reforma agrária. A luta contra as transnacionais do agronegócio ganhou força. Ao longo do ano, ficou claro que, para o MST, mobilizar os assentados da reforma agrária tornou-se tão importante quanto agrupar os sem-terra.
Os novos caminhos são fruto de uma oportunidade e de uma necessidade.
De uma oportunidade porque há no país quase um milhão de famílias de agricultores egressas do programa de reforma agrária. Boa parte delas tem identificação com os valores dos movimentos de luta pela terra no que tange ao desenvolvimento de um modo de produção mais sustentável. Por que não as envolver em uma luta comum?
A aproximação com a agricultura familiar também é uma necessidade. Esses pequenos produtores estão sendo disputados pela agricultura tradicional, que deseja incluí-los em cadeias produtivas de commodities. O programa nacional de biodiesel, por exemplo, estimula agricultores familiares a produzirem cultivos agroenergéticos para as usinas.
Na semana passada, João Pedro Stedile, um dos líderes do movimento, ao falar sobre a campanha contra os agrotóxicos, deu exemplos de como a disputa ideológica pelos assentados e a agricultora familiar está aberta. Segundo ele, o movimento da reforma agrária lutou para que o curso de agronomia no campus de Erechim da Universidade Federal da Fronteira Sul tivesse ênfase em agroecologia. Entretanto, os próprios alunos, muitos filhos de agricultores familiares, protestaram para que o curso ganhasse um viés mais tradicional.
Outro exemplo seria a produção de feijão em assentamentos no Estado de São Paulo. Conforme o líder do MST, o uso de agrotóxicos está disseminado entre os pequenos produtores, assim como os malefícios causados por esses químicos à saúde humana. “Isso já está custando vidas, há casos de câncer de mama em meninas de 13, 14 anos”, disse Stedile, em palestra no Rio de Janeiro.
Além de movimentos sociais do campo, a campanha contra o uso de agrotóxicos envolve sindicatos urbanos, pesquisadores de universidades públicas e da Fiocruz, e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O Brasil é campeão mundial em uso desses químicos, entre eles rótulos que já foram banidos de países da Europa e dos Estados Unidos por sua alta toxidade.
De acordo com o líder do MST, o uso intensivo de agrotóxicos é um dos pilares do modelo agrícola instalado no país na última década. “Essa nova etapa do capitalismo dominada pelo capital financeiro e as empresas transnacionais impôs um novo modelo de produção agrícola, cujo objetivo principal é se apoderar dos bens da natureza, tudo em nome do lucro”, afirmou.
Agora, o MST conta com os pequenos produtores para ampliar a luta contra esse modelo. Para aprofundar o debate com as bases, o congresso do MST, que acontece de cinco em cinco anos e estava previsto para 2012, foi adiado para o ano seguinte. O movimento dos sem-terra tende a ser cada vez mais o movimento dos assentados da reforma agrária.
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