FSM: A hora das alternativas

24/07/2006
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O sistema de poder mundial faz água por todos os lados. O fracasso da ronda de Doha da Organización Mundial do Comercio (OMC) e a guerra movida por Israel contra o Líbano e a Palestina – revelam, de forma mais clara -, a incapacidade do modelo econômico neoliberal e da “pax americana” de promoverem nem sequer uma ordem, ainda que precária e injusta, para o mundo. Esgotou-se a capacidade de negociação da OMC. A guerra do Líbano não encontra nenhuma instancia para intermediar os conflitos e buscar soluções harmônicas e justas – salvo que alguém leve a sério que o governo dos EUA, protagonista essencial desta guerra também, possa funcionar como mediador de um conflito em que é parte ativa. O movimento por “um outro mundo possível” nasceu da crítica das políticas de livre comércio da OMC, em Seattle. Os FSMs tiveram na crítica à hegemonia das grandes potências e dos conglomerados internacionais promovida pelas políticas da OMC um de seus temas fundamentais. E agora, quando a OMC fracassa, o que o Forum Social Mundial (FSM) tem a propor? Foi correta a luta de resistência às políticas de livre comércio. Como passar da resistência às alternativas? Não se parte do zero. As teses do “comércio justo” encontram hoje na Alternativa Bolivariana para a América (ALBA) um bom exemplo, mesmo se regional. È preciso levantar os princípios do “comércio justo”, aquele em que cada país entra com o que possui, independente do valor de seus produtos de exportação no mercado internacional. Um comércio baseado na solidariedade e nas necessidades mútuas, que o governo de Evo Morales chama de Tratado de Solidariedade entre os Povos. O FSM, se quiser estar à altura da luta atual por um “outro mundo possível”, precisa formular imediatamente nossas propostas, buscando convencer aos governos comprometidos com uma ordem mundial mais justa, para estabelecer uma aliança entre os movimentos sociais e as forças que podem concretizar um comércio justo. Foi assim que se constituiu o Grupo dos 20, como articulação de governos, em Cancun, depois das mobilizações contra a OMC levadas a cabo pelos movimentos sociais. Algo similar acontece com a paz no mundo. Nunca houve tantos focos de guerra ao mesmo tempo. E nunca houve uma ausência tão completa de instancias buscando acordos de paz justos e duradouros. O FSM teve iniciativas paralelas de encarar a luta pela paz no mundo como seu problema. Mas nunca incorporou à sua programação oficial o tema da luta contra a guerra. Mesmo se as maiores manifestações da história da humanidade tivessem sido organizadas a partir dos movimentos que participam dos Fóruns Sociais – aquelas contra a guerra do Iraque -, o FSM não fez, até aqui, como sua, essa luta. E no entanto, não existirá “um outro mundo possível,” sem derrotar a política imperial de guerra dos EUA e sem se formular propostas para cada um dos focos de guerra – Iraque, Afeganistão, Colômbia, Palestina, Líbano -, que mostrem que um outro mundo é possível, um mundo de paz e sem guerras. É a hora do FSM, que soube construir o espaço de luta por “um outro mundo possível”, de propor os caminhos para a construção desse mundo.
https://www.alainet.org/pt/articulo/116231
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