Ano que sai, ano que entra
31/12/2005
- Opinión
Três fatos foram relevantes para que a empresa norte-americana reagisse ao avanço do software livre na administração pública no Brasil. Pela ordem, o primeiro deles o convite a um grupo de deputados federais para visitar as instalações da Microsoft nos EUA, com tudo pago e boca livre de primeira qualidade, incluindo belíssimas acompanhantes.
O segundo, a queda do ministro chefe do Gabinete Civil, José Dirceu, principal responsável pela adoção do software livre e, por último, a ascensão do senador Hélio Costa ao Ministério das Comunicações. O ministro morou por anos nos Estados Unidos, tinha visto permanente e é ligado a GLOBO, um braço do Departamento de Estado no setor de comunicações no Brasil, desde os tempos da ditadura militar.
A Câmara dos Deputados, presidida pelo “comunista” Aldo Rebelo, defensor do idioma pátrio, etc, etc, comprou mais de sete mil licenças da Microsoft, para atender a vontades e desejos de deputados federais, supostamente descontentes com os programas de software livre.
Um dos deputados que esteve na turma da Microsoft foi o professor Luizinho, do PT de São Paulo.
O prefeito de São Paulo, José Serra, foi inaugurar uma escola num bairro da capital paulista e quando discursava percebeu um cartaz que dizia ser feio inaugurar obras de outros governos.
No melhor estilo truculento de quem se acha princípio, meio e fim de tudo, a exemplo de FHC, o prefeito disparou que o governo anterior construiu apenas parte da escola e ainda fez uma baita confusão com os números com que pretendeu ilustrar seu raciocínio.
Serra disse que Marta Suplicy havia construído 18% de cem metros e, segundo ele, dezoito centímetros. Na verdade, 18% de cem metros são dezoito metros. Descontrolado com o cartaz, que atribuiu a petistas e rotulou de coisa armada, o prefeito acabou errando nas contas.
Já o outro candidato tucano, Geraldo Alckimin, governador do Estado e conhecido como “pastel de chuchu” sócio da DASLU (não confundir com a DASPU, que não sonega e nem comete fraudes) pagou o dobro do contratado com uma agência de publicidade de São Paulo. De 28 milhões pagou 56 milhões, tudo através da “Nossa Caixa” (caixa deles), beneficiando deputados que o apóiam na Assembléia Legislativa do Estado.
Os contratos estavam expirados desde 2003, mas por conta das mágicas governamentais nessa história de caixa 2, ficaram valendo como se vigentes estivessem. Como não pode ficar para trás, São Paulo logo arranjou também seu Marcus Valério. As agências são: Colucci e Associados Propaganda e Full Jazz Propaganda e Comunicação.
A grande ameaça que paira no final do ano, no entanto, foi o anúncio feito pelo presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), que deixa a Corte em março e se filia a um partido para tentar reativar sua carreira política.
Nelson Jobim é uma das alternativas de Lula para vice-presidente e a comunicação foi feita em primeiro lugar ao próprio presidente da República. Originário do PMDB, o ministro não sabe ainda para que partido vai. Só volta ao ventre materno para ser candidato a vice de Lula, ou para bombardear a candidatura do aiatolá dos trópicos, Anthony Garotinho.
2006 já se prenuncia como desdobramento dos grandes arranjos de 2005, como, aliás, têm sido a sucessão de anos a fio.
https://www.alainet.org/pt/articulo/114026?language=en
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