O mundo Gritando contra a Guerra e pela Paz
17/02/2003
- Opinión
Mais de 10 milhões de pessoas atendem ao chamado do III Fórum Social
Mundial, realizado em Porto Alegre/RS – Brasil, entre os dias 23 e 28 de
janeiro de 2003 e protestam contra a guerra imperialista do Sr. Bush."
Chega de bomba! Chega de ataque! Fora o Imperialismo no Iraque". Com este
grito contra a guerra, mais de 30 mil pessoas tomaram as ruas de São
Paulo, em uma caminhada que partiu da Av. Paulista em direção ao Parque
do Ibirapuera. Esta manifestação soma-se às mais de 600 que aconteceram
pelo mundo como por exemplo em Roma, onde 3 milhões de manifestantes
pediram paz. Em Londres e Barcelona foram mais de 1 milhão e Berlim, 750
mil. Manifestações de peso também foram registradas em Madrid, Paris,
Bruxelas, Atenas, Damasco, Egito, Bagdá, Tóquio e por toda a América
Latina e Central . Apesar da tentativa da imprensa norte americana em
ofuscar as manifestações, dando destaque as manobras bélicas do exército
americano, também inúmeras manifestações ocorreram no coração do Império,
com destaque ao palco de 11 de setembro: Nova Iorque concentrou mais de
250 mil manifestantes contrários à política de Bush Filho.
No Brasil, houve manifestações em diversas cidades como: Belém, Recife,
Salvador, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Goiânia, Brasília, Curitiba, Belo
Horizonte, Florianópolis e em dezenas de outras cidades do interior.
Personalidades do meio sindical, popular, sociedade civil e partidos
fizeram coro aos milhares de manifestantes que exigiam o fim da política
sanguinária de Bush. Em São Paulo, João Pedro Stedile, líder do MST,
disse que "a guerra é uma forma de reativar a economia norte-americana
que, para manter seu poder de consumo exige mais petróleo." Para ele, as
manifestações já são uma derrota moral para o presidente americano. Já, o
presidente do PT Nacional, José Genoino, disse – "Queremos a paz e somos
contra a guerra... Queremos isolar o governo Bush e o governo inglês". O
Senador Eduardo Suplicy, que também esteve na Avenida Paulista pedindo
paz, disse que "o povo brasileiro esta manifestando a sua indignação
diante dos atos cada vez mais ameaçadores do presidente Bush".
Estas manifestações reforçam a agenda continental de luta contra a
implantação da ALCA – Área de Livre Comércio das Américas, contra a
Dívida Externa e a estratégia de Militarização do governo norte-
americano. O "porque" da guerra preparada pelos EUA não se encontra numa
eventual existência de armas no Iraque, nem na luta contra o terrorismo.
O "porque" atende pelo nome de Petróleo. Os Estados Unidos, de acordo com
especialistas da área, em 2020 precisarão importar 75% do Petróleo que
consomem. Por isso buscam estabelecer controle sobre os países onde haja
grandes reservas do produto. Foi essa a razão da guerra contra o
Afeganistão (naquela região da Ásia Central está uma das maiores reservas
de petróleo e gás do planeta). É a razão do apoio dado ao governo
fascista de Israel em sua agressão permanente contra o povo palestino.
Esse é o motivo do apoio do governo dos EUA aos golpistas na Venezuela
(país que "flutua sobre petróleo" dizem os especialistas). O Iraque detém
a segunda maior reserva de Petróleo do mundo. Precisa ser "controlado"
pelas multinacionais petroleiras norte-americanas.
A guerra também serve para tentar alavancar a combalida economia dos
Estados Unidos. Primeiro porque aumenta os ganhos das multinacionais do
Petróleo, que lucram com o aumento do preço do produto que ocorre pela
iminência da guerra . Segundo porque aumentam os ganhos dos fabricantes
de armas e equipamentos militares.
Aqui na América Latina, a ofensiva do império, a rapina dos nossos
recursos, atende pelos nomes de ALCA e Dívida Externa. Pode parecer menos
agressiva, mas é tão mortal quanto. Morrem, só no Brasil, cerca de 80 mil
crianças de fome todos os anos e a miséria atinge quase um terço da
população (cerca de 54 milhões de pessoas). Enquanto isso mandamos mais
de 100 bilhões de dólares por ano aos bancos internacionais para
pagamento de juros da dívida. Com a ALCA querem muito mais que vender
aqui os produtos das multinacionais deles. Querem controlar a produção de
alimentos, mais liberdade para especulação financeira, privatizar os
serviços públicos, tomar conta da Amazônia... E querem o controle do
Centro de Lançamentos de Alcântara para instalar lá uma Base Militar dos
Estados Unidos que, junto com o "Plano Colômbia" e outras bases que eles
têm na região, serviriam para aumentar a pressão sobre nossos povos para
impor os interesses das multinacionais dos EUA.
O importante neste momento é continuar nossa luta comum por uma nova
ordem internacional reforçando a necessidade de um outro mundo possível,
necessário e urgente.
Luiz Bassegio
Secretaria do Grito dos Excluídos Continental
- Por Trabalho, Justiça e Vida
Secretaria do Grito dos Excluídos Continental
- Por Trabalho, Justiça e Vida
https://www.alainet.org/pt/articulo/106963?language=es
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