Tabaré Vazquez, sucessor de Mujica, e Joaquim Levy:

Frente antiMercosul?

10/06/2015
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Foto: Roberto Stuckert Filho/PR Tabare Vazquez
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A estratégia conservadora contra o Mercosul se revelou nos dias prévios à Cúpula das Américas, em abril, no Panamá – e o fez sem nenhum pudor.

 

Foi quando a Câmara de Comércio Brasil Estados Unidos defendeu a recriação da Área de Livre Comércio para as Américas (Alca), tese apoiada por economistas ligados ao PSDB.

 

Dias depois, essa mesma entidade realizou um evento em Nova York em homenagem a FHC e Bill Clinton, no qual houve críticas à política externa de Lula e Dilma Rousseff, e também ao Mercosul.

 

Por sua parte, o semanário ultraliberal britânico The Economist lançou artigos recentes reiterando suas críticas ao Mercosul, por sua postura “protecionista”, em sintonia com o ponto de vista da CNN ao comentar a visita de Dilma ao México, em maio.

 

Não há dúvidas de que se trata de uma ofensiva para reverter o processo de integração regional que avança em várias frentes.

 

Um dos soldados dessa contraofensiva liberal é o ministro de Fazenda brasileiro, Joaquim Levy, que buscar levar o Brasil a ingressar formalmente à OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), grupo que reúne alguns dos países mais ricos do mundo.

 

Ex-funcionário do FMI, Levy alega que a participação brasileira na entidade favorecerá sua imagem perante as agências de risco, mas oculta o fato de que isso significaria ter que aceitar as pautas neoliberais da organização em matéria de investimentos e direitos de propriedade intelectual.

 

A propriedade intelectual é um dos temas que mais interessa aos representantes da União Europeia que negociam uma área de libre comércio com o Mercosul.

 

Através de um fortíssimo lobby empresarial, apoiado pela imprensa privada, se está trabalhando no Brasil para que o país adote uma posição mais agressiva a favor do acordo com a União Europeia – por exemplo, que o faça deixando de lado a “protecionista” Argentina.

 

O acordo com o Mercosul parece ser uma tábua de salvação para uma União Europeia em crise devido ao seu estancamento endêmico e aos programas de austeridade que alimentam uma crise de legitimidade observada na Grécia e na Espanha, e de forma crescente na Itália.

 

Quem trabalha claramente a favor do livre comércio com os europeus é o presidente uruguaio Tabaré Vázquez, sempre crítico do Mercosul.

 

Vázquez, que há duas semanas atrás foi recebido pela presidenta Dilma em Brasília, propõe uma fratura virtual do Mercosul, com Brasil e Uruguai assinando um acordo inicial com os europeus, e Argentina e Venezuela sendo incluídas posteriormente. Esta é exatamente a mesma proposta que as empresas do Velho Continente apresentaram.

 

Quando assumiu seu segundo mandato, em março, Vázquez retomou a posição que tinha em sua primeira gestão: a de ser o membro do Mercosul mais sintonizado com os Estados Unidos e a União Europeia.

 

- @DarioPignotti

 

09/06/2015

http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Internacional/Tabare-Vazquez-sucessor-de-Mujica-e-Joaquim-Levy-frente-anti-Mercosul-/6/33689

https://www.alainet.org/pt/articulo/170297?language=en
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