Terrorismo eleitoral
14/01/2014
- Opinión
As vésperas das reuniões do COPOM – Comitê de Política Econômica e Monetária – servem como senha para se medir a correlação de forças entre o governo e o rentismo. A atual conjuntura pré-eleitoral revela, por exemplo, que ante os fortes ataques especulativos, o governo se obriga a atuar com pragmatismo, sinalizando ao “Deus-mercado” juros mais altos para comprar tranquilidade no clima eleitoral que se avizinha.
É sintomático que, nos últimos meses, a cada véspera de uma reunião do COPOM, não mais se especule se haverá elevação ou queda dos juros; mas sim se eles aumentarão 0,25%, ou 0,50%, ou ainda mais.
Em seu pronunciamento de fim de ano na televisão, a Presidenta Dilma denunciou o que considera uma “guerra psicológica” promovida por setores que artificializam um ambiente de caos econômico no país. Não faltam profecias catastróficas, como o rebaixamento da classificação do Brasil no ranking de investimentos; e sobram chantagens, como a fuga de capitais e desinvestimentos em áreas vitais.
Os meios de comunicação inundam o noticiário com essa delinquência da oposição interna e dos seus congêneres internacionais - as agências de rating - tentando tornar verossímil no debate público a sensação de “tragédia econômica”. Objetivam emoldurar a discussão programática a partir dos parâmetros da orgia financeira.
Apesar de não nutrir ilusões quanto às - até agora - remotas chances eleitorais, a oposição testa diferentes movimentos táticos para comprometer a tendência de reeleição da Presidenta Dilma no primeiro turno. A “guerra psicológica” – em verdade o terrorismo econômico [analisado no artigo na Carta Maior “A sina da oposição: sobrevivência e terrorismo”] – é a tática mais renitente, empregada com perseverança nos últimos meses.
O insucesso na tentativa de barrar a reeleição de Dilma não significa, obviamente, o fracasso da empreitada fundamental deles. Com suas chantagens e o apoio da mídia monopólica, o rentismo tem sido eficiente [1] em salvaguardar seus interesses: vide aumento dos juros e a obsessão do governo com o superávit primário para acalmar a extorsão por nacos maiores da renda pública nacional; e [2] na construção do discurso sobre a necessidade de mudar a equipe, a política e o modelo econômico de um eventual novo governo Dilma.
O debate não é sério; escapa da racionalidade econômica e renega a mais comezinha honestidade teórica. Empregando argumentos mágicos e pueris, a oposição e seus colunistas conservadores, ocupando espaços privilegiados nos jornais, rádios e tevês, propagam fantasias que são sólidas como a consistência dum pudim, e que são profundas como uma colher de sopa.
Apesar desse não ser um debate sério e aceitável do ponto de vista democrático e popular, esse é, entretanto, o debate estratégico em andamento. Porque traduz a real disputa que está em jogo. A direita quer, a todo custo, sequestrar de volta o Brasil para torná-lo a sua Casa Grande.
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