Seminário denuncia exploração de migrantes e propõe a busca de uma nova teoria para a emancipação dos trabalhadores

28/01/2005
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“A solidariedade aos migrantes é necessária, mas não se deve abdicar da luta. Ela só pode ter êxito se for combinada com a meta de libertação, que vai além do trabalho abstrato, além da mercadoria. Para isso, os obstáculos ideológicos têm de ser superados”, afirmou o historiador alemão Robert Kurz, hoje,(27/01) no seminário “Travessias na De$ordem Global”, realizado no espaço B do Fórum Social Mundial. Kurz apresentou uma síntese de suas idéias sobre o atual estágio da crise do capitalismo, afirmando que o mundo não é uma mercadoria e é preciso realizar estudos teóricos e rever o antigo conceito de emancipação do sujeito da produção da mercadoria. Para ele, este conceito de emancipação foi o paradigma com o qual se determinou como seria o socialismo. Hoje já não vale mais. Segundo Kurz, as idéias da esquerda sobre emancipação estão obsoletas e que é necessário o debate teórico e criar uma tensão entre atender as necessidades imediatas do trabalhador imigrante e fixar novas metas de superação. A esquerda está dividida entre nostálgicos e pragmáticos, entretanto, é preciso buscar uma saída teórica condizente com o atual estágio do capitalismo, fato para o qual a esquerda não tem reagido à altura. O seminário teve a participação também de Mónica Santana, imigrante nos Estados Unidos, discorreu a respeito da exploração do migrante e as dificuldades do indocumentado, que se vêm refém de um sistema onde muitos ganham com o tráfico de humano, intimidação e discriminação. Mónica descreveu a superexploração do imigrante, que tem jornada diária de 12 horas, e semanal de seis a sete dias e recebe meio salário mínimo. Enquanto as regras de trabalho naquele país estabelecem jornada de 40 horas, e as excedentes são trabalho extra, o migrante tem dificultada sua participação a qualquer tipo de organização e sindicalização, o que o torna refém desse mercado de trabalho. Outra denúncia apresentada por Mônica, na descrição da exploração do trabalhador migrante, é a falta de assistência médica gratuita, que está condicionada à sindicalização, a falta de segurança e as condições insalubres a que o trabalhador é exposto. Segundo dados apresentados pela palestrante há indícios de um déficit de trabalhadores em alguns setores produtivos nos EUA, e fez uma projeção que dentro de uma década o país terá apenas 5% de pessoas para assumir os postos de trabalho deixados pelo aposentados, e já começaram a importar mão-de-obra, como por exemplo, no setor da saúde, onde há um número considerável de profissionais vindos da Índia. * Luciane Udovic e Luiz Bassegio Minga Informativa / Grito dos Excluidos
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