Mídia agora posa de vítima
13/02/2014
- Opinión
Os barões da mídia têm muita flexibilidade tática. Eles são hábeis e rápidos. No início da “jornada de junho”, no ano passado, a mídia exigiu dura repressão contra os “vândalos” em luta pela redução da tarifa do transporte – no que foi prontamente atendida pelo tucano Geraldo Alckmin. Na sequência, diante da ampliação do movimento e da ausência de pautas bem definidas, ela tentou pegar carona nos protestos, impondo a sua agenda oposicionista. A expressão mais grotesca desta manobra se deu com Arnaldo Jabor. À noite, na TV Globo, ele disse que os jovens “não valem nem 20 centavos” e merecem porrada! Depois, na rádio CBN, do mesmo grupo, afirmou que os protestos eram “lindos”, mas orientou que eles deveriam ter eixo – contra o governo Dilma! Agora, diante da trágica morte do cinegrafista Santiago Andrade, da Band, a velha mídia usa a mesma tática marota!
Há várias semanas, os colunistas de aluguel dos telejornais, rádios, jornalões e revistonas pregam a volta das manifestações de rua. Nunca se viu tantos “revolucionários” por metro quadrado nas redações. Em editoriais, alguns jornais – como o Estadão – até aderiram ao movimento do “não vai ter Copa”. O noticiário diário é sempre negativo e joga na escandalização da política. Mesmo sabendo que muitos destes protestos de rua são acéfalos, sem direção ou bandeiras concretas, a mídia oposicionista faz alarde, dá roteiros, aposta na radicalização e prega o ódio aos partidos e aos movimentos sociais tradicionais. Num destes protestos, porém, um cinegrafista é morto barbaramente e covardemente! Os barões da mídia nem sequer fazem autocrítica da sua postura irresponsável. Tentam, novamente, tirar proveito do episódio, explorando um cadáver!
Os editoriais de todos os jornais desta terça-feira (11) afirmam que a maior vítima desta tragédia foi a “liberdade de imprensa” e aproveitam para exigir maior repressão às manifestações de rua. A TV Globo, que estava tão excitada com os protestos “espontâneos”, usa preciosos minutos da concessão pública para exigir o endurecimento contra os manifestantes. Na segunda-feira, no Jornal Nacional, Willian Bonner, num tom grave e apocalíptico, afirmou que a morte do cinegrafista “foi uma atitude autoritária, porque atacou a liberdade de expressão; e foi uma atitude suicida, porque sem os jornalistas profissionais, a nação não tem como tomar conhecimento amplo das manifestações que promove”. Haja cinismo!
Diante da comoção criada na sociedade, governistas e oposicionistas, reféns crônicos da mídia, já falam até numa lei antiterror! A mesma mídia que criou o clima para os protestos “radicalizados” e sem direção, agora tenta tirar vantagem. Se o governo ceder, será tachado de autoritário. Se não retroceder na defesa da democracia, Dilma será acusada de leniente diante da violência dos “black blocs”. Os barões da mídia são realmente muito hábeis. Pena que alguns ativistas sociais sejam tão tacanhos e não percebem as manobras da direita nativa!
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