Papa Chico

13/03/2013
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Há uma sequência formidável de sinais na Igreja Católica nos últimos dias. A renúncia de Bento XVI, agora a eleição do primeiro Papa latino-americano, argentino, jesuíta. Para reforçar o emblema, escolhe o nome de Francisco.
 
O cardeal Bergoglio celebrou uma missa em um encontro promovido pelo Conselho Episcopal latino-americano  sobre a temática “Espiritualidades dos povos latino-americanos”, há uns dois ou três anos atrás., em Buenos Aires. Éramos umas 60 pessoas, de todo o continente.
 
A sua celebração chamava a atenção, sobretudo, pela situação frágil que demonstrava. Ao final perguntei a um amigo da Argentina, que é padre e climatologista, professor da Universidade Católica de Buenos Aires: ele parece falar com dificuldade?
 
O padre respondeu: ele só tem um pulmão.
 
A homilia que ele nos fez não tinha referência alguma com a temática do encontro, tanto é que não me recordo de nenhuma palavra que tenha dito.
 
Diz a mídia que ele vive simples, cozinha sua comida, anda em transporte público, lavou os pés dos aidéticos. Outros enfatizam sua posição conservadora em termos de sexualidade. Mas, aí, nenhuma surpresa.
 
Incômodas são as acusações de comunhão com a ditadura militar na Argentina. Nos encontros do CELAM é possível perceber, com exceções raras, um episcopado realmente distante do povo.  E os próprios argentinos confirmam que, exceto uma meia dúzia de bispos, essa é a realidade. Mas, o bispo que presidia nossa Comissão era um argentino, Monsenhor Lozano, de uma diocese argentina que está frente àquela papeleira que os uruguaios queriam construir e poluir o Rio da Prata. Lozano estava à frente da resistência. Portanto,  em qualquer igreja pode haver pessoas sensíveis à realidade do povo.
 
Em todo caso, a escolha do nome Francisco tem um sinal. É provável que busque um papado simples e simplificado. Entretanto, as boas intenções não resolvem sozinhas os problemas do Vaticano. Como será um homem simples em meio a uma máquina milenar, capaz de moer até um Bento XVI?
 
Vamos ficar com o que há de melhor nesse momento: vem de fora da Europa, faz sua comida, anda de ônibus e agora se chama Francisco. E Francisco quer dizer simplicidade, ternura, fraternidade, solidariedade com os pobres, irmanação com a natureza.
 
Para nós, aqui do Velho Chico, tudo que vem de Francisco inspira esse espírito.
 
Então, para começarmos, está de bom tamanho “Papa Chico”.
 
 
Roberto Malvezzi (Gogó)
https://www.alainet.org/es/node/74504
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