Destaques da agenda internacional
- Opinión
Sucessos e insucessos nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.
Apesar de alguns problemas, os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro vão muito bem, obrigado. Christophe Dubi, dirigente do Comitê Olímpico Internacional, elogiou a organização do evento. Além disto, o judô brasileiro, que sempre teve prestígio, conquistou respeito internacional, e não só pelo número de medalhas conquistadas (3 das 6 ganhas até o momento). Rafaela Silva, nascida na Cidade de Deus, ao conquistar o ouro na sua modalidade, chamou a atenção para os programas sociais brasileiros - que têm ouro com louvor em matéria de combate à pobreza e à exclusão com prestígio no mundo inteiro, exceto junto à direita brasileira, que agora quer afoga-los em sua versão particular da “austeridade”: para os amigos, apaniguados, protegidos, protetores, deputados, senadores de voto comprável, sócios, mais ricos, tudo; para os pobres, os rigores da “austeridade”. Nas estrelas dos Jogos, destacam-se Usain Bolt, o homem mais rápido do mundo e da história, com o tricampeonato inédito nos 100m rasos, e Mike Phelps, o nadador multimedalhado (20). O Brasil tem pelo menos uma medalha de bronze assegurada no vôlei feminino de praia, pois duas das duplas semifinalistas são brasileiras. No futebol, pode haver duas finais Brasil x Alemanha, no masculino e no feminino, dependendo dos resultados desta semana, quando ocorrem as semi-finais. No feminino o Brasil enfrenta a Suécia, e no masculino, Honduras. A Alemanha joga contra a Nigéria e o Canadá, respectivamente.
Na lista dos insucessos, destacam-se a canhestra repressão contra protestos, barrada na Justiça, e o papelão de Galvão Bueno que, numa das provas de natação (vendida, aliás, por Phelps) atrapalhou a largada, anulando-a, com seus berros inconvenientes na hora da largada. Levou pito do colega da BBC.
Como o mandato da presidenta Dilma está por um fio, estes Jogos Olímpicos vêm sendo apresentados como o último ato dos governos petistas - usurpado por Michel Temer, num golpe que vem sendo descrito como medalha de ouro em hipocrisia.
Julian Assange
O drama de Assange estaria perto do fim? Depois de muito negaceio, os promotores suecos vão ouvir Julian Assange, há quatro anos e dois meses asilado na minúscula Embaixada do Equador em Londres. Em janeiro deste ano Suécia e Equador assinaram um acordo de cooperação em investigações criminais, que abriu o caminho para a atual decisão de interrogar Assange nas dependências da Embaixada. Depois deste passo, se a Suécia suspender o pedido de extradição, em tese o jornalista australiano poderia deixar a Embaixada em liberdade.
Alemanha
Corre vivo debate depois que o ministro do Interior, Thomas de Maizière, defendeu a adoçando de medidas severas contra muçulmanos e refugiados. Elas compreenderiam:
- Proibição do uso de burcas e niqabs em público (a niqab é a roupa negra que só deixa ver os olhos da usuária).
- Controle amplo sobre a presença de refugiados na mídia virtual. Na chegada, por exemplo, a polícia poderia exigir o acesso a seus contatos e ao Facebook e outros suportes de comunicação, inclusive celulares.
- Mais facilidade para os médicos romperem o sigilo quanto a dados e informações de seus pacientes.
- Maior número de policiais e de câmeras de tv em estações de transporte, aeroportos e locais de grande circulação.
- Mais rigor e controle para a obtenção de dupla nacionalidade.
Lideranças da Linke viram nestas medidas um esforço eleitoral para neutralizar o crescimento do AfD nas intenções de voto (há eleições regionais na Alemanha até o final do ano). O presidente Joachim Gauck declarou-se contrário à proibição de burcas e niqabs. Políticos da CDU se manifestaram favoráveis à proibição, a partir de agora, da entrada de muçulmanos no país. Enquanto isto, nos Estados Unidos, pelo menos um apoiador de Donald Trump declarou-se favorável à deportação de todos os muçulmanos.
Suíça
Nesta segunda-feira a polícia suíça anunciou a morte de uma das vítimas de ataque a facadas em trem, perto da fronteira de Lichtenstein. A vítima era uma mulher de 34 anos. O atacante, um jovem de 23 anos, cuja identidade não foi revelada, também morreu na segunda-feira. Ainda há duas vítimas internadas. Outras duas receberam alta. A polícia investiga as causas do atentado, em que o atacante, além de agredir as vítimas a facadas, ateou fogo no vagão em que se encontrava. A causa da sua morte não foi esclarecida. Até o momento a polícia não encontrou motivos para julgar o caso um ato de terrorismo. O atacante não tinha antecedentes criminais de qualquer espécie.
Estados Unidos
No sábado policiais mataram a tiros um jovem negro de 23 anos, sob a alegação de que ele estava armado e os ameaçava. A ocorrência provocou novo surto de violência, com incêndio de postos de gasolina, carros e outras dependências.
Iraque e Síria
Forças curdas anunciaram a retomada de 11 aldeias ocupadas pelo Estado Islâmico no norte do Iraque e agora preparam-se para uma ofensiva sobre a cidade de Mosul, que é a capital de facto do Isis no país, Antes de ser tomada pelo E. I. a cidade tinha 2 milhões de habitantes. Sua retomada pelo Exército curdo, conhecido como Peshmerga, seria um duro revés para o E. I., podendo marcar o começo da sua derrota definitiva no Iraque. Na Síria um ataque suicida contra grupos rebeldes na cidade de Idlib, perto da fronteira turca, matou 25 pessoas e feriu dezenas. Muitas destas estão sendo tratadas em hospitais turcos. N∫ao ficou clara, ainda, a procedência do ataque. Somente neste fim de semana 180 civis morreram no país, em consequência da guerra. Em Manbij, no norte do país, forças curdas anunciaram a retomada da cidade e a libertação de 2000 civis que vinham sendo mantidos como reféns pelos militantes do E. I.
Etiópia
A ONU mostrou-se disposta a enviar observadores internacionais para avaliar a situação na Etiópia, onde confrontos de natureza étnica, também envolvendo policiais, causaram a morte de 400 pessoas desde novembro, 100 somente no último fim de semana. O governo etíope não aceitou o envio destes observadores, dizendo ser o único responsável pela segurança de sua população. Além disto, bloqueou o acesso à internet. Os protestos opõem a minoria Tigrayan (em inglês), que controla o governo, e a maioria Oromo e Amárica. Segundo a agência Reuters, a maioria das mortes foi causada pela repressão policial.
Créditos da foto: Cancilleria de Equador
- Flavio Aguiar, de Berlim.
16/08/2016
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