Movimentos entregam manifestos pró-democracia ao Senado e STF
- Opinión
Representantes da Frente Brasil Popular e da Frente Povo Sem Medo entregaram ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) e ao Supremo Tribunal Federal, nesta terça-feira (26), mais de 300 manifestos de entidades e movimentos populares e sindicais que se posicionam contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, considerado golpe ao Estado Democrático de Direito.
Os movimentos também se reuniram com a presidenta na segunda-feira (25). Em ambos os encontros, os movimentos que compõe as duas entidades manifestaram sua contraposição ao processo de impeachment, prometendo resistência e mobilização nas ruas.
“O recado, muito claro, dado foi: 'não à quebra do Estado Democrático de Direito'. Nós entendemos que não há crime de responsabilidade configurado. Tanto é que os deputados votaram pela família, por Deus, por tudo, mas não tocaram no objeto do processo. Nenhuma das duas frentes aceitará o golpe. Se houver, ocorrerá uma paralisação geral no país e nos manteremos nas ruas. Temer não vai ter sossego! Ele não vai governar!”, afirmou Alexandre Conceição, dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
As frentes esperam que as votações no Senado sejam menos atabalhoadas do que na Câmara. O encontro com Calheiros, segundo Conceição, foi proveitoso. “Na Câmara, foi um circo armado coordenado por um réu, Eduardo Cunha. Aquilo envergonhou o Brasil perante do mundo. Ele [Calheiros], como um articulador político, recebeu bem a nossa mensagem, e disse que vai fazer, dentro do Senado, uma votação onde todos tenham espaço, assegurando a ampla defesa, fazendo de tudo para que não se quebre a democracia”, completou.
A mesma posição foi levada ao presidente do STF, Ricardo Lewandowski, que a recebeu com “tranquilidade”. “A responsabilidade por qualquer golpe, como guardiões da justiça e da Constituição, também é do STF. [Lewandowski] garantiu que, dentro das prerrogativas do seu trabalho, vai fazer todos procedimentos dentro da normalidade”, afirmou Conceição. No encontro, também foi pedido que o processo que julga o afastamento do presidente da Câmara seja acelerado: “Cunha não pode representar mais aquela Casa. Está desmoralizando o país e a política nacional”.
Presidência
No encontro com a presidenta, as frentes pediram que ela não renuncie e resista ao processo de impeachment até o final. De acordo com Conceição, Dilma se mostrou firme em relação a essa questão. Além disso, Rousseff teria se comprometido a tomar medidas que retomem a atividade econômica e atendam os interesses da sociedade, bem como retomar discussões sobre uma reforma política.
São Paulo
Em uma plenária realizada na quadra do Sindicato dos Bancários, no centro da capital paulista, cerca de mil pessoas de diversas entidades que integram a FBP-SP definiram um calendário estadual de atividades contra o impeachment. O encontro ocorreu na noite da segunda-feira (25).
Após uma balanço da situação política feito por Sara de Roure, da Marcha Mundial das Mulheres, por Orlando Silva (PC do B) e por Emídio de Souza (PT), os presentes definiram as ações que serão realizadas a partir desta quinta-feira (28).
“Nossa avaliação é de que o dia 17 foi [apenas] uma etapa: nós ainda estamos em luta, o jogo não terminou. Continuaremos intensificando as mobilizações para impedir o golpe. A plenária teve como objetivo reunir a militância da Frente Brasil Popular no Estado de São Paulo e aprovar um calendário de luta e resistência nos próximos dias”, afirmou Raimundo Bonfim, coordenador da Central de Movimentos Populares (CMP), que integra a Frente Brasil Popular.
Calendário
Nas semanas que antecederão a votação no Senado, segundo Bonfim, as atividades serão intensificadas: “Vamos aumentar as atividades nos bairros, na periferia”.
As atividades devem ocorrer em diversos municípios paulistas. “Já existem 14 iniciativas regionais da Frente Brasil Popular espalhadas pelo estado de São Paulo. Foi estimulado que essas articulações locais façam atividades de panfletagem, de agito nas praças”, explica Bonfim.
Além destas ações, dois dias de manifestação estão previstos. No Dia do Trabalhador são esperadas grandes manifestações por todo o país. Em São Paulo, ela ocorrerá no Vale do Anhangabaú. Bonfim diz que as centrais sindicais devem anunciar um dia de paralisação, no qual a Frente deve se engajar.
As frentes surgiram em 2015 como articulações de entidades e congregam, cada uma, movimentos populares, centrais sindicais e organizações estudantis e de juventude.
27 de Abril de 2016
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