Réus e investigados atentam contra a democracia
- Opinión
O placar da comissão de impeachment da Câmara dos Deputados, com 38 votos a favor do golpe e 27 a favor da democracia, era o esperado neste teatro de exceção.
O relatório aprovado pela maioria golpista da comissão é uma peça de ficção. Não apresenta um único fato determinado, não arrola nenhum crime de responsabilidade da Presidente Dilma que possa amparar seu afastamento, como determina a Constituição brasileira.
Uma Presidente inocente foi julgada na primeira etapa deste julgamento de exceção por um colegiado ilegítimo e imoral, composto por parlamentares que são investigados ou respondem criminalmente no Supremo Tribunal Federal.
Dos 38 parlamentares que votaram pelo golpe, 16 deles respondem no STF – 42% deles – por um cardápio diversificado de crimes: eleitorais, improbidade, lavagem de dinheiro, corrupção passiva, formação de quadrilha, peculato, apropriação indébita previdenciária, corrupção ativa e passiva, crimes contra o sistema financeiro nacional, incentivo à invasão de terra indígena, incitação ao crime, formação de quadrilha, contratação de pastores da própria igreja para o gabinete, desvio de recursos do BNDES e venda de cartas sindicais [não estão aqui considerados os processos em outras instâncias e esferas da Justiça].
O relator do parecer de exceção, Deputado Jovair Arantes, que leu a peça de ficção preparada pela equipe do Eduardo Cunha com supervisão do próprio, “responde ao inquérito 3609 por concussão” [propina] – um deboche.
O impeachment, a partir de agora, entra na fase de discussão e deliberação no plenário da Câmara dos Deputados, que é presidido – suprema ironia – pelo multi-réu Eduardo Cunha: contas secretas na Suíça abastecidas com dinheiro da corrupção na Petrobrás, 52 milhões de reais de propina já identificados, crimes contra a Lei de Licitações, crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva nos inquéritos 3983, 4123 e 4146.
Os golpistas chegaram ao limite das suas possibilidades; atingiram o clímax da excitação golpista. Eles não conseguirão ir além disso, além deste escárnio contra a democracia na comissão do impeachment, porque não terão os 342 votos no plenário da Câmara dos Deputados.
A guerra contra o golpe será vencida nas ruas.
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